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A minha primeira vez foi numa Yamaha 50cc, magrinha, loira (amarela) e com uma voz que aumentava a adrenalina da gente ao acelerar, era uma máquina. Talvez fosse a mesma sensação de quando atingi pela primeira vez os 300 km/h numa moto esportiva.

Naquela época o motociclista, literalmente, tomava o vento na cara, já que o uso de capacete não era obrigatório. A competição dos motociclistas amadores rolava no parque do Ibirapuera, era o famoso zerinho, lá os amantes das duas rodas deliravam ao ver as “7 Galos” raspando as pedaleiras e levantando faíscas do chão; e eu com a minha cinquentinha, lógico que sempre sonhando em sentar numa Galo, aliás, quem tinha uma Galo era o rei do pedaço.

À noite o point era na Rua Augusta … motociclistas paravam suas máquinas e lá ficavam horas observando o movimento das “gatinhas” que passavam, de carro e a pé, jogando cantadas que hoje seria até hilário dizer a uma mulher. De vez em quando, ouvia-se uma música que soava dos escapamentos 4×1, às vezes apareciam motociclistas fazendo suas peripécia como andar empinando ou tirando a moto de giro e, adivinhem, lá estava eu com a minha cinquentinha mais parecendo um Valentino Rossi ao chegar acelerando aquele poderoso motor 2T com escapamento dimensionado, lógico que roubando a cena, pois a fumaça chegava junto comigo e os olhares dos motociclistas mais velhos se dirigiam em minha direção.

Mas o respeito predominava e sempre percebíamos o significado dos olhares.

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Bons tempos que passaram, tempos que um motociclista sempre saudava o outro com um simples toque de buzina, tempos que podíamos rodar com nossas motos a qualquer hora sem risco de voltar pra casa a pé; tempos que tínhamos a verdadeira sensação de liberdade.

Acredito também que era uma época de insanos, pois descer a Av. Pacaembu em Sampa (onde ainda acontecia algo nos corações ao se cruzar a Ipiranga com a São João), sem capacete e outros equipamentos, fazendo as curvas ao lado do estádio, passando rente as arvores que se inclinavam para o lado da Avenida e ralando as pedaleiras da cinquentinha, não podia ser uma pessoa tão normal.

Mas quem garante que hoje que a gente não seja insano simplesmente por sair de casa? … mas também os tempos eram outros.

Mas a primeira vez agente nunca mais esquece!!!

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