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Caixa de metal

Caixa de metal

Gosto de dirigir, sempre gostei. É uma das atividades mais prazerosas para mim. Pegar uma estrada e sair para um bom destino, independente do roteiro. O importante não é chegar lá e sim o caminho a ser percorrido. O importante é ir.

A dificuldade no meu caso sempre foi chegar à estrada ou ir ao trabalho, enfrentando trânsito, gritaria, bagunça, buzinaço, buracos. Mas depois de tudo isso, uma boa rodovia é chegar no paraíso, ir sem pressa, ligar o rádio e curtir o caminho com a família ou os amigos.

Então por necessidade fui apresentado à uma motocicleta simples, muito útil e prática. Desde então chegar à rodovia ou ao trabalho não tem sido um martírio, pois para ela não tinha mais trânsito, a bagunça e o buzinaço não me incomodavam mais, os buracos já não faziam tanta diferença e o caminho era o que importava. A estrada se tornou mais prazerosa ainda, seja com a família, os amigos ou até mesmo sozinho.

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Ouvir os sons da natureza é melhor ainda, mas fazer parte dela é incrível. Pois é isso que a motocicleta proporciona, nos dá alegria e energia, nos faz conhecer novos caminhos, horizontes e amigos, é uma ferramenta agregadora, ela une as pessoas nos bons e maus momentos.

Depois de muito tempo utilizando só a motocicleta me habituei à ela, tanto que quando precisava dirigir um carro estranhava. Quem nunca tentou entrar num corredor guiando um quatro rodas para fugir do trânsito?

E como na vida nem tudo são flores, fui obrigado a dirigir por mais algum tempo, enfrentado trânsito caótico, chuva e calor e me senti aprisionado nessa caixa de metal que, apesar de gostar muito e ele ser muito útil, depois de conhecer a motocicleta, percebi que já não era o bastante para mim. A motocicleta já fazia parte da minha vida e que sem ela é muito difícil de se locomover em São Paulo, pois o trânsito é caótico e o transporte público uma piada (de mau gosto).

Ainda não entendo como as autoridades não vêem a motocicleta com bons olhos, como uma boa (e não única) alternativa para o caos que se implantou nessa metrópole. Ao contrário, ela é demonizada pela sociedade em geral e seus governantes, o que é uma pena. Quem sai perdendo são eles.

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Um bom exemplo disso é o que acontece sempre comigo. Sofri um acidente de carro há alguns anos e muita gente ainda acha que foi de moto por me ver sempre pilotando. Então depois de muitas perguntas, se eu melhorei, se estou andando bem, etc, vem a pergunta derradeira, aquela que todos esperam para fazer: “E você ainda tem coragem de andar de moto?” “Claro!”, respondo. “O acidente foi de carro e mesmo que fosse de moto nunca iria parar de pilotar”.

Se fosse por esta lógica , no meu caso deveria ter deixado de andar de carro, pois meu acidente foi com um. É bom lembrar que não estou aqui dizendo que esta caixa de metal que se chama automóvel deva ser esquecida. Ao contrário, ela é muito útil e necessária. Mas ela não deve ser priorizada, como se faz em muitas cidades, principalmente São Paulo.

Patriarca
Enfermeiro socorrista por profissão, mecânico por esporte e motociclista por paixão, Patriarca é moderador do Fórum e também pauteiro (não confundir com "paupiteiro") da redação do Motonline.