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Reportagem de Gustavo Fernandes com fotos de Rogério Valente / Vespasiano (MG)

Os automóveis mudaram muito nas últimas duas décadas com a entrada no mercado brasileiro dos veículos importados. Hoje qualquer modelo popular dispõe de equipamentos que há vinte anos eram considerados opcionais.

Sistema montado na CG Titan: faça você mesmo

Sistema montado na CG Titan: faça você mesmo

Já as motocicletas não evoluíram tanto, sobretudo as menos potentes. Ainda hoje encontramos versões que contam com freios a tambor, carburador, partida a pedal. A justificativa mais plausível para essa situação é a falta de uma concorrência mais forte para a Honda – líder absoluta na venda de motocicletas entre 100 e 150 cilindradas.

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Modelos mais baratos que já vem equipados com freio a disco nas rodas dianteiras e traseira, partida elétrica, marcadores de combustível são oferecidos apenas pelas marcas chinesas. Mas, a falta de qualidade das peças e a precariedade do pós venda desestimulam a compra destes modelos.

Cilindro do freio toma o lugar da caixa de ferramentas

Cilindro do freio toma o lugar da caixa de ferramentas

Quem lucra com esta realidade é a indústria de motopeças. Muitas empresas tem lançado peças, equipamentos e acessórios que possibilitam o incremento de versões básicas das duas principais marcas de motocicletas instaladas no país.

Manoplas coloridas feitas de material mais confortável, rodas de liga leve, painéis digitais, manetes reguláveis são facilmente encontradas nas lojas de peças para motos e a demanda cresce a cada dia. O apelo estético é o principal atrativo desses produtos, mas, a melhoria do desempenho e a segurança também importam para o consumidor. Exemplo disso é o kit de freio a disco dianteiro para modelos que não contam com este sistema.

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O kit completo: ainda é caro, mas acessível

O kit completo: ainda é caro, mas acessível

Recentemente, a Scud – empresa nacional que desenvolve seus produtos no Brasil e os produz na China – lançou um sistema de freio a disco traseiro para o modelo Titan 150 da Honda, que é acompanhado por um par de rodas de liga leve bastante semelhante ao modelo original e idêntico ao modelo já comercializado pela empresa.

Para realizar a instalação, não é preciso fazer alterações na estrutura da moto e o tempo para montá-lo é pequeno. A única mudança necessária é a retirada da caixa de ferramentas, que cede o lugar para o cilindro de freio.

Pra quem já tem o freio a disco dianteiro, o kit poderia baratear se só fosse oferecido o kit para a roda traseira

Pra quem já tem o freio a disco dianteiro, o kit poderia baratear se só fosse oferecido o kit para a roda traseira

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As peças utilizadas são específicas para um sistema de frenagem de roda traseira, sendo o conjunto de pastilhas adequado, facilmente encontrado em lojas de motopeças, de simples instalação e mais barato que uma sapata de freio convencional.

O equipamento torna o visual da motocicleta mais esportivo e chama a atenção por onde passa. Para o mecânico Roberto Rodrigues Cruz Júnior, o Betinho, o apelo visual foi o principal motivo para adquirir o produto mas, com a instalação do sistema, o freio traseiro ficou bem mais eficiente do que o original a tambor. Depois que o disco aquece é muito melhor que o freio a tambor, diz Betinho.

Freio traseiro montado: fácil, rápido e muito mais eficiente que o velho e ultrapassado tambor

Freio traseiro montado: fácil, rápido e muito mais eficiente que o velho e ultrapassado tambor

De acordo com Gilson Pereira Junior, desenvolvedor de produtos da Scud, o sistema passou por dois anos de desenvolvimento e testes de rua antes de ser lançado. “Vários motociclistas escolhidos pela SCUD testaram e aprovaram o produto”, ressalta Pereira Júnior. O preço para venda no varejo não é tão atrativo quanto o produto, mas os cerca de 750 reais cobrados não é nenhum absurdo, já que ele vem acompanhado pelo par de rodas.

Se por um lado esse “combo” motiva os donos de Titans 150 com rodas raiadas, por outro desestimula os proprietários do modelo já equipadas com rodas de liga leve. Um kit apenas com a roda traseira – onde é fixado o disco de freio – seria mais barato e resolveria o dilema de comprar uma roda dianteira sem necessidade.

Quanto ao lançamento do produto para outros modelos da Honda e da Yamaha, a empresa confessa ter outros projetos e possibilidades em desenvolvimento. Para os proprietários de motocicletas – cada vez mais exigentes – itens como partida elétrica, freios a disco e injeção eletrônica estão deixando de ser opcionais.

Enquanto as grandes montadoras ainda não concordam com isso, a indústria de peças de reposição, acessórios e equipamentos para motos lançam produtos e atendem a demanda do consumidor.