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Um dos grandes nomes brasileiros da motovelocidade, o ex-piloto Edmar Ferreira, será homenageado durante o ICGP Brasil, que acontecerá no dia 23 de outubro no autódromo de Goiânia. Natural de Goiás, o ícone dos anos 1970 foi campeão brasileiro várias vezes, participou de provas como as 24 Horas de Bol d’Or e as 24 Horas de Le Mans, e disputou as categorias 250, 350 e 500 cm³ (além da 750 – realizada à parte do Mundial entre 1973 e 1979) do Campeonato Mundial de Motovelocidade.

Edmar Ferraira e sua Yamaha no Mundial da categoria 750 cm³, em 1976. Piloto de motovelicidade será homenageado durante o ICGP, neste final de semana

Edmar Ferraira e sua Yamaha no Mundial da categoria 750 cm³, em 1976. Piloto de motovelicidade será homenageado durante o ICGP, neste final de semana

A paixão pelos motores veio muito cedo, como se fosse predestinada, e se estende até hoje através de sua profissão. O piloto de avião, sempre guiando monomotores a jato, começou a competir – de moto – aos 18 anos, e também participou de provas de automobilismo, correndo em categorias como a Stock Car e o Brasileiro de Marcas até meados da década de 1980. Relembre a história deste ícone do motociclismo, e também de todo o esporte motor nacional.

Vida e obra de Edmar Ferreira – ícone brasileiro da motovelocidade

“Sou apaixonado demais e tenho uma saudade muito grande de quando corria. Lembro muito da emoção da vitória, das disputas, do trabalho envolvido, da adrenalina nas alturas… Eu me concentrava tanto antes de uma largada que parecia uma bomba prestes a explodir. Tudo parecia um sonho. Sempre corri para ganhar, mas diante de tudo isso o resultado na bandeirada era apenas um detalhe para mim”, disse o ex-piloto goiano sobre sua trajetória – e lembranças – nas pistas.

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Motovelocidade nos anos 1970: Denísio, Tucano, Edmar, Carlos Eduardo Luzia e Adú Celso, em 1979

Motovelocidade nos anos 1970: Denísio, Tucano, Edmar, Carlos Eduardo Luzia e Adú Celso, em 1979

A história de Edmar com o motociclismo nasceu na rua. “Antes mesmo de existir o autódromo, havia todos os anos havia uma corrida de motos no aniversário da cidade, dia 24 de outubro. Eu morava em uma das ruas que formavam o circuito”, conta. Em 1966, aos 18 anos de idade, Edmar começou a trabalhar como cobrador e convenceu seu patrão a financiar-lhe uma Lambretta para agilizar o serviço. Foi com ela que inscreveu-se para a primeira corrida de sua vida. Venceu a prova e recebeu de Luís Latorre, importadores da Ducati no Brasil, uma moto emprestada para disputar a categoria Força Livre, realizada no mesmo dia. Edmar ganhou de novo e tornou-se um vencedor constante nas provas realizadas em Goiás. Foi nessa primeira corrida que Edmar passou a utilizar o número 13, que o acompanhou até o fim da carreira: “Todo mundo evitava esse número por supostamente dar azar, mas a minha santa ignorância sobre isso me fez pegá-lo por ser o mais baixo entre os disponíveis!”.

Quando corria em outros estados, entretanto, as motos defasadas de Edmar não lhe permitiam grandes resultados. Paralelamente, tornou-se piloto de aviação – atividade que exerce profissionalmente até hoje. Em 1973, Edmar trabalhava para o fazendeiro e empresário Heitor Carvalho (falecido há cerca de cinco anos), que decidiu patrociná-lo, o que lhe permitiu ter acesso a motos melhores. No ano seguinte, foi campeão brasileiro da categoria 350 Especial com uma Yamaha TZ. Heitor, entusiasmado, decidiu financiar um passo ousado: a ida de Edmar para o Campeonato Mundial.

Edmar e outros grandes nomes da motovelocidade: Ramon Macaya, Edmar, "Jacaré", Eugênio Handa e Antônio P. Guzman. Foto registrada em Curitiba, 1974

Edmar e outros grandes nomes da motovelocidade: Ramon Macaya, Edmar, “Jacaré”, Eugênio Handa e Antônio P. Guzman. Foto registrada em Curitiba, 1974

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No primeiro ano, 1975, Edmar dividiu equipe com Adú Celso. Criou-se entre os dois uma grande rivalidade, que jamais afetou o bom relacionamento fora das pistas. “Havia uma diferença cultural e financeira gigantesca entre nós, mas nos respeitávamos muito. Quando fui para o Mundial, o Adú já tinha três temporadas de experiência e me ajudou muito. Sem a ajuda dele, minha participação não teria sido possível”, reconhece Edmar. Em duas temporadas completas, Edmar foi um entre dezenas de pilotos particulares que tentavam algum bom resultado contra as equipes de fábrica. Conquistou um quinto lugar na categoria 750 (na Tchecoslováquia, em 1976), um sexto na 250 (Alemanha, 1975) e um oitavo na 500 (Suécia, também em 1975).

A partir de 1977, Edmar passou a correr no Brasil e conquistou títulos nas categorias 350 Especial (1977, com uma Yamaha TZ) e Esporte 800-1300 cm³ (1980, com uma Honda RCB 1000). Nesse período, disputou as 24 Horas de Bol d’Or, em Paul Ricard (dois quintos lugares, em 1977 e 1978, em dupla com Walter “Tucano” Barchi), e de Le Mans (terceiro em 1979, também em dupla com Tucano). Em 1981, Edmar passou para o automobilismo, correndo em categorias como a Stock Car e o Brasileiro de Marcas até meados da década de 1980.

Dos tempos de piloto de moto, Edmar preserva seus muitos troféus, uma garrafa de champanhe e uma história curiosa. “Comprei esse champagne no free shop na França, depois do quinto lugar na Bol d’Or de 1977. Falei para o Tucano que ela seria aberta somente quando ganhássemos a Bol d’Or”, relata. “Evidentemente, a garrafa permanece fechada, mas continua guardada lá em casa…”, finaliza.

Repassando o legado. Edmar e Nicola Limongi com Eric Granado, ao centro. Aos 20 anos, piloto é uma das apostas da motovelocidade nacional

Repassando o legado. Edmar e Nicola Limongi com Eric Granado, ao centro. Aos 20 anos, piloto é uma das apostas da motovelocidade nacional

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Sobre o ICGP Brasil

O International Classic Grand Prix realizará sua sexta e última etapa da temporada 2016 – a primeira e única no Brasil – em Goiania, no próximo final de semana, dia 23 de outubro. O ICGP é um campeonato internacional de motos de Grand Prix das categorias 250 e 350 cm³ fabricadas entre janeiro de 1974 e dezembro de 1984, e seu criador é o francês Eric Saul, vencedor de dois GPs das categorias 250 e 350 em 1981 e 1982 e também participante do ICGP. Cerca de 40 motos alinham em cada corrida, havendo classificação e pontuação em separado para quatro categorias (350 cm³, 250 cm³, YC 250 e Master). As Yamaha TZ predominam, mas têm forte concorrência das Kawasaki KR, Chevallier, Rotax, Bimota, Exactweld, Egli, Harris e Spondon.

A entrada nas arquibancadas é franca, e ingressos para o paddock podem ser adquiridos por R$ 50,00. lém das corridas, haverá uma homenagem aos pilotos lendários da motovelocidade nacional e outras atrações com motos. Na sexta-feira e no sábado, o ICGP Brasil dividirá a programação de pista com os treinos e corrida do Porsche GT3 Cup. Mais informações podem ser obtidas junto ao site oficial do evento.

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Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza