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Para o autor do livro “Homo Zappiens: educando na era digital”, a internet possibilita a interação, a troca e o compartilhamento de informações. Revelou pesquisa realizada em Los Angeles com pessoas idosas que liam livros e outras que usavam a internet. O resultado mostrou que os idosos que navegavam na internet tinham muito mais atividade cerebral do que aqueles que liam livros.

“Esqueçam o papel. Nada de jornais ou livros impressos”. Daqui a 25 anos, é provável que toda e qualquer pessoa só vá ler um livro ou jornal pela internet, celular ou outro tipo de tecnologia que venha a ser inventada. A sentença foi proferida pelo holandês Wim Veen em coletiva de imprensa concedida na tarde desta segunda-feira (26), horas antes de sua conferência na abertura da 13ª Jornada de Literatura de Passo Fundo. O cálculo de 25 anos é, mais ou menos, o quanto as novas tecnologias demoram para se inserir nos hábitos de vida de uma geração.

Wim Veen é autor do livro “Homo Zappiens: educando na era digital”, publicado no Brasil pela Editora Artmed. Na Holanda, ele é professor da Universidade de Delf. Lá, segundo ele, nenhum aluno lê jornais impressos. Todos acessam os portais dos jornais e só leem aquilo que é de seu interesse particular. As reportagens que são de agências de notícias também não chamam a atenção dos estudantes. O motivo é simplesmente o fato de o conteúdo das agências ser repetido e não trazer em si nenhuma novidade. Não há criatividade, imaginação.

Imaginação é, aliás, a palavra-chave para as teorias do holandês. “A internet provoca muito mais a criatividade do usuário do que qualquer livro”, afirma. “Na leitura de um livro a pessoa conversa apenas consigo mesma. A interação também não existe no cinema ou na TV, onde o espectador é passivo”. A internet, por outro lado, possibilita a interação, a troca e o compartilhamento de informações.

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“Num game na internet, por exemplo, o usuário escolhe o jogo, decide os elementos que farão parte dele, cria suas próprias regras”. Essas são as razões pelas quais as novas gerações gostam mais de jogos do que de livros, além é, claro, “porque é divertido jogar”. As novas tecnologias têm provocado mudanças bastante marcantes nos hábitos das novas gerações. Segundo Wim Veen, quando uma pessoa da nova geração completar 21 anos, ela terá completado 20 mil horas jogando vídeo game ou play station e 80 mil horas vendo filmes ou TV em geral e, acredite, terá dedicado apenas 5 mil na leitura de livros.

Ele citou como exemplo um estudo realizado pela Universidade de Los Angeles com pessoas idosas que liam livros e outras que usavam a internet. A pesquisa revelou que os idosos que navegavam na internet tinham muito mais atividade cerebral do que aqueles que liam livros. O prolongamento das atividades cerebrais também eram bem maior, mesmo depois de interromper o uso da internet.

Veen é categórico ao dizer que a internet trouxe benefícios incontestáveis para a humanidade. Para ele, a internet ajuda as pessoas a desenvolverem espírito crítico, justamente porque as pessoas duvidam do conteúdo ali publicado. Sobre a credibilidade da internet, o holandês não tem dúvidas: “a qualidade do material exposto na internet vai melhorar”. A justificativa: o internauta é um aprendiz-ativo, dinâmico, inquieto, e que não suporta em nenhuma hipótese ser ludibriado.

Apesar das maravilhas que a internet pode trazer para a humanidade, principalmente para as gerações mais novas, há um “conflito de interesses” que pode trazer problemas no que se refere à educação. Professores, particularmente os tradicionalistas, aqueles que não são adeptos do uso da internet, podem provocar uma certa aversão (ou até evasão) dos alunos à escola. Realmente, é difícil de imaginar um estudante, usuário contumaz da internet, se adequar a métodos tradicionais de ensino.

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Nesse contexto, os professores serão fundamentais no processo de educação. “Os professores terão que desaprender as formas tradicionais de ensino e criar novos métodos afinados com o uso da internet, ou melhor, afinados com o que os alunos curtem na web.