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Com mais de um ano de atraso para chegar nas lojas, o novo scooter pequeno da Dafra – Fiddle III – finalmente está disponível ao mercado brasileiro. O novo modelo, apresentado no Salão Duas Rodas de 2015, é mais um produto fabricado pela Taiwanesa Sym e montado pela Dafra em sua fábrica de Manaus (AM). E por isso mesmo a expectativa quanto à sua capacidade de preencher o espaço deixado pelo Honda Lead era grande, mas se mostra frustrada.dafra-fiddle-iii-estudio-14

O Fiddle III junta-se à street Next 250 e a outros dois scooter, o Citycom 300i e Maxsym 400i, todos frutos da parceria que a Dafra mantém com a Sym (SanYang Motor) e que se configurou em um bom caminho para a Dafra manter-se competitiva no mercado brasileiro com produtos mais adequados e de melhor qualidade do que as primeiras motos que a Dafra trouxe para montar por aqui.

A informação quando da apresentação do Fiddle III era que o scooter chegaria para ser o primeiro degrau da linha de scooter Dafra e, segundo reiteradas afirmações de seu presidente, Creso Franco, a Dafra sempre manifestou seu desejo de tornar-se uma empresa notadamente montadora de scooter no Brasil, segmento que o executivo acredita ser o que tem o maior potencial de crescimento no nosso País. Creso Franco acertou na previsão sobre o mercado quanto ao crescimento do segmento de scooter, mas desta vez, ao contrário dos outros produtos da Sym, parece ter errado no produto, ao menos momentaneamente.

Estilo retrô e preço salgado

Estilo retrô e preço salgado

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Para ser o primeiro degrau, o Fiddle III teria que custar pelo menos R$2.000,00 a menos do que custa hoje – R$ 10.790,00 segundo a tabela Fipe. Além disso, o desenho do scooter limita seu alcance aos que gostam do estilo retrô, inspirado nos anos 1960 e a mecânica não é assim tão moderna, pois o pequeno scooter já deveria ter adotado o sistema de alimentação por injeção eletrônica, entre outras pequenas “modernidades” muito comuns hoje e que os consumidores brasileiros realmente desejam.cores_fiddleiii

Contudo, mesmo se não considerarmos o aspecto do design e da tecnologia, o que empurra o Fiddle III à incipiência (vendas muito pequenas e inexpressivas) é que seu principal concorrente – Yamaha Neo – também chegou ao mercado há poucos meses, também tem desenho que pode limitar seu alcance a todos os públicos por ser futurista demais, mas traz mais modernidade e tecnologia, além do preço (muito) menor: R$ 8.317,00, também segundo a tabela Fipe.

Ao olhar apenas o preço do Fiddle III, imagina-e que ele concorra com Honda PCX e Yamaha NMax, mas ambos estão um degrau acima e são mais modernos e superiores em tecnologia e desempenho em relação ao pequeno Dafra. Ora, um scooter cujo fabricante o posiciona como o primeiro degrau na categoria, não pode ter esse posicionamento frustrado por um preço completamente fora da realidade do segmento que mais cresce no Brasil.

A facilidade de pilotagem é um dos pontos altos da Fiddle III

A facilidade de pilotagem é um dos pontos altos da Fiddle III

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Mas parece que a Dafra não analisa da mesma forma e o preço salgado para o scooter de 125 cc não preocupa a empresa. “O Fidlle III é um produto bem segmentado e com uma produção menor, isso justifica o preço maior. Para se ter ideia do tamanho desse mercado, no lançamento da Fiddle III aqui no Brasil, a previsão de vendas por mês era de 60 unidades”, informa e justifica Creso Franco. Os números previstos por Creso também não se concretizaram. Basta dar uma olhada na tabela a seguir. Aliás, curiosamente, o Fiddle III não aparece nos números de emplacamentos (vendas varejo) da Fenabrave e o único dado disponível é o da Abraciclo (Vendas no Atacado).

Vendas Dafra Fiddle III (Abraciclo)

Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro
60 7 7 9 1 13 3 2 2

E o Fiddle III, afinal?

O Fiddle III é equipado com um motor OHC – Overhead Camshaft – monocilíndrico de 124,6 cm³ arrefecido a ar. Esse motor gera 10,3 cv a 8.500 rpm e 0.87 kgf.m a 6.500 rpm de torque. Como todo scooter, o câmbio é automático CVT –Continuously Variable Transmission, ou em português Transmissão Continuamente Variável – e não necessita de trocas de marcha. A alimentação ainda é feita por um ultrapassado carburador.

Fiddle III prioriza o estilo clássico, inspirado na década de 60

Fiddle III prioriza o estilo clássico, inspirado na década de 60

O motor é na medida certa para um scooter 125, veículo feito para uso nas cidades e que enfrenta com tranquilidade o trânsito urbano. Mas de maneira alguma é indicado para uso em estradas, aliás, como todos os outros scooters pequenos. Suas rodas pequenas (aro 12) e seu motor limitado colocam o motociclista em risco desnecessário no meio dos outros veículos que andam mais rápido e encaram os buracos comuns nas nossas vias de forma mais tranquila.

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Sua velocidade máxima, próxima dos 90 km/h reais no GPS (104 no velocímetro) limita seu uso às vias urbanas, não apenas pela limitação da velocidade, mas pelas muitas irregularidades das nossas pistas. Destacam-se de forma muito positiva no Fiddle III os excelentes freios, dotados do sistema FH-CBS – Full Hidraulic Combined Brake System, sistema combinado com dois discos e acionamento hidráulico, realmente muito seguro. Na roda dianteira há um disco de 190 mm com duplo pistão e na traseira, um disco de 220 mm com um único pistão. O conjunto atua bem e responde de forma adequada em todas as situações em que foram colocados à prova, inclusive nas frenagens emergenciais.

Freios combinados dão conta do recado e asseguram ótimo poder de frenagem

Freios combinados dão conta do recado e asseguram ótimo poder de frenagem

As rodas que equipam o Fiddle III são de liga leve, com 12 polegadas e calçadas com pneus Pirelli Evo sem câmara. A suspensão dianteira conta com um garfo telescópico com o curso de 80 mm e a suspensão traseira tem dois amortecedores com curso de 75 mm.  Como é comum neste tipo de veículo, as suspensões tem curso limitado e as rodas pequenas transmitem para o piloto muitas das imperfeições do terreno. Isso se traduz em desconforto adicional ao encarar asfalto muito desgastado, cheio de emendas e buracos. Por isso recomenda-se velocidades menores, para evitar esses buracos e o consequente desconforto.

O chassi é tubular do tipo “underbone”, praticamente um padrão para scooter e no caso do Fiddle III está bem dimensionado, oferecendo a rigidez e a resistência necessárias ao conjunto. Destaca-se positivamente também no novo scooter da Dafra as medidas pequenas, porém, que oferecem bom espaço para piloto e garupa. Seu comprimento total de 1.900 mm e entre eixos de 1.330 mm, aliado à pequena altura do banco – somente 775 mm – e ao bom espaço para as pernas, tornam o Fiddle III um scooter fácil de pilotar, indicado para quem não tem muita prática na condução de uma motocicleta.

O Chassi é do tipo Underbone

O Chassi é do tipo Underbone

A posição de pilotagem permite boa movimentação no banco, largo e confortável. O espaço dá grande liberdade de movimento e sempre é possível encontrar a posição ideal, mesmo a pilotos com estatura maior, como a minha – 1,85 m – por exemplo. Quando estamos transportando um garupa o espaço que sobra para o piloto é menor, mas não chega a prejudicar a pilotagem e em qualquer condição o Fiddle III oferece segurança na pilotagem para pilotos de qualquer porte.

Painel agradável e funcional; motor oferece 10,3 cv e o bom espaço embutido no escudo frontal, com tampa e chave

Painel agradável e funcional; motor oferece 10,3 cv e o bom espaço embutido no escudo frontal, com tampa e chave

Praticidade   

Como todos os scooter, a palavra de ordem é praticidade. Pelas características de condução urbana, o Fiddle III também é um veículo muito prático, com bom espaço sob o banco e espaços diversos para transporte de todo tipo de coisa. Há um bom porta-objetos com tampa embutido no escudo frontal, onde há uma porta USB para carregar celular ou até mesmo um sistema de GPS ou outro objeto qualquer. Também abaixo do guidão existe um gancho porta-sacolas e sob o banco um porta capacete de 20 litros.

O Fiddle III proporciona margem para movimentação

O Fiddle III proporciona margem para movimentação

O piso flat (liso) é outra boa característica do Fiddle III. Além de facilitar sentar e sair da moto, o espaço serve para transportar volumes maiores, como uma pequena mala de viagem ou uma caixa com as compras da feira, por exemplo. Quando falamos da facilidade de movimentação para o piloto, este espaço que a plataforma de apoio oferece é decisiva para isso. Outro detalhe positivo para o scooter da Dafra é a presença do descanso lateral e do cavalete central.

Um dado curioso que não podemos deixar de registrar foi o sistema de partida a pedal na Fiddle III. Ela tem partida elétrica e a pedal e, já que vem com o pedal de partida, resolvemos experimentar, mas parece que algo não estava bem com o sistema, que não fez o motor funcionar pois parecia girar em falso.

Porta capacete de 20 Litros sob o banco traseiro

Porta capacete de 20 Litros sob o banco traseiro

O painel é simples e agradável de ver, com as indicações bem claras. Há o velocímetro e o marcador de combustível analógicos, além de luzes-espia indicadoras de pisca e farol alto. Um pequeno relógio digital e o velocímetro possui o trip 1 para marcação parcial da quilometragem rodada. O tanque do Fiddle III tem capacidade para 6,2 litros e na nossa avaliação, mostrou-se um pouco gastão, com a pior marca de consumo de gasolina em 21 km/l e a melhor ficou em 27 km/l. Com esses números e considerando a média de 25 km/l, com um tanque de combustível a autonomia chega a 150 km.

Segunda opinião

Como tem sido comum encontrar nas ruas diariamente cada vez mais mulheres pilotando scooter, decidimos incluir na nossa avaliação a opinião feminina com o objetivo de enriquecer as informações. Escolhemos a fotógrafa Carla Gomes, que nos ajuda no material fotográfico aqui no Motonline e já trabalhou conosco em diversos testes, como o da XRE 300, XRE 190, KTM Superduke 1290, Z 300, e mais recentemente na Harley Davidson Breakout. O detalhe aqui é que Carla não possui muita experiência em pilotagem de motos.

A Fiddle III é uma moto prática, feita para vencer o trânsito das cidades

A Fiddle III é uma moto prática, feita para vencer o trânsito das cidades

“Gostei muito do Fiddle III, a começar pelo visual que me agradou bastante. Com pouca experiencia, me chamou atenção a facilidade na pilotagem. Parecia que eu já usava o scooter há mais tempo. É muito fácil pilotar esse scooter e eu me senti muito segura ao pilotá-lo. Para mim, o único ponto negativo ficou por conta do preço salgado”, resumiu Carla, que fez questão de usar os equipamentos de segurança de nosso repórter avaliador Jan Terwak para dar uma voltinha com o Fiddle III. 

Rodas são pequenas, de apenas 12 polegadas

Rodas são pequenas, de apenas 12 polegadas

Conclusão

O Fiddle III está posicionado como um scooter bem segmentado, para um público que curte o estilo retrô e clássico dos anos 60. Ao avaliar pelo conjunto, realmente o preço está em um patamar mais alto que seu concorrente, mas parece que neste caso a Dafra preferiu não apenas levar em conta o mercado e a concorrência, mas dar valor ao estilo exclusivo e único dentro da categoria. Realmente, se levarmos em conta apenas o estilo, o Fiddle III está bem mais barato que seus similares Vespa.

Ficha Técnica

Motor OHC, 4T, monocilíndrico, refrigerado a ar e óleo
Cilindrada 124,6 cm³
Diâmetro x curso 52.4 x 57.8 mm
Potência Máxima 10,3 cv / 8500 RPM
Torque máximo 0.87kgf.m / 6500 RPM
Transmissão Automática CVT
Taxa de compressão 10.4:1
Peso seco 115 Kg
Chassi Underbone/Plataforma
Freio dianteiro Disco 190 mm duplo pistão (25,4mm)
Freio traseiro Disco 220 mm mono pistão (27mm) atuação combinada
Comprimento 1.900 mm
Largura 690 mm
Altura 1.130 mm
Altura do banco 775 mm
Distância entre eixos 1.330 mm
Altura mínima do solo 120 mm
Pneu dianteiro Tubeless Pirelli Evo 21 110 / 70 – 12 47L
Pneu traseiro Tubeless Pirelli Evo 22 120 / 70 – 12 51L
Suspensão dianteira Garfo Telescopico | Curso 80 mm
Suspensão traseira Dois amortecedores | Curso 75 mm
Ignição CDI
Sistema de partida Elétrica e a pedal
Sistema de alimentação 12V / 5AH – Heliar
Capacidade do óleo do motor Mobil Super Moto 4T 20W/50 – 0,95 L
Tanque de combustível 6,2  litros

Fotos: Carla Gomes e Jan Terwak

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Jan Terwak
Publicitário, curte motos desde que se conhece como gente, é piloto de motocross, enduro, cross-country e trilhas. Empresta sua experiência no off-road para as avaliações de motos no Motonline.