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A cada dia cresce o número de veículos no Brasil. Conforme cruzamento com base nos números de registros do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito e nas estimativas populacionais do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2013, para cada 4 habitantes do país existe um automóvel. No entanto, segundo o especialista em mobilidade urbana e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Luiz Vicente Figueira, o que assusta não é o número de veículos por habitante, mas sim a forma com que os veículos são utilizados.

Trânsito: ignorar a moto como alternativa é miopia

Falta de boas políticas voltadas à mobilidade urbana tranformam em caos o trânsito das grande cidades brasileiras

“Nos grandes centros dos países desenvolvidos esta relação é superior e nem por isto se torna um caos diário no trânsito. Se tomarmos como exemplo a cidade de Berlim, na Alemanha, há mais veículos que a própria população, porém a infraestrutura relacionada à mobilidade urbana inviabiliza naturalmente o uso diário do veículo próprio”, observa Luiz Vicente.

O professor ainda argumenta que no Brasil, o desenho das cidades ao longo dos anos privilegiou o transporte individual, pois temos uma deficiência no transporte público. Segundo Figueira, não temos uma capacidade instalada e uma qualidade que pode ser percebida e que contribua para que a população migre do veículo próprio para o transporte coletivo. “O veículo próprio não é o vilão, mas a solução quando bem utilizado. Usá-lo para ir ao supermercado, viajar nos finais de semana ou ir a uma festa no final do dia são exemplos de uma boa utilização”, ressalta o especialista.

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Outro ponto relevante está na fiscalização dos grandes centros. Figueira ainda argumenta que na maioria dos casos, mesmo irregular, o veículo continua transitando sem que nada aconteça com o proprietário. “Se contabilizarmos os veículos que fizeram inspeção veicular em 2013 na cidade de São Paulo e os cadastrados pelo Detran neste município, há uma diferença de 1 milhão de veículos que podem estar transitando sem penalidades”, afirma.

Na opinião do especialista, enquanto não tivermos um transporte público de qualidade e uma infraestrutura voltada à mobilidade urbana, que naturalmente incentive as pessoas a optarem para o transporte de forma planejada e integrada ao trem e metrô, continuaremos a nos preocupar com o aumento de veículos por habitante, principalmente nos grandes centros.