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No ano passado, mais precisamente em 23 de julho, publicava uma das minhas primeiras matérias aqui no MO|TONLINE, e esta era sobre a terceira edição do Encontro Moto e Cia Classic que havia ocorrido no dia 16.

Lembro bem que uma das reações de nosso editor, Geraldo Tite Simões, foi em me cobrar a grande quantidade de imagens e pouco texto. Na ocasião tentei justificar que o antigomobilismo é muito mais contemplativo que dissertativo … e agora sei que novamente serei cobrado. Diferente da profusão de dados que um teste ou um comparativo gera, tenho que as clássicas alem de fazer o seu papel histórico, é um exercício de transporte às nossas raízes, fazendo o encontro visual com as lembranças que povoam nossa mente.

Em outra matéria ainda, falei sobre o colecionador, que antes de se especializar em algum segmento, acabava se tornando um colecionador de amigos antes de tudo.

Linhas de pensamento colocadas imaginem que, dentro das 5 horas que lá fiquei, passei umas 4 apenas revendo e conversando com meus bons e velhos amigos … só por isso, poderia findar este transpirando a satisfação que foi, mas acho que vocês querem um pouco mais que isso … e falar também que quem não foi perdeu é uma bobagem, pois seria apenas a constatação do obvio !

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Este ano, em particular, representei o MOTONLINE na qualidade de expositor, com direito a voto para a melhor motocicleta, que realmente foi uma tarefa estressante; pois em cada moto temos uma história, em cada moto um sacrifício, e em cada moto uma alegria. Pensando assim, vou me privar das frias considerações técnicas, e tentar resgatar esses valores, aliados a minha história de vida.

Meu primeiro destaque vai para o Sr. Jayme Szyflinger que brindou o evento com uma raríssima DKW Auto Union Militar com side car, modelo SB350 de 1938. Uma peça que fora todo o levantamento possível dentro dos padrões de um concurso, esconde uma história única, que lhe confere um valor incalculável.

O Sr. Jayme é o quarto dono, sendo que o primeiro foi o exercito alemão, o segundo foi o exercito inglês, o terceiro foi o Sr. Leyzor, que se alistou no exercito inglês aqui mesmo do Brasil por volta de 1943, onde já se encontrava fugido da perseguição alemã, e que no final da guerra foi agraciado com a moto pelo reconhecimento do comando inglês, a qual usou na procura de seus pais e parentes perseguidos na Alemanha, tanto nas cidades quanto nos campos de concentração. Retornando ao Brasil, trouxe na bagagem essa moto, que hoje é mantida pelo seu filho Jayme, que tem a mesma como pano de fundo de toda a sua vida !

O segundo destaque fica para a Família Ambrósio que alem de um Chevrolet 1946 impecável, tem em sua garagem uma fatia significativa da história da LAMBRETTA. Restaurando com critérios e pesquisando a fundo a história dessas pequenas notáveis, eles este ano nos brindaram com uma imaculada GRAZIELA e com um show de determinação e criatividade. Digo isso, pois na pesquisa dos mesmos, eles chegaram a um modelo de carreta de rodagem única, a PAV feita na Tchecoslováquia nos anos 50 e distribuída na Europa, impossível de se encontrar, ou ainda economicamente inviável de se importar, e acabaram reproduzindo artesanalmente com partes e peças doadas de Lambrettas sucateadas, criando assim uma forma de preservar uma idéia da época. A carretinha rebocada por uma Lambretta 1962 série Brasil ficou muito interessante, alem de chamar muita a atenção de quem esteve no Pateo.

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Meu terceiro e ultimo destaque, porem não menos importante, fica sobre a “faixa azul” que fatalmente teria dado para a inglesa TRIUMPH 1926 modelo P, que havia apenas visto em desenhos e fotos referenciada por alguns amigos … o farol de carbureto é um charme!

Daqui para frente eu passeio em minhas lembranças sem distinção e sem querer desmerecer os demais participantes do evento :

GILERA SATURNO 500 de 1945 ARIEL NH de 1951 MATCHLESS de 1951

MOTOGUZZI AIRONE 250 de 1956 JAWA LEONETTE de 1962

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HONDA CB450 de 1967 HONDA 350CL SCRAMBLER de 1968

YAMAHA 350 de 1968 HONDA CB125S de 1975

YAMAHA XT500 de 1979 ALGUMAS MONDIAL DE PISTA

e as saudosas TZ de PISTA

O interessante ainda é que do lado de fora da área de exposição também tínhamos algumas peças significativas, como são os casos dessa Yamaha TT e da Honda SABRE V45 :

YAMAHA TT 125 HONDA SABRE

Fecho esta, parabenizando a todos os expositores pelo show ofertado, todos os visitantes (que esse ano realmente foram muitos); agradecendo ainda a organização do evento pela qualidade; e lembrando que já estou me preparando para o próximo ano …

” Antes de DESTRUIR, PRESERVE ”

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.