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Alguém se habilita?

A DARPA, Defense Advanced Research Projects Agency, agência americana de projetos avançados de pesquisa de defesa, procura empresas inventivas que concordem em receber dinheiro do governo para desenvolver carros voadores.

Carros voadores, ou aeronaves rodoviárias, não são novidade: muitos apareceram lá pelo fim da Segunda Grande Guerra (1939 – 1945), mas aparentemente nenhum deles funcionou a contento, talvez pelo fato de que seus proponentes não tivessem dinheiro suficiente para resolver todos os problemas encontrados.

Agora, porém, a coisa ficou séria, porque o estabelecimento militar americano considera que precisa de um veículo que transporte duas ou quatro pessoas, armadas até os dentes, faça 100 km/h no chão, caiba dentro de um contêiner de 8 por 7 por 24 pés (2,40 m/2,10 m/7,30 m), possa decolar verticalmente e voar por duas horas a 240 km/h. Este veículo será usado em missões de reconhecimento e avacuação, transportado até os locais de uso numa grande aeronave de carga.

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O objetivo desejado é definir componentes em tecnologias inovadoras, identificar tecnologias selecionadas de propulsão, asas rebatíveis e/ou controles de vôo que gerem os elementos básicos deste veículo multipessoal.

Como parte de uma proposta de um Small Business Innovation Research (SBIR, pesquisa inovadora de pequenos negócios), a DARPA descreve o veículo nos seguintes termos:

Um veículo aéreo capaz de transportar de duas a quatro pessoas, dirigindo no chão ou voando, que seja adequado para muitas missões militares de reconhecimento e de transporte de pessoal. Para a maioria das necessidades militares, este veículo pessoal aéreo deverá também ter capacidade de decolagem vertical que não seja restrita a superfícies preparadas. Características desejadas do veículo pessoal aéreo seriam a habilidade de voar por duas horas com carga útil de 2 a 4 pessoas com um tanque de combustível e poder também andar seguro em estradas. O veículo não deve ser mais largo do que 7,5 pés, não mais longo do que 24 pés, e não mais alto do que 7 pés quando na configuração terrestre. O controle do veículo deve suportar dirigir manualmente o veículo no chão e vôo totalmente automatizado com controle manual que possa se sobrepor (override) ao sistema totalmente automático. O desafio é definir os principais componentes de tal veículo que seja adequado para missões de reconhecimento e de transporte de pessoal, sejam suficientemente pequenos, suficientemente baratos e fáceis de operar, de maneira a serem largamente utilizados. Para atingir isso será necessário explorar novas e inovadoras tecnologias em uma ou mais das seguintes áreas:

– Conceitos de propulsão que incluam decolagem e aterragem verticais, carregamento otimizado, armazenamento de dados em disco para a missão combinada de vôo e na terra, tamanho, peso e potência adequada a um veículo rodoviário, planta de força eficiente e gerenciamento energético combinados com baixa consumo específico de combustível, e considerações de instalação relacionadas a segurança, controlabilidade do veículo, e capacidade de carga útil/passageiros. O armazenamento otimizado dos dados em disco deve permitir decolagens e aterragens seguras em locais não preparados

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– Considerações de asas e superfícies mutantes, inclusive abertura e fechamento seguros e rápidos, construção robusta e facilidade operacional para um veículo que pode ser dirigido a até 100 km/h e voado a até 240 km/h.

– Considerações de controle de vôo incluem interfaces humanas com piloto automático, e/ou sistemas automáticos de navegação, navegação/posicionamento automatizados, sensores automatizados, planejamento automatizado de vôo e desconflitamento com outros usuários do espaço aéreo. Tamanho, peso e potência devem ser pontos vitais, assim como redundância e confiabilidade adequadas a passageiros humanos.

FASE I: Preparar o projeto de conceito inicial de um veículo aéreo de pessoal que suporte a modelagem de elementos-chave selecionados (propulsão, asas/ superfícies mutantes, controle de vôo). Desenvolver análise detalhada do desempenho previsto para os elementos-chave selecionados (propulsão, asas/superfícies mutantes e controle de vôo). Executar modelagem e simulação dos elementos-chave selecionados, e definir e desenvolver marcos técnicos dos componentes-chave. As entregas da Fase I incluirão as simulações adequadas das tecnologias-chave, resultados de modelações e os planos de desenvolvimento.

FASE II: Construir e demonstrar a operação de protótipos das tecnologias dos componentes-chave (propulsão, asas/superfícies mutantes e/ou controle de vôo). Estabelecer parâmetros de desempenho destas tecnologias-chave através de experimentos utilizando os protótipos.

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FASE III APLICAÇÃO DE USO DUPLO: Desenvolver, demonstrar e validar um protótipo em escala real para dirigir e voar, do veículo aéreo de pessoal. O protótipo do veículo aéreo de pessoal deve ser capaz de transportar 2 a 4 pessoas, seja para dirigi-lo no chão ou para pilotá-lo no ar. Este veículo aéreo de pessoal deve também ter capacidade de decolagem vertical que não seja restrita a superfícies preparadas, para a maior adequabilidade militar. O veículo aéreo de pessoal deve ser adequado a muitas missões militares de reconhecimento e transporte pessoal (reconhecimento urbano, evacuação de feridos, inserção de grupos de operações especiais) ou contrapartidas comerciais, e ser suficientemente robusto para agüentar avaliações militares iniciais de sua habilidade potencial.


José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte. –