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No início do mês de setembro acontecerão as edições 2016 dos dois principais eventos off road outdoor nacionais: o Enduro da Independência e o Rally dos Sertões, ambos independentes e sem a chancela da CBM. Poderia ser uma ótima notícia para os fãs dessas modalidades, entretanto, lamentavelmente vão acontecer em datas coincidentes:

– o Enduro da Independência acontece de 3 a 7 de setembro e
– o Rally dos Sertões, de 4 a 10 de setembro. 

Tá faltando diálogo entre a Confederação, Federações Estaduais, organizadores, pilotos e equipes

Tá faltando diálogo entre a Confederação, Federações Estaduais, organizadores, pilotos e equipes

Em um ano ruim para a economia brasileira, acontece uma coisa triste dessas, que impõe aos torcedores, competidores e patrocinadores a necessidade de optar entre uma ou outra competição. E isso acontece, nos parece, por causa da falta de liderança e ação de quem deveria comandar o esporte nacional a motor em duas rodas no país, a CBM – Confederação Brasileira de Motociclismo.

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Nosso motociclismo, em todas as suas modalidades, sofre por não termos uma Confederação atuante e poderosa, que efetivamente ocupe seu espaço na administração do esporte. Na verdade o esporte a motor em duas rodas no Brasil é uma piada de mau gosto; cada um faz o que quer e quando quer, sem que a CBM atue. O correto seria que todo e qualquer campeonato, prova ou evento motociclístico fosse previamente aprovado e recebesse a chancela da CBM ou das Federações Estaduais de Motociclismo, que com raras exceções, também tem desempenho pífio em prol do esporte.

O esporte a motor em duas rodas pede socorro

O esporte a motor em duas rodas pede socorro

Os organizadores desses eventos esportivos também têm a sua parcela de responsabilidade nisso, pois ao invés de unirem forças em favor do esporte – dos atletas e do público -, preferem cada um organizar o seu evento, sem se importar muito se isso vai ou não prejudicar ou beneficiar alguém. Dá pra pensar até que há conspirações para prejudicar, tamanho é o descaso e a falta de espírito colaborativa para que o esporte cresça. Temos a clara sensação de que o desejo é mesmo prejudicar o esporte, afastar os fãs e faturar algum dinheiro já e o futuro que se exploda.

Até parece que ninguém parou para analisar e concluir que um calendário de competições bem organizado, sem sobreposição de datas de eventos tão tradicionais e importantes, seria a fórmula ideal para atrair mais fãs, mais público, mais praticantes, mais patrocinadores, enfim mais tudo de bom para nossos combalidos esportistas. Ninguém percebeu que patrocinadores que bancam pilotos e equipes precisam da exposição para continuar atuando comercialmente, e é isso que realimenta a roda dos negócios, criando assim um círculo virtuoso contínuo cujo resultado seria o crescimento, também contínuo, do motociclismo.

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Mas esta sobreposição de datas não é a primeira falha da CBM (e dos organizadores) para com o público. Essa falta de espírito de parceria e de ação da CBM também ficou claro com o desaparecimento de um dos dois grandes campeonatos de motovelocidade brasileiros – o Moto 1000 GP –, que mesmo tendo a chancela de Campeonato Brasileiro de Motovelocidade, deixou de ser realizado em 2016 por falta de interesse de pilotos, equipes e patrocinadores. Até agora a CBM não se manifestou se o campeonato remanescente, o SuperBike Brasil receberá a chancela de Campeonato Brasileiro.

Outro triste exemplo é o fechamento do Autódromo Internacional de Curitiba, sem que a CBM tenha envidado esforços para tentar engajar o Governo do Estado do Paraná na tentativa de reverter a situação, desapropriando a área em benefício do esporte e da cultura brasileiros. Sabemos que seria uma luta inglória, mas pelo menos algo deveria ter sido tentado.

A motovelocidade perde um dos melhores autódromos do país, o de Curitiba, e nenhuma palavra da CBM

A motovelocidade perde um dos melhores autódromos do país, o de Curitiba, e nenhuma palavra da CBM

O esporte a motor em duas rodas está carente de medidas urgentes da CBM no sentido de que qualquer atividade motociclística esportiva de caráter nacional faça parte de um calendário único e só possa ser realizada com o aval da CBM. O esporte deseja uma CBM forte e representativa, que cuide do esporte com motocicletas, que atue a ajude pilotos, técnicos, equipes, fabricantes, centros esportivos e motódromos, exatamente como acontece com outras confederações que gerenciam (bem ou mal) esportes como futebol, automobilismo, vôlei, basquete e outros. É verdade que muitas destas confederações não são bom exemplo, mas ninguém pode acusá-las de omissão, pois se atuam mal algumas vezes, ao menos elas atuam e o esporte tem a quem reclamar. Por falar nisso…

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… alô CBM, cadê você?

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Todas as partes (pilotos, entidades, organizadores, federações e, claro, a CBM) têm espaço aberto para se manifestarem no Motonline. Basta escrever para [email protected].

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.