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Imagine os últimos 30 anos de evolução tecnológica voltada para motocicletas. Adicione todos os aprimoramentos comercialmente viáveis que foram testados e aprovados nas mais duras competições. Junte tudo em uma só motocicleta. O resultado desta receita está na BMW R1200 GS Adventure.

A motocicleta apresentada neste teste é a versão que celebra o aniversário de 30 anos da família de motos que se tornou o maior sucesso da BMW em todo o mundo. O objetivo da BMW Motorrad em 1980 era apresentar um novo conceito de motocicleta, com potencialidades em on e off road, com um motor potente e resistente, num chassi robusto.

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A versão comemorativa dos 30 anos da BMW R1200 GS, nas cores originais branco vermelho e azul

A versão comemorativa dos 30 anos da BMW R1200 GS, nas cores originais branco vermelho e azul

 

A classe GS nascia e junto com ela toda uma gama de outras motos de outras marcas, instituindo o segmento das “Big Trail” na indústria.

BMW R80 GS de 1980 Foi um sucesso de vendas - foto Divulgação

BMW R80 GS de 1980 Foi um sucesso de vendas - foto Divulgação

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O sucesso da GS começou cedo, colecionando vitórias nas maiores provas de resistência que aconteceram naquela década. A BMW GS ficou famosa definitivamente quando o belga Gaston Rahier, com 1,57 metro de altura, venceu em 1984 e 1985 as duas provas mais duras do calendário: Rally Paris-Dakar e Rally dos Faraós, pilotando uma BMW R80 GS. A partir dali, a BMW Motorrad desenvolveu, aprimorou e incorporou às motocicletas da família GS as funcionalidades tecnológicas que garantiram o sucesso do modelo nesses 30 anos.

Rahier com a BMW R80 GS de 1984: original e preparada

Rahier com a BMW R80 GS de 1984: original e preparada

Selo comemorativo dos 30 anos vem afixado no parabrisa da R1200 GS Adventure

Selo comemorativo dos 30 anos vem afixado no parabrisa da R1200 GS Adventure

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Mais que isso, a BMW R1200 GS é hoje a referência no estilo moto-aventura, trazendo consigo todas as outras concorrentes de tradicionais marcas européias e japonesas. Mas a BMW tem uma legião de fãs aficcionados que não abrem mão da marca germânica.

O comportamento neutro da BMW R1200 GS na estrada se mostrou presente também nas trilhas; impressiona a leveza da direção

O comportamento neutro da BMW R1200 GS na estrada se mostrou presente também nas trilhas; impressiona a leveza da direção

A agilidade no trânsito não é das melhores, mas pode melhorar quando se retira as caixas laterais

A agilidade no trânsito não é das melhores a moto é longa e pesada, mas pode melhorar quando se forem retiradas as caixas laterais

 

Por causa da sua natureza versátil e que encara qualquer desafio, Motonline apresenta um teste completo, com a GS 1200 tendo sido utilizada em estradas boas e ruins, com bagagem e garupa, na cidade e também no fora-de-estrada.

Na estrada

Está claro que a vocação estradeira da BMW R1200 GS é um grande destaque. Na viagem a Curitiba para o Encontro Nacional dos Motonliners foram percorridos mais de 1000 Km por estradas de todos os tipos e que exigiram o uso de toda a tecnologia embarcada na GS. As funcionalidades tecnológicas, como ABS, controle de tração, ajuste automático das suspensões (opcional) de acordo com a carga e o piso, além do ajuste de altura do assento para o piloto, permitem mesmo aos menos experientes usufruirem do grande prazer que é a “tocada” da GS, resultado da segurança, estabilidade e conforto proporcionados.

O caminho a Curitiba incluiu a BR 476, com o famoso “rastro da serpente”, uma longa, quase interminável e deliciosa sequência de curvas com muitos buracos inesperados. Com a moto completamente carregada – bagagem no conjunto de malas laterais e garupa – a motocicleta não altera o comportamento dinâmico.

Não há oscilações ou qualquer indicativo de desequilíbrio, ela mantém a trajetória escolhida e permite correções sem sustos, mostrando toda sua agilidade. Os pneus Michelin Anakee junto com os vários ajustes eletrônicos da suspensão colaboram decisivamente para este bom comportamento ao abordar os diversos tipos de piso e sinuosidade das pistas.

É claro que o motor boxer que esbanja torque e despeja 110 cv de potência facilita muito o trabalho. A grande capacidade cúbica (cilindrada) permite rodar em rotações relativamente baixas e em boa velocidade. A força sempre está presente na hora de acelerar, mesmo sem reduzir marcha. Mas se a opção for essa, a aceleração fica brutal e nesta hora, dependendo da necessidade e da condição, o controle de tração atua pela segurança da manobra.

Outro dado importante é o consumo. Nos trechos menos travados numa tocada leve o consumo chega a ultrapassar os 20 km/l. Já em estradas mais travadas e que exige muitas trocas de marcha, o consumo pode ficar abaixo dos 15 km/l. Nos pouco mais de 1000 km percorridos, a média ficou em 18 km/l. Detalhe fundamental para isso: a BMW recomenda o uso apenas de gasolina Premium ou acima de 92 octanas.

Na cidade

A segunda fase do teste foi realizada no trânsito urbano com tráfego pesado, no calor e no frio. Seu porte avantajado exige muita atenção em todas as situações. Antes de tudo, retire as malas laterais para poder passar entre os carros com mais facilidade. Segundo, utilize a exclusiva regulagem de altura do assento do piloto para poder colocar os pés no chão com mais facilidade. Na cidade é comum deixar a motocicleta cair parada porque o piloto não conseguiu apoiar o pé firmemente no chão.

Como a moto é longa, nas curvas muito fechadas é preciso atenção com a traseira que pode pegar em alguns obstáculos. Apesar do tamanho e peso (acima de 250 kg), a GS tem a direção leve e muito ágil. Os mais distraídos podem achar que estão em uma motocicleta menor e sair pelos corredores “lambendo” alguns obstáculos.

Uma vez mais a GS transmite muita confiança ao motociclista e as características do motor ajudam em várias situações. As respostas imediatas do motor facilitam nas situação de perigo e os freios com ABS em conjunto com a característica anti-mergulho da suspensão dianteira fazem muita diferença, pois a geometria da moto não é alterada nas frenagens mais fortes, o que aumenta a neutralidade do chassi. Apesar de suas qualidades tecnológicas, a BMW R1200 GS não se sente muito à vontade no trânsito urbano. Sua vantagem é que, pelo porte e desenho agressivo característico, os motoristas facilitam e procuram dar passagem só para vê-la de perto.

As malas laterais da R 1200 GS aumentam na largura quando há necessidade de transportar grande volume de bagagem

As malas laterais da R 1200 GS aumentam na largura quando há necessidade de transportar grande volume de bagagem

O banco da R 1200 GS pode ser facilmente ajustado na altura: quatro posições movendo-se as duas barras de apoio na fixação

O banco da R 1200 GS pode ser facilmente ajustado na altura: quatro posições movendo-se as duas barras de apoio na fixação

 

Fora de estrada

Por último a BMW R1200 GS foi levada para trechos de terra com estradas de chão e alguma trilha. Em todas as situações ela se saiu melhor que o esperado, principalmente em estradas de terra, onde mostrou um comportamento bastante neutro e equilibrado. Apesar das ações do piloto ficarem restritas pela grande proporção que tem o peso da moto no conjunto moto-piloto, ela encara obstáculos com presteza e naturalidade. Se colocar o pé no chão ao entrar numa curva você pode encontrar o cilindro exposto no caminho, então manter os pés nas pedaleiras é fundamental. Deve-se desligar o controle de tração e o ABS no fora-de-estrada porque sua atuação não foi feita para esse terreno. Usar as técnicas de frenagem com pouca tração e saber dosar o motor nessas condições é essencial no dominio dessa máquina. Certamente, com pneus especiais off-road ela melhora muito, mas deve-se considerar essa opção apenas para uso exclusivo na terra.

As mesmas características que ela apresenta nos trechos de estrada asfaltada, ela traz para a terra. Em trilhas travadas a atenção deve ser redobrada por causa do peso e comprimento da moto, mas nas estradinhas onde é possível andar mais rápido, selecionando a suspensão de longo curso e na posição “soft”, o conforto é total e o controle continua perfeito.

Com a posição muito confortável o piloto não sente a pressão do vento em velocidade por causa do pára-brisa regulável

Com a posição muito confortável o piloto não sente a pressão do vento em velocidade por causa do pára-brisa regulável

A R1200 GS na trilha até que vai bem, mas como qualquer outra big-trail, com pneus especiais vai bem melhor

A R1200 GS na trilha até que vai bem, mas como qualquer outra big-trail, com pneus especiais vai bem melhor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ciclística e suspensões

A evolução da tecnologia que a marca aplica nos seus produtos é tradição da BMW e assim foi também nas motocicletas. A balança traseira Paralever é um sistema que faz a roda percorrer um arco muito maior do que o tamanho da balança permitiria com a fixação única em dois pontos. É monobraço e coincide com a estrutura para o eixo cardã que passa por dentro dela.

O sistema Telelever (esq) evoluiu da suspensão Earles de 1968 (dir); agora conta com a leveza das bengalas telescópicas aliadas à estrutura mais rígida do braço triangular

O sistema Telelever (esq) evoluiu da suspensão Earles de 1968 (dir); agora conta com a leveza das bengalas telescópicas aliadas à estrutura mais rígida do braço triangular

A suspensão Parelever conta com balança monobraço atuando em um paralelograma que permite a roda trabalhar num arco muito maior do que o comprimento da balança

A suspensão Parelever conta com balança monobraço atuando em um paralelograma que permite a roda trabalhar num arco muito maior do que o comprimento da balança

 

Na dianteira o garfo Telelever diminui a massa não suspensa e controla o efeito mergulho nas frenagens numa estrutura muito forte. O chassi é composto por várias peças treliçadas afixadas ao conjunto motor-câmbio que dessa forma passa a ser parte integrante da estrutura.

Motor

Famoso nas BMW o boxer (dois cilindros opostos) também evoluiu muito. Agora passa a ser um autêntico DOHC com diâmetro e curso de 101mm x 73mm, nada mau para a concepção mais tradicional da marca produzir 110 Hp e 12,24 Kgf.m de torque. Tudo isso entre 6000 e 7800 rpm. Você tem reserva de potência para qualquer ocasião, basta enrolar o cabo para a moto acelerar com força. A melhoria veio da nova concepção do cabeçote desenvolvido para o modelo HP2 de 2008.

Para 2010, a R1200GS substitui seu cabeçote anterior que não era exatamente um OHC. Para manter a saida do escapamento para a frente foram projetados comandos especiais com “cames” individuais para a válvula de admissão e escape. Os ressaltos dos comandos são cônicos e os balancins são montados com a inclinação de 22°. Assim as válvulas podem ser radiais e a câmera de combustão fica mais compacta, formato ideal para uma rápida queima.

O câmbio robusto de seis marchas da 1200 GS é construido com engrenagens helicoidais: menos ruído

O câmbio robusto de seis marchas da 1200 GS é construido com engrenagens helicoidais: menos ruído

Novo cabeçote herdado da HP2 tem duplo comando de válvulas e quatro válvulas por cilindro

Novo cabeçote herdado da HP2 tem duplo comando de válvulas e quatro válvulas por cilindro

 

Câmbio

Extremamente silencioso, as trocas de marchas são rápidas e mesmo acelerando em neutro, ao engatar a primeira não existe aquela batida normal das motos grandes. O câmbio parece até macio demais pois no início do nosso teste a quinta marcha escapava em condições de muita aceleração. Com o tempo de uso esse problema foi diminuindo até se acabar por completo. Nossa suspeita é que a moto, que retiramos com um pouco mais de 3000 Km estava com a mola de retenção dos clicks do rotor muito fraca e que com óleo novo no câmbio apresentou esse problema na troca da quarta para a quinta marcha. Parece que o rotor ultrapassava a posição da marcha desejada até que por fim, com o uso, as características do óleo se degradou um pouco, apenas o necessário para que o atrito do mecanismo de troca de marcha ficasse um pouco maior, evitando assim de escapar novamente. Uma mola um pouco mais forte no click do seletor pode resolver facilmente isso, antes que algo de mais grave aconteça.

Freios

Os excelentes freios são duplos flutuantes na frente e simples e fixo na traseira. Têm potência suficiente para parar a moto nas mais diversas situações, mas o ABS deve ser utilizado apenas no asfalto pois não tem resposta boa na terra. O piloto tem que saber usar o freio corretamente (sem o ABS) em situações de extrema falta de aderência. O modelo já vem com as rodas raiadas e pneus sem câmera. Para solucionar a incompatibilidade do aro normal esses raios são afixados na beirada extrema dos aros, fora da zona de pressão dos pneus.

Essa versão da BMW R1200 GS é comemorativa dos 30 anos da linha GS e conta com toda gama de acessórios disponíveis para o modelo normal. Para quem deseja conforto, segurança e uma enorme capacidade de levar carga, garupa e um pouco mais, esta motocicleta está pronta para a festa.

 

Ficha técnica

Motor

Dois cilindros opostos (boxer) de 4 tempos com arrefecimento a ar e óleo. DOHC (duplo comando de válvulas nos cabeçotes) quatro válvulas por cilindro em alinhamento radial, balanceiro em eixo central.

Diâmetro e curso 101 mm x 73 mm
Capacidade volumétrica 1,170 cm3
Potência máxima 110 hp (81 kW) em 7,750 rpm
Torque máximo 88 ft-lb (120 Nm) em 6,000 rpm
Razão de compressão 12.0 : 1
Controle da mistura / administração do motor Injeção eletrônica no coletor de admissão / BMS-K+ Sistema de administração do motor com corte de segurança de combustível e ignição de faisca dupla.
Controle de emissões Conversor catalítico de três vias em circuito fechado. stardard EU-3 (PROMOT3)

Performance

Velocidade máxima acima de 200Km/h
Combustível indicado Sem chumbo super e premium, octanagem 91 – 93

Sistema elétrico

Alternador trifásico 720 W
Bateria 12 V / 14 Ah, sem manutenção

Transmissão

Embreagem Mono disco a seco, operado hidráulicamente
Caixa de câmbio 6-velocidades em engate constante de engrenagens helicoidais.
Transmissão final Eixo cardã

Chassi

Estrutura em duas secções, dianteira e traseira afixadas no bloco estruturado composto por motor e câmbio.

Roda dianteira / suspensão BMW Motorrad Telelever; Tubos de 41 mm e amortecimento centralizado em estrutura triangular, ajuste de pré-carga de 5 posições de ajuste mecânico.
Roda traseira / suspensão Balança monobraço em alumínio fundido com BMW Motorrad Paralever; WAD – Amortecimento dinâmico em relação ao curso, pre-carga da mola ajustável hidraulicamente por manopla, amortecimento de retorno ajustável.
Curso da suspensão dianteira 210 mm
Curso da suspensão traseira 220 mm
Distância entre eixos 1,510 mm
Trail 89 mm
Rake 24,8°
Rodas raios cruzados
Aro dianteiro 2.50 x 19″
Aro traseiro 4.00 x 17″
Pneu dianteiro 110/80 R 19
Pneu traseiro 150/70 R 17
Freio dianteiro Disco duplo flutuante, diâmetro 305 mm, pinças fixas de 4 pistões.
Freio traseiro Disco único, diâmetro de 265 mm, com duplos pistões em pinça flutuante.
ABS Opcional extra: BMW Motorrad Integral ABS, pode ser desligado.

Dimensões

Comprimento total 2.240 mm
Largura (incl. espelhos) 990 mm
Altura (excl. espelhos) 1.525 mm
Altura do banco (ajustável) de 890 a 910 mm
Distância da curvatura interna das pernas 1.960 a 2.000 mm
Peso em ordem de marcha, tanque 90% cheio 256 kg
Peso seco 223 kg
Capacidade de carga total 475 kg
Carga útil (com equipamento stardard) 219 kg
Volume útil do tanque 33 litros
Reserva aprox. 4.0 litros

 

Galeria de fotos

 


Obs.: Para facilitar a discussão sobre esse assunto, criamos um tópico no fórum para os motonliners. Clique aqui para acessar o tópico.

Outras matérias da marca

 

Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.