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Quando foi a última vez que você pegou um ônibus? Estava vazio? Tinha ar-condicionado? Exalava um perfume de rosas? Estava cheio de gatas maravilhosas vestidas de mini-saia? Se você respondeu sim a todas estas perguntas certamente mora na Suécia. Os ônibus que conheço, especialmente em Sumpaulo, são cheios, estão sempre atrasados, dirigidos por motoristas que gostam de espalhar os passageiros a cada frenagem. Na época da minha faculdade (milecentos anos atrás) realizamos uma pesquisa para determinar o tempo de locomoção das pessoas na cidade. Não é difícil prever que a população de mais baixa renda mora nas periferias das grandes cidades e precisa se deslocar em várias conduções.

A Sundown Hunter 90 chegou para ser a moto mais barata do Brasil. De fato, por R$ 2.990 não existe nada parecido com uma moto em nosso mercado. Para facilitar ainda mais o acesso à moto, as prestações do consórcio estão projetadas para R$ 52 por mês, que pode ser até um valor menor do que o gasto com conduções. Apresentada no Salão da Moto de 2005, MOTONLINE teve contato com a Hunter 90 em uma avaliação, sem objetivo de medições, pois tratava-se de um modelo pré-série ainda não finalizado para consumo.

Cobre-corrente

Painel

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Motor

Freio dianteiro

Frente

Traseira

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A aparência da Hunter lembra a das “cinqüentinhas” do final dos anos 70, mas devidamente modernizado com a adoção de lentes cristais nos piscas e sistema de retorno do ar no cabeçote, atendendo às normas antipoluição de 2006. Muitas peças são de metal, como os pára-lamas e o cobre-corrente integral (esperança de longa vida para a corrente), outra lembrança das motos dos anos 70. O banco tem ampla espuma de boa densidade e comporta dois adultos, embora o motor de 5,6 CV não curta muito a idéia de puxar piloto e garupa. Um bagageiro de grandes proporções sugere o uso profissional, especialmente para os pequenos comerciantes que fazem entregas em curtos percursos: a Hunter 90 é a medida exata entre a rapidez e baixo custo. Mas não dá pra imaginar esta moto sendo usada por motoboys em grandes cidades, inclusive porque as regras para obter licença de motofrete determina o uso apenas de motos de 125 cc pra cima.

Os comandos elétricos são bem básicos e o acionamento da embreagem é extremamente macio. Para ligar basta um toque no botão de partida, ou dar uma patada no pedal para o motorzinho entrar em ação. O funcionamento é muito silencioso e boa parte das vibrações é dissipada pelas pedaleiras de borracha. Para um deslocamento volumétrico de exatos 86 cm3 as vibrações são até bem reduzidas. O posicionamento do motor com o cilindro quase horizontal à frente colabora para reduzir parte das vibrações.

Na prática A posição de pilotagem lembra muito as pequenas 50cc, com motor 4 tempos que só estão na lembrança dos maiores de 40 anos. É tranqüilo para deslocamentos urbanos, mas não dá para imaginar esta pequena utilitária encarando estradas e nem é este o escopo da Hunter 90. No caso de estradas vicinais, entre pequenas cidades é possível circular sem sacrifícios com uma velocidade de cruzeiro de 70 km/h. Não foi possível medir a velocidade máxima, mas pelo primeiro contato pode-se prever algo perto de 90 km/h reais. Por ser leve (85 kg) e baixa também será uma boa opção de primeira moto para iniciantes.

Outra lembrança das cinqüentinhas dos anos 70 é o esforço para enfrentar subidas. É natural, pois o torque de 0,59 kgf.m a 5.500 rpm limita um pouco a força em baixa. A Sundown optou por uma relação final que privilegia a velocidade de cruzeiro. Poderia ter usado uma relação mais “curta” para não perder velocidade na subida, mas a velocidade de cruzeiro seria menor. Em se tratando das dimensões continentais do nosso País, a velocidade na estrada é mais importante. Pelas características do motor pode-se prever uma substancial economia de gasolina, certamente algo acima de 40 km/litro sem muito esforço, já que o motor é muito parecido com os 4T da Honda Dream e Yamaha Krypton, grandes exemplos de economia. Com um tanque de 10 litros, é previsível uma autonomia de 400 km. Como a Sundown tem na sua linha a Web 100, com mesmo motor, é fácil prever uma Hunter 100, apenas alterando parâmetros de diâmetro ou curso do pistão, para passar dos atuais 86 cm3 para 96 cm3.

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O farol com lâmpada de 35/35W (como nas 250 nacionais) produz ótima iluminação para encarar a estrada no escuro e isso vai ajudar a convencer a enfrentar este trânsito entre pequenas cidades. Sobretudo nos municípios que ainda não contam com estradas iluminadas. Os pneus são Pirelli, nacionais, 2.50-17 na dianteira e 2.75-17 na traseira, com câmera, pouco mais largos que os do ciclomotor Mobylette. Os freios são a tambor e o dianteiro chega a preocupar pelo pequeno diâmetro, mas na prática ele é suficiente para controlar a frenagem da leve moto, sem comprometer a segurança.

A estrutura é simples, com o tradicional quadro monobloco de aço estampado, de fabricação fácil e econômica. Para o padrão de preço, o acabamento é correto, com um painel que lembra muito o das Suzuki Intruder, equipado de velocímetro, contagiros e indicador de marchas. Este último item é importante pois o câmbio rotativo de quatro marchas (como na Honda Biz) pode confundir os iniciantes. A exemplo dos câmbios rotativos que existem no mercado, na Hunter após o engate da 4ª marcha ele pode voltar ao neutro com apenas um toque. Mas ao contrário das motonetes, na Hunter a embreagem tem acionamento manual. Sei que muito mala vai escrever alegando “como pode uma moto simples como essa ter conta-giros e partida elétrica, enquanto as 125 da Honda e Yamaha não têm estes equipamentos?” Então, já vou respondendo: A Hunter é feita lá na distante China, em escalas inimagináveis e seu custo de produção é bem inferior ao das motos fabricadas aqui. E também já imagino a quantidade de cartas de leitores perguntando como fazer para aumentar a potência da Hunter!

Com a proposta de atingir o público iniciante, a Sundown está apostando no sucesso de vendas, sobretudo na região norte/nordeste, na qual o mercado de motos cresce exponencialmente. Se será fácil ver a Hunter em pequenas cidades, nas grandes pode crer que será a opção mais inteligente para pequenos deslocamentos. Por um baixo investimento, o usuário da Hunter poderá dizer Adeus ao ônibus.

Ficha Técnica HUNTER 90 CC SUNDOWN

Motor TIPO

4 tempos, (OHC), 1 cilindro, refrigerado a ar CILINDRADA 86 cm3 DIÂMETRO X CURSO

47 x 49,5 mm SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO Forçado por bomba trocoidal e banho de óleo TAXA DE CPMPRESSÃO

8,8:1 POTÊNCIA MÁXIMA 5,6 cv a 8500 rpm TORQUE MÁXIMO 0,59 kgf/m a 5500 rpm SISTEMA DE PARTIDA

Elétrica e a pedal Chassis

TIPO

Monobloco estampado SUSPENSÃO DIANTEIRA/CURSO

Garfo telescópico/95 mm SUSPENSÃO TRASEIRA/CURSO Braço oscilante com dois amortecedores hidráulicos FREIO DIANTEIRO/DIÂMETRO Tambor/110mm FREIO TRASEIRO/DIÂMETRO Tambor/110mm PNEU DIANTEIRO 2,50 – 17 43P PNEU TRASEIRO 2,75 – 17 47P Dimensões COMPRIMENTO

1885 mm LARGURA 760 mm ALTURA 1000 mm DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1210 mm DISTÂNCIA MÍNIMA DO SOLO 135mm Transmissão TIPO

4 velocidades (N-1-2-3-4) EMBREAGEM Manual e multidiscos banhados em óleo Sistema Elétrico IGNIÇÃO

CDI BATERIA 12V 5 Ah FAROL 35/35 W – Lâmpada halógena FUSÍVEL

10 A Capacidades TANQUE DE COMBUSTÍVEL

10 litros (reserva 0,8l) ÓLEO DO MOTOR 0,9 litro CAPACIDADE MÁXIMA DE CARGA 135 kg (piloto, passageiro e carga) PESO 85 kg CORES Preto, Vermelho

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.