Publicidade

BMW Active E Concept é o Série 1 elétrico

Todo mundo sabia que ele estava para chegar no NAIAS, o salão de carros tunados mais importante do mundo. Os pequeninos Mini elétricos não poderiam passar suas características dinâmicas diretamente a um carro maior como o cupê BMW série 1, mas serviram muito bem para dizer à fábrica como o público que os dirigiu durante o período de um ano, se sentiu.

Os componentes de um veículo elétrico são geralmente muito mais espacialmente eficientes do que os de veículos com motor de combustão interna, com aquele enorme trem de força. Apesar do Conceito Active E não possuir motores elétricos nas rodas (o que mais cedo ou mais tarde poderá, ou mesmo deverá acontecer), o trem de força elétrico de 125 kW foi incorporado ao eixo traseiro, onde normalmente ‘reside’ o diferencial.

O ActiveE usa um novo pacote de baterias de íons de lítio desenvolvidas conjuntamente com a SB LiMotive alemã. Seu sistema de gerenciamento ajuda a chegar a uma autonomia de 160 km (no plano, em tempo bom), e o tempo para recarregar as baterias é de 3 horas em rede de 230/240 volts e corrente de 50 ampères (Alemanha). O ActiveE tem frenagem regenerativa, mas mais ativa do que nos veículos elétricos convencionais: basta tirar o pé do acelerador, que o motor elétrico passa a trabalhar como gerador, convertendo a energia cinética em força elétrica que é acumulada nas baterias. Este processo de recuperação de energia amplia sua autonomia em até 20%.

Publicidade

O torque de frenagem atua apenas sobre as rodas traseiras. No uso urbano, cerca de 75% dessas manobras de desaceleração são feitas sem o motorista pisar no pedal de freio, mas sempre com as luzes de freio acesas. Se a desaceleração foi drástica, o sistema eletrônico central de controle de estabilidade dinâmica automaticamente aplica a frenagem máxima que cada uma das quatro rodas pode receber.

Quase todas as baterias são distribuídas onde normalmente se encontraria o motor de combustão, o cardan e o tanque de combustível. As baterias (o calcanhar de Aquiles de todo carro elétrico) levam o carro a 1.800 kg, mas também levam o centro de gravidade do carro bem para baixo, gerando uma distribuição de peso 50/50, algo normalmente encontrado em um BMW mas raramente num carro de tração dianteira. As baterias desenvolvidas para o Conceito ActiveE são de alta tensão, de alta capacidade de armazenamento de energia e grande durabilidade. Pela primeira vez, foram projetadas para uso automotivo – pelo Grupo BMW em colaboração com a Bosch e a SB LiMotive, empresa da Samsung SDI.

Essas baterias têm seu próprio sistema de refrigeração por líquido e seu próprio sistema de gerenciamento inteligente, elementos-chave no aumento de sua capacidade de armazenamento de energia e na própria durabilidade de suas células. A autonomia normal chega a 160 km por recarga, ou 240 km em simulação computacional (ciclo FTP72, condições ideais). Elas podem ser recarregadas em casa, no trabalho ou em fontes comerciais.

O ActiveE tem sistema de ar-condicionado e aquecedor de cabine que tiram energia da própria rede interna do carro. Se ele estiver na parte final de uma operação de recarga, o sistema pode ser utilizado para preparar a temperatura interna ao nível desejado pelo dono. O sistema pode ser ativado também por celular. Não importa a distância que o proprietário esteja de seu veículo, sempre pode receber dados a respeito da carga das baterias, do alcance previsto e da distância até o posto mais próximo de recarga. Sabendo da condição de carga das baterias, pode se dedicar a alguma atividade qualquer enquanto espera a recarga suficiente para seu próximo deslocamento.

Publicidade

O novo motor elétrico síncrono desenvolve potência de 125 kW (170 hp) e torque de 250 Nm a zero rpm, mas ao contrário dos motores assíncronos se mantém alto por um longo período de giros, decrescendo muito gradualmente com a carga – muito parecido com o de um motor de combustão interna.

O próximo passo da BMW é a realização de testes públicos em frotas e às mãos de pessoas selecionadas. Os dados daí vindos serão alimentados ao grupo de desenvolvimento de um veículo de produção seriada de uma sub-marca na primeira metade da próxima década.


José Luiz Vieira, Diretor, engenheiro automotivo e jornalista. Foi editor do caderno de veículos do jornal O Estado de S. Paulo; dirigiu durante oito anos a revista Motor3, atuou como consultor de empresas como a Translor e Scania. É editor do site: www.techtalk.com.br e www.classiccars.com.br; diretor de redação da revista Carga & Transporte.