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Depois de 253 dias e 248 milhões de quilômetros de viagem e de uma descida dramática de 13,8 minutos com desacelerações de até 11 g, a sonda Curiosity desceu em Marte ontem às 6:31 hs (horário nosso, 15 hs no horário local). Ela entrou na atmosfera marciana a 21.243 km/h (5.900 metros por segundo) e tocou o solo perto da base do Monte Sharp dentro da Cratera Gale, a 4,6 graus de latitude sul e 137,4 graus de longitude leste, iniciando um trabalho de dois anos.

A Curiosity carrega consigo 10 experimentos num total de 75 kg, um mastro com câmeras de alta definição, um braço robótico para coleta de amostras e um laser suficientemente potente para vaporizar rochas e fazer análises espectrográficas. Sua missão básica durará um ano marciano (98 semanas), quando terá de sobreviver a radiações UV e outras, solo altamente corrosivo, tempestades de poeira mais violentas do que qualquer encontrada na Terra e temperaturas de -90° a 0° C.

Ela funciona por força nuclear, com gerador termoelétrico de radoisótopos de 2.700 watts e baterias de íons de lítio como reserva. Tudo indica uma vida muito produtiva.

A Curiosity em Marte (publicado em 4/ago/2012)

É a missão para Marte mais ambiciosa e cara até hoje tentada. Depois de viajar oito meses e meio e cobrir 596 milhões de quilômetros, a sonda Mars Science Laboratory Curiosity vai tentar descer em Marte na noite de 5 de agosto – começando com a operação de ‘aterrissagem’ mais difícil jamais tentada.

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Como diz a NASA, serão “sete minutos de terror” – o tempo necessário para frear de 21.000 km/h a zero, e o resultado de um projeto científico de US$ 2,5 bilhões.

Todos os cientistas e engenheiros da NASA estarão roendo unhas a 248 milhões de quilômetros de distância, enquanto a espaçonave mergulha pela rala atmosfera marciana e finalmente tenta vagarosamente baixar a Curiosity com cabos até o fundo de uma cratera. Quando nós terráqueos recebermos as primeiras notícias de sua sorte, a Curiosity já terá colocado seis rodas no chão – ou simplesmente terá se transformado num pequeno monte de metal retorcido.

Se ela conseguir o que veio fazer, uma câmera de vídeo terá registrado os mais dramáticos minutos de uma descida num outro planeta – e um quase incrível passo tecnológico à frente.

Missões anteriores ao ‘planeta vermelho’ que recebeu o nome do deus da guerra, já encontraram gelo e sinais de que água também fluiu por lá. Com um meio ambiente implacável que já acabou com mais da metade das astronaves que anteriormente lhe foram enviadas e onde apenas os Estados Unidos tiveram alguma sorte, a própria NASA diz que “Fizemos tudo que poderiamos pensar para garantir sucesso da missão, mas Marte ainda pode nos surpreender – não há garantias desta vez.”

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Em 2004 as Spirit e Opportunity, bem menores e mais leves, caíram como uma pedra no solo marciano, protegidas por airbags muito especiais. A Curiosity tem o tamanho aproximado de um Mini Cooper e pesa cerca de 900 kg. Ela vai frear fazendo uma série de curvas em S, a 1.450 km/h soltará seu enorme para-quedas e então liberará o escudo de calor que sofreu o enorme atrito da entrada em sua atmosfera e ligará seu radar de solo.

A 1,6 km do solo, a Curiosity soltará seu para-quedas e acionará o foguete que a desacelerará até 3 km/h – quase a imobilidade. Os cabos impedem que os motores do foguete cheguem perto demais do solo e gerem poeira demais. Uma vez que as rodas toquem o solo, os cabos serão cortados.
“O grau de dificuldade é acima de 10,” diz Adam Steltzner, o engenheiro do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, que gerencia a missão.

Os sinais de rádio levam 14 minutos para chegar à Terra – o que significa que a Curiosity pode estar viva ou morta quando o controle de missão vier a receber as informações. O local da descida é a Cratera Gale, perto do equador marciano – uma depressão antiquíssima, com uma montanha de 4,8 km de altura no centro.

Nos dois anos que a Curiosity fará suas explorações, ela estará coberta de plutônio e subirá os flancos mais baixos da montanha para investigar seus depósitos. Ela é muito sofisticada, mas mesmo assim não poderá procurar por vida. Em vez disso, ela possui uma caixa de ferramentas que inclui uma perfuratriz elétrica, um laser para furar rochas e um laboratório móvel de química para farejar compostos orgânicos, que são considerados os blocos químicos de construção da vida. Suas câmera vão tirar fotos panorâmicos.
Marte sempre fascinou o ser humano, desde o dia em que o astrônomo americano Percival Lowell, em fins do século 19, olhando por um telescópio, teve a impressão que o planeta parecia ter canais de irrigação – feitos, aparentemente, por marcianos.

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