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Enviado por Motonline, sab, 21/08/2010 – 17:03


Como mostrado no capítulo anterior, o curso de pilotagem é fundamental para se aprender importantes técnicas de pilotagem. No entanto, “agora é preciso praticar as técnicas abordadas no curso para que possam ser absorvidas”, disse Alex Barros no encerramento do Módulo Alumínio.

Pista molhada no primeiro dia de treino

Pista molhada no primeiro dia de treino

Partimos então para o curso compacto, ou track day supervisionado, como também é conhecido. Esse curso consiste basicamente em um dia de treino na pista, supervisionado por instrutores da Alex Barros Riding School. No início do dia é feito um briefing em sala de aula para orientar os pilotos em relação às regras que devem ser seguidas na pista. Logo em seguida, a primeira saída para a pista. O curso compacto de um dia inteiro contempla seis saídas de 20 minutos cada, distribuídas das 8h às 18h. Durante os intervalos os alunos podem repor as energias no buffet e também conversar com os instrutores para tirar dúvidas e receber dicas.

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Treinamos por três dias no total. Uma garoa nos acompanhou durante o primeiro dia e a pista estava levemente molhada. Pilotos mais experientes dizem que essa condição da pista é a mais complicada, pois a pista fica com partes mais secas e outras molhadas e as motos geralmente continuam rodando com pneus para pista seca. O Harada, fundador do Motonline, descreve bem essa situação: “Com a pista molhada, todos os parâmetros se alteram, incluindo aceleração, curvas e frenagem.”

Nosso participante relata a seguir a experiência vivenciada.

“Saí para os primeiros 20 minutos na pista. Devido a minha inexperiência, confesso que o nervosismo tomou o lugar do prazer em diversos momentos. A aderência dos pneus nas curvas fica duvidosa. A visibilidade fica comprometida. Nas frenagens as ‘rabeadas’ da moto são muito mais fortes e se o freio dianteiro não for cuidadosamente dosado, a moto sai de frente sem dar aviso prévio.

Para pilotos em estágios mais avançados a pista molhada oferece uma excelente oportunidade para aumentar a sensibilidade em relação à moto, imprescindível para a sua evolução. Para mim, o que estava claro naquele momento é que o risco de queda havia aumentado muito e o prazer havia diminuído! Neste dia, fiz apenas duas saídas e decidi parar. Os esportes radicais geralmente oferecem riscos significativos aos praticantes e por essa razão é importante saber escolher quais riscos correr em cada momento.

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Escapamento raspado

Escapamento raspado - Na pista a inclinação é maior

Seguindo o calendário da Alex Barros Riding School, duas semanas depois voltamos para Interlagos para o segundo dia de treino, agora com a pista seca. A primeira saída do dia foi ótima e consegui igualar o tempo que eu havia feito no dia do Módulo Alumínio. Na segunda saída, buscando evoluir e melhorar meu tempo, comecei a entrar mais forte e a deitar mais a moto nas curvas. No Bico-de-pato, uma das curvas mais fechadas do circuito, ao deitar a moto escutei um barulho alto e senti que algo havia raspado no chão. Pensei que eu tinha caído, mas logo vi que havia sido apenas um susto. Ao parar a moto, comentei com o Bitenca que havia raspado a pedaleira, mas ao olhar a moto ele viu que além da pedaleira o que tinha raspado no chão era o escapamento. Conversando com os instrutores, fui orientado a sair com o corpo da moto nas curvas. Essa técnica se chama pêndulo e permite ao piloto fazer as curvas deitando menos a moto. Eu não havia aprendido essa técnica no primeiro módulo do curso, e passei esse dia buscando aplicá-la e compreendê-la. Meu tempo médio subiu para 2’37”, devido ao susto e ao início do aprendizado da nova técnica.

No dia seguinte, mais treino. Fui determinado a superar os obstáculos existentes e gerar uma evolução. As técnicas aprendidas no Módulo Alumínio ficaram muito mais claras com os treinos, principalmente a ‘direção do olhar’. Só então pude compreender totalmente a sua importância. O Alex Barros estava coberto de razão quando disse que os treinos eram fundamentais para a devida compreensão das técnicas. Sua grande experiência como piloto do MotoGP ficou muito evidente em diversos momentos que interagimos. Meu tempo caiu para 2’27”. Objetivo do dia alcançado!

Durante o Módulo Alumínio, o corpo estava alinhado com a moto nas curvas

Durante o Módulo Alumínio, o corpo estava alinhado com a moto nas curvas

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Após raspar o escapamento, foi preciso tirar um pouco o corpo da moto

Após raspar o escapamento, foi preciso tirar um pouco o corpo da moto

 

 

Cair faz parte do jogo

Durante os treinos, ao mesmo tempo em que meu desempenho melhorava, ficava cada vez mais claro pra mim que na motovelocidade cair faz parte do jogo. Dois outros pilotos, também com pouca experiência e companheiros de curso, caíram. Um deles, que estava com uma Triumph Daytona 675, caiu na curva do Pinheirinho. Com o piloto não aconteceu nada e a moto sofreu pequenos danos. O outro, com uma ninjinha preta totalmente original como a que estamos usando, caiu na segunda perna do ‘S do Senna’. Como essa curva não possui área de escape, o piloto e a moto bateram na barreira de pneus, de uma forma preocupante. Eu passei por esse trecho alguns segundos após o acidente ter ocorrido. Felizmente, após ser examinado pela equipe médica, reencontrei o piloto na área dos boxes apenas com uma luxação no pé. A moto teve danos significativos, envolvendo carenagem, piscas e mais algumas outras partes. Situações como essas deixam clara a importância de ter uma boa estrutura médica à disposição.”

Decidimos correr uma prova amadora!

Com as técnicas de pilotagem mais consolidadas e após algumas horas de “vôo”, decidimos participar de uma prova amadora de motovelocidade. Correremos uma etapa da Copa Ninja, na categoria Light, destinada a pilotos amadores. Durante os treinos a ninjinha se comportou muito bem, mas começamos a esbarrar em algumas limitações da moto e identificamos alguns pontos que poderiam ser melhorados. Assim, faremos uma prepação básica da moto para a corrida. Esse será o assunto do próximo capítulo.

Como diz o Harada, “a corrida começa no momento em que se decide correr.” Então mãos à obra pois já começou!!!

Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, além da área de comentários abaixo, criamos um tópico no fórum para os motonliners que preferem este formato. Clique aqui para acessar o tópico.

Veja também os outros capítulos:

Capítulo 1 – Lugar de acelerar é NA PISTA

Capítulo 2 – Conheça o ambiente da pista

Capítulo 3 – Motocicleta e equipamentos: faça a escolha certa

Capítulo 4 – Primeiro contato com a pista

Capítulo 6 – Preparação da Ninja 250R para a pista

Capítulo 7 – Copa Ninja