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Foto: Mario Bock

Foto: Mario Bock

Algumas dessas 125 importadas pela Agrale em 1994 ainda rodam pelo Brasil e alguns leitores querem saber mais sobre ela. As rodas e pneus sÆo esportivos. O quadro e suspensäes sÆo de trail. Dessa mistura surgiu a categoria batizada de fun bike (motos divertidas), que agora tem mais uma representante das mais interessantes sendo comercializada no Brasil. A Agrale decidiu usar seu acordo com a Cagiva italiana para nacionalizar a Supercity, uma excitante versÆo fun bike de 125 cc que vai tirar o sono de muito adolescente (e marmanjo tamb‚m).

Do motor dois tempos, de exatos 124,6 cc, refrigerado a  gua, nÆo se sabe a potˆncia. Nem precisa. Certamente est  acima dos 30 cv e isso ‚ suficiente para lev -la aos 145 km/h (reais), ganhando o status de 125cc mais r pida do mercado. Toda estrutura da Supercity ‚ pensada para desfrutar o rojÆo.

Mesmo parada nota-se uma voca‡Æo esportiva. A semi-carenagem, al‚m de proteger contra o vento em altas velocidades, serve como cobertura para o tanque de pl stico preto (capacidade de 14 litros), conferindo um visual moderno e agressivo. Para completar, as rodas de 17 polegadas sÆo de liga leve, com trˆs raios e recebem enormes pneus radiais (110/70 ZR 17 na dianteira e 150/60 ZR 17 atr s).

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Foto: Mario Bock

Foto: Mario Bock

O painel continua seguindo a linha tudo pelo esportivo, com instrumentos montados sobre uma espuma de poliuretano, como nos modelos de competi‡Æo. O veloc¡metro ‚ um pouco exagerado, indicando at‚ 200 km/h (o que pode assustar alguns pais) e o contagiros mostra a faixa vermelha a 11.000 rpm. Para completar, h  o term“metro do l¡quido de refrigera‡Æo e o conjunto de luzes de advertˆncia. A Agrale poderia adotar o marcador digital de marchas, principalmente quando o cƒmbio tem sete marchas. Este marcador foi usados nas primeiras Agrale SXT.

A posi‡Æo de pilotagem ‚ totalmente enduro, gra‡as ao guidÆo largo (de alum¡nio) e ao banco estreito e envolvente. At‚ a tampa de gasolina tem o tubo de respiro, como nas fora-de-estrada. Ou seja, ao assumir o posto de comando, a impressÆo ‚ de estar pilotando uma trail. Mas a impressÆo fica (literalmente) para tr s quando come‡a a andar. E como anda! Faz de zero a 100 km/h em 8,3 segundos.  preciso ficar de olho no conta-giros para trocar as marchas aos 11.000 rpm, porque ‚ muito f cil passar de giro. O motor nÆo p ra de crescer, mesmo depois de engatada a s‚tima e £ltima marcha. A Agrale optou por encurtar a rela‡Æo final de transmissÆo em fun‡Æo das altera‡äes feitas para o Brasil e ao nosso combust¡vel. Com isso a Supercity chega aos 11.000 rpm na £ltima marcha, inclusive na subida, ou com garupa.  inacredit vel o desempenho dessa 125cc.

Geralmente nos velhos motores dois tempos muita velocidade significa pouca for‡a em baixa rota‡Æo. Mas isso ‚ coisa do passado. Hoje as v lvulas de controle do escapamento atuam de forma a permitir torque em todos os regimes de rota‡Æo. No caso desta capeta, o sistema batizado de CTS (Cagiva Torque System) funciona plenamente e pode-se rodar calmamente, em baixa rota‡Æo, sem o inc“modo de engasgos ou falta de retomada. Basta acelerar e o motor responde imediatamente, sem pedir redu‡Æo de marcha. O mais dif¡cil ‚ andar devagar.

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Para controlar esse ¡mpeto de sair voando, o sistema de freios ‚ bem dimensionado. Na frente destaca-se o enorme disco flutuante de 320 mm herdado da Cagiva Mito 125, com pin‡a Brembo de pistÆo duplo, equipada com uma tomada de ar para refrigera‡Æo. O disco traseiro tamb‚m ‚ derivado da Mito, com 230 mm de diƒmetro. Esses freios sÆo tÆo poderosos que nas primeiras frenagens ‚ preciso cautela para evitar o travamento.

O melhor da festa ‚ a estabilidade da Supercity. Durante o teste nÆo foi poss¡vel encontrar uma £nica curva que ficasse justa. Normalmente sobrava pista. Boa parte dessa estabilidade vem dos imensos pneus radiais. Outra parte ‚ dividida entre o quadro de a‡o de sec‡Æo quadrada e as suspensäes, monoamortecida na traseira (com reservat¢rio de g s) e upside-down (invertida) na dianteira. Esse conjunto consegue reunir firmeza com conforto de marcha, algo dif¡cil de se ver em uma 125cc.

A Supercity convida a um passeio por estradas sinuosas.  um imenso prazer deitar de um lado para outro e sentir os pneus agarrando e a suspensÆo absorvendo as ondula‡äes sem transmitir pƒnico ao piloto. Certamente nÆo foi feita para um fora-de-estrada, mas d  para enfrentar uma estrada de terra, desde que nÆo tenha lama. Ali s, na terra percebe-se de onde vem a expressÆo fun bike.  diversÆo pura: ao menor giro do acelerador a traseira escorrega, mas sob controle.

Rodando com a Supercity sente-se ainda mais a necessidade de um painel digital de marchas. Normalmente o motociclista sempre procura uma “s‚tima” marcha nas motos com seis marchas. Na Supercity isso nÆo acontece porque ela realmente tem a s‚tima, que ‚ engatada em vias expressas ou estradas para aliviar o motor. Pode parecer muito, mas justamente por ter um motor el stico, nÆo exige trocas de marchas constantes. Acima de 3.000 rpm o motor responde mais r pido, sem embaralhar, sendo poss¡vel ouvir a respira‡Æo do carburador Dellorto de 34mm. No processo de nacionaliza‡Æo foi alterada a bomba de mistura autom tica do ¢leo dois tempos, sem interferir no rendimento e queima da mistura ar-gasolina-¢leo. Depois de aquecida quase nÆo se percebe a emissÆo de fuma‡a pelos escapamentos. O £nico pˆnalti a comentar ‚ o pequeno ƒngulo de ester‡amento do guidÆo, que dificulta as manobras no trƒnsito.

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Os detalhes de atualiza‡Æo estÆo espalhados e come‡am pela balan‡a traseira de alum¡nio, refor‡ada por uma barra estabilizadora. Os suportes das pedaleiras do garupa, as tampas laterais, aponteira dupla do escapamento e o pequeno bagageiro tamb‚m sÆo de alum¡nio, na tentativa de reduzir ao m ximo o peso que j  baixo (125 kg a seco).

O acabamento ‚ not vel para uma piccola 125cc, mesmo levando em conta aspecto esportivo. O verniz da pintura bem cuidado, inclusive sobre os logotipo da Agrale. O cilindro fundido em alum¡nio te um acabamento tÆo esmerado que merece ficar mais exposto

O pre‡o, … primeira vista, pode parecer salgado: US$ 4.860 (abril de 94). Considerando todas as novidades tecnol¢gicas pode justificar a condi‡Æo de 125cc mais cara do mercado. Por‚m ela ‚ mais barata do que a Yamaha DT 200 (US$ 5.525), a Honda CB 200 Strada (US$ 5.154) e a pr¢pria Agrale Elefantr‚ 30.0 (US$ 5.038). Nesse £ltimo caso, a Supercity poder  concorrer internamente com outros modelos da Agrale e s¢ o mercado vai responder qual sobreviver .

Justamente por concorrer com motos de maior cilindrada, a Agrale preferiu manter essa informa‡Æo de forma discreta, na lateral, j  que a cultura motocicl¡stica no Brasil privilegia o n£mero de cc, muitas vezes desprezando a tecnologia empregada. A pr¢pria Agrale inovou nesse ponto e 1983, quando lan‡ou a SXT 16.5, identificando a potˆncia (16,5 cv) em vez da cilindrada (125cc).