LĂĄ vamos nĂłs novamente escrever um teste de mais um novo modelo da famĂlia Honda CG. Desta vez Ă© a mais bĂĄsica de todas as CGs que a Honda tem disponĂvel na sua linha, a CG 125i Fan. Olhe para ela na foto e procure semelhanças com aquela moto apresentada ao mercado brasileiro em 1976, a CG 125 que ficou conhecida como “CG Bolinha”. Certamente vocĂȘ vai encontrar poucas, mas muito importantes semelhanças entre estas duas motos separadas por 40 anos de desenvolvimento e tecnologia.
Se vocĂȘ procurar bem ainda encontra algumas destas CG Bolinha circulando por aĂ. Dificilmente estarĂĄ original, mas ainda circula e mantĂ©m as mesmas caracterĂsticas bĂĄsicas que sempre acompanharam a famĂlia CG, com economia de combustĂvel, resistĂȘncia e durabilidade. E foi isso que a colocou como um verdadeiro case da indĂșstria mundial, tornando-a um dos veĂculos automotores mais vendidos em todo o mundo.
Sim, a Honda CG Ă© um best-seller global em toda a histĂłria da indĂșstria (de carros e de motos). SĂł no Brasil, desde 1976, sĂŁo quase 7 milhĂ”es de CG 125, sem contar a CG 150 (agora 160) que começou a ser fabricada em 2004 e jĂĄ soma mais de 4,8 milhĂ”es de motos. Perceba que estamos falando apenas do Brasil, mas a linha CG 125 tambĂ©m Ă© vendida noutros paĂses da Ăsia. Mas, afinal, o que hĂĄ ainda para ser avaliado numa moto com essas caracterĂsticas?
Na CG 125i Fan pouca coisa mudou. A principal delas Ă© a adoção do sistema de injeção eletrĂŽnica de combustĂvel (apenas gasolina) e o painel agora totalmente digital. Ela Ă© a porta de entrada da famĂlia e como tal, nĂŁo traz nenhum item de “luxo”. A partida Ă© no pedal, os freios sĂŁo a tambor, as pedaleiras do garupa estĂŁo presas na balança da suspensĂŁo traseira e o novo painel traz apenas o velocĂmetro e o marcador de combustĂvel, alĂ©m das luzes espia de neutro, pisca, luz alta e do sistema de injeção eletrĂŽnica. Nas rodas, chamam a atenção os pneus Levorin, uma clara medida da Honda para conter custos. Realmente, uma moto “pelada”.
Algumas pequenas diferenças de equipamentos e funcionalidades entre ambas sĂŁo percebidas. A moto de 1976 tinha o conta-giros, numa bela peça redonda que fazia par com o velocĂmetro, mas nĂŁo tinha regulagem na prĂ©-carga das molas, item presente na moto atual. O motor era basicamente o mesmo – um cilindro, quatro tempos, refrigerado a ar e que desenvolvia 11 cv de potĂȘncia a 9.000 rpm –  ficando a maior diferença para o comando de vĂĄlvulas por varetas que ficava no eixo principal do motor e nĂŁo no cabeçote. Outra diferença importante era o cĂąmbio, que tinha quatro marchas com os engates todos para baixo e o desempenho na Ă©poca era semelhante ao da moto atual, com velocidade mĂĄxima prĂłxima de 100 km/h e consumo de combustĂvel entre 40 e 50 km/litro. Ă bom destacar que naquele momento a gasolina era muito mais pura e proporcionava muito melhor desempenho aos motores.
De resto ambas mantĂ©m suas melhores caracterĂsticas, mas separadas por 40 anos de evolução, tanto dos materiais utilizados quanto nos processos de produção. Muita resistĂȘncia, durabilidade e economia de combustĂvel. A nova CG 125i fez a excelente mĂ©dia de 42,7 km/litro de gasolina com piloto e mochila nas costas somando quase 100 kg e em ritmo de trabalho intenso em vias rĂĄpidas e trĂąnsito pesado em SĂŁo Paulo. A melhor marca foi no uso urbano, quando ela fez 45,12 km/litro e a pior ficou para um trecho de estrada com acelerador quase todo aberto durante muito tempo para manter os 100 km/h de velocidade (no velocĂmetro), quando ela fez “meros” 39,8 km/litro.
Com preço sugerido de R$6.790,00 e disponĂvel apenas nas cores preta e vermelha, a CG 125i chega aos 40 anos com o desafio de continuar levando a boa fama da famĂlia adiante. Como uma moça de boa famĂlia, essa missĂŁo ela tem todas as condiçÔes para cumprir. Veja a seguir um pouco dessa rica histĂłria.
1976 – CGÂ 125 “Bolinha”
Conhecida como CG Bolinha, os folhetos promocionais da nova moto falavam em uma economia de atĂ© 57 km/litro de gasolina. O garoto-propaganda era o Rei PelĂ©, reconhecido como Ădolo nacional e sinĂŽnimo de robustez e agilidade. A CG Bolinha, tambĂ©m se caracterizou pelo custo-benefĂcio, pois custava a metade do preço do carro nacional mais barato da Ă©poca.
1978 – CG 125 Ecco
Com um sistema de economia de combustĂvel que ajudava na diminuição de emissĂŁo de poluentes quando comparado com a concorrente Yamaha que tinha motor 2 tempos, a CG Ecco ganhou o cĂąmbio de 4 marchas rotativo, para-lama, setas de direção, retrovisores e alça da garupa cromados e nessa fase a famĂlia CG começava a ganhar a preferĂȘncia dos consumidores.
1981 – CG 125 Ălcool
Foi a primeira moto no mundo movida pelo etanol. Com o segundo choque do petrĂłleo, em 79, a prioridade era substituir a gasolina por um combustĂvel nacional e renovĂĄvel, o ĂĄlcool. Em fevereiro de 1981 a Honda produzia a primeira CG 125 Ă Ălcool. O preço de venda da motocicleta nĂŁo alterou, mas o consumo era cerca de 18% maior, compensando, devido ao baixo valor do litro do etanol. A moto tinha um sistema de alimentação (com bomba manual) de gasolina na partida a frio.
1983 â CG 125
Neste ano foi feita a tão esperada mudança, a inclusão da 5a marcha, que foi um marco na história da consagrada CG 125. Na linha 1983 ela recebia sua primeira reformulação de estilo. As linhas retas tomavam conta da CG, lanterna diferenciada, novos piscas, para-lamas traseiro na cor da moto e novos comandos no guidão. A balança traseira mais longa, guidão mais alto, pneus maiores e tanque de 12 litros conferiam ao piloto a impressão de estar em uma moto de maior porte.
1989 â CG 125 Cargo e Today
Focado no pĂșblico trabalhador, a Honda lançou a CG Cargo, modelo planejado para uso profissional/comercial. Sua grande novidade era o bagageiro cromado, que foi projetado para carregar uma carga maior e receber a instalação de baĂș, pois possuĂa banco de um sĂł lugar e bagageiro espaçoso. Seu quadro e roda traseira vieram reforçados, e a suspensĂŁo posterior com regulagem e balança 80 mm mais longa. Este modelo teve 74 alteraçÔes no chassi e o motor recebeu 70 alteraçÔes melhorando seu funcionamento e durabilidade, dentre elas o inovador CDI (Capacitor Discharge Ignition).
1994 â CG 125 Titan
Nesta Ă©poca, o consumidor pedia uma moto mais moderna, jĂĄ que estava quase a uma dĂ©cada sem grandes mudanças. Seus consumidores reivindicavam freio dianteiro a disco e conta-giros. Sucessora da Today, ela trouxe de volta as linhas arredondadas, principalmente no tanque de combustĂvel, melhorando o encaixe das pernas do piloto e a capacidade maior de 13 litros. Este modelo marcou o inĂcio da quarta geração da evolução da Linha CG.
2001â CG 125 Titan KS e Cargo
Esta moto passou por diversas alteraçÔes em seu design. O assento mais largo avançava sobre o tanque, guidão mais alto e melhor encaixe das pernas do piloto a tornaram uma motocicleta mais confortåvel e elegante. O farol arredondado voltou e a moto vinha com a tecnologia Tuff-up no pneu traseiro, retardando o esvaziamento do pneu em caso de furo. Na versão Cargo veio novo grafismo e a disponibilidade apenas na cor branca.
2003 â CG 125 Titan “5 MilhĂ”es”
A motocicleta seguia com grande procura devido à baixa desvalorização, facilidade de manutenção e durabilidade. Nesta versão, ela ganhou pintura exclusiva em cromo dourado e foi a motocicleta comemorativa representando as 5 milhÔes de motocicletas produzidas no Brasil.
2006 â CG 125Â KS/ES/ESD
O modelo ganhou um grande reforço na identidade visual, entre eles os grafismos, que ficaram mais evidentes, e o logotipo da marca, em destaque na motocicleta. Ela chegou em novas cores, como cinza metĂĄlico e azul, mantendo as tradicionais vermelha e preta. Agora ela vinhe em 3 versĂ”es: KS (partida a pedal e freios a tambor), ES (partida elĂ©trica e freios a tambor) e ESD (partida elĂ©trica, freio dianteiro a disco e suporte do pedal de apoio do garupa em alumĂnio fixado ao chassi). As vendas desse modelo ultrapassaram 200 mil unidades.
2008 â CG 125 Fan
A CG 125 Fan na versĂŁo 2008 chegou na tradicional cor preta e em nova cor cinza metĂĄlico. Os grafismos receberam novo visual e o conforto era uma das suas principais caracterĂsticas, pois o assento era em dois nĂveis, largo e macio, ajudava a reduzir a fadiga na pilotagem por longos perĂodos e dava maior comodidade ao piloto e ao garupa.
2014 – CG 125 Fan
Apesar de nĂŁo parecer, em 2014 todas a linha CG recebeu modificaçÔes estruturais importantes, pouco visĂveis, mas fundamentais. Um novo chassi foi construĂdo em chapa estampada e num nova liga de aço carbono mais resistente. Uma nova lanterna assemelhando-se a LED e tambem um noco conjunto Ăłptico dianteiro foram introduzidos. O grande resultado no todo foi a redução de peso em 4 kg, muito para uma moto desse porte. Por fim, um novo painel digital foi adotado em toda a linha.
FICHA TĂCNICA HONDA CG 125i FAN
 Motor……………………………………………….. | OHC, MonocilĂndrico 4 tempos, arrefecido a ar |
Capacidade cĂșbica……………………………… | 124,7 cmÂł |
DiĂąmetro X curso………………………………… | 52,4 x 57,84 mm |
Taxa de compressĂŁo…………………………… | 9,2 : 1 |
Sistema de partida……………………………… | Pedal |
Bateria……………………………………………… | 12V – 4Ah |
Tipo de combustĂvel……………………………. | Gasolina |
Capacidade do tanque de combustĂvel…… | 14,6 litros |
Alimentação……………………………………….. | Injeção EletrĂŽnica PGM FI |
Torque mĂĄximo…………………………………… | 1,06 kgf.m a 5000 rpm |
PotĂȘncia mĂĄxima………………………………… | 11,8 cv a 8.500 rpm |
Sistema de ignição……………………………… | EletrĂŽnica |
Consumo mĂ©dio………………………………….. | 42,7 km/litro |
TransmissĂŁo secundĂĄria………………………. | Corrente |
Embreagem………………………………………… | Multidisco em banho de Ăłleo |
CĂąmbio………………………………………………. | 5 velocidades |
Tipo de chassi…………………………………….. | Diamond |
Pneu dianteiro…………………………………….. | 80/100 – 18M/C 47P |
Pneu traseiro………………………………………. | 90/90 – 18M/C REINF 57P |
Freio dianteiro……………………………………. | A tambor / 130 mm |
Freio traseiro……………………………………… | A tambor / 130 mm |
Comprimento total……………………………… | 1.980 mm |
Largura total………………………………………. | 737 mm |
Altura total…………………………………………. | 1.070 mm |
Altura do assento………………………………… | 782 mm |
Altura mĂnima do solo………………………….. | 164 mm |
Peso seco…………………………………………… | 107 kg |
DistĂąncia entre eixos…………………………… | 1.308 mm |
SuspensĂŁo dianteira……………………………. | Garfo telescĂłpico / 115-102 mm |
SuspensĂŁo traseira……………………………… | Convencional, dois amortecedores / 64-82Â mm |