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Casey Stoner, Repsol Honda, Qatar Race

Casey Stoner, Repsol Honda, Qatar Race

Como foi o teu Natal e a recepção na Austrália?
“Nada de mais, apenas um período tranquilo e agradável com a família e amigos e a oportunidade de fugir de toda a confusão. Tivemos de voltar mais cedo à Suíça para nos prepararmos para o bebé, pelo que foi bom ter tempo para relaxar, recuperar e preparar-me para este ano.”

Como está a tua mulher Adriana? Vão ser pais em breve, estão nervosos?
“A Adriana está óptima, não há qualquer problema e está de perfeita saúde. Estamos a fazer figas para que tudo continue assim. Não estamos nada nervosos, já esperámos muitos, e na verdade parece que está tudo a decorrer muito devagar! Só queremos estas últimas semanas corram da forma mais tranquila possível. Espero poder estar em casa para o nascimento já que está previsto para entre os dois testes, pelo que estou a fazer figas para poder ir a casa para a ocasião.”

Como é que achas que vai ser coordenar a paternidade com as corridas?
“Sou bom a separar a vida privada das corridas. Quando estou em pista é tempo de correr, quando estou afastado dela, tirando o facto de treinar um pouco, não há nada em casa que me faça sequer querer pensar em corridas, quero apenas desfrutar a minha vida e quando chega a altura da corrida seguinte estou pronto e excitado por ela.”

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A tua casa é aqui na Suíça, gostas de viver aqui?
“Acho que é um país lindo, gostamos do estilo de vida e das pessoas que vivem à nossa volta. Temos um pequeno riacho e trilhos para BTT perto do local onde vivemos, pelo que nos podemos desligar mesmo de tudo quando estamos aqui e passar algum tempo a sós em preparação para cada corrida, sem interrupções. É um estilo de vida lindo aqui e gostamos, em particular do Inverno.”

Aqui, nas montanhas, preferes esqui ou snowboard?
“Prefiro esqui, mas sei fazer os dois. Não tenho problemas com qualquer um deles, mas posso ir a mais sítios com o esqui, gosto de aventura. Com o snowboard temos de tirar a prancha e caminhar para sair de sítios, enquanto com o esqui podemos seguir sem parar.”

O teu amigo de longa data Chaz Davies acabou de vencer o Campeonato do Mundo de Supersport. É fantástico vocês terem conquistado títulos Mundiais no mesmo ano.
“É fantástico. O Chaz teve uma carreira complicada, não teve muitas oportunidades – também tive alguns momentos difíceis, mas nada que se compare ao Chaz – e foi importante ele ter sempre respondido, continuado a seguir em frente e ter, finalmente, a oportunidade de mostrar o que pode fazer. Por isso, estou muito contente por ele e por termos conquistado Campeonatos no mesmo ano – não são muitas as coisas que podiam ter corrido melhor.”

Como te sentes em relação à nova época e a correr com o número 1?
“Estou ansioso por correr com o número 1, muitas pessoas pensam que é um agoiro, mas quando se é campeão do mundo deve rodar-se com o número 1. É mais um desafio para mim e gosto disso. Esta época deve, uma vez mais, ser muito dura; estamos a começar uma nova categoria, pelo que temos muito que testar com a moto para a colocarmos num patamar que nos satisfaça. Terminámos o último teste contentes, mas não totalmente satisfeitos, ainda temos muitos preparativos a fazer com a moto. Estes próximos passos serão importantes e esperamos recolher muitos dados.”

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Tendo por base as tuas impressões no último teste em Valência, que alterações vais ver na moto?
“Vamos ter pequenas alterações no chassis. Com os novos pneus sentimos um aumento das vibrações, pelo que temos de ajustar o chassis em função das borrachas, o que pode ser frustrante. Temos de fazer a moto funcionar melhor, quando deixamos os travões a moto quer vibrar muito. O último passo que demos em Valência foi um progresso, mas ainda temos de dar um grande passo em frente. Também temos de melhorar a travagem do motor. A aceleração do motor é boa, o bloco de 1000cc dá muita resposta, e torná-lo mais macio à entrada em curva deverá representar uma vantagem.”

A mudança para as 1000cc este ano não será com a era das 990cc, como achas que vai ser a passagem para a 1000cc este ano?
“Para ser franco, não vejo que mude muito em comparação com as 800cc. Com a electrónica que todos têm, o patinar não será muito, estará lá, mas a electrónica vai resolvê-lo para alguns pilotos. Estamos com pneus diferentes de quanto tínhamos as 990cc, nessa altura havia luta de pneus, mas agora não. Não creio que será muito diferente das 800cc, mas veremos. Gosto mais das 1000cc, têm mais garra e potência, são mais traiçoeiras em pistas mais curtas, especialmente com as velocidades mais baixas, e estamos a ter problemas com os cavalinhos, a cada velocidade que engrenamos a roda da frente quer levantar, pelo que será um desafio reduzir isso, mas de forma geral é bom estar de volta a uma 1000cc.”

Essa não é a única alteração este ano, temos as motos das Claiming Rules Team (CRT) e 21 máquinas na grelha. Não tens calado a tua opinião quanto ao futuro das CRT, mas o que pensas delas esta época?
“Vamos esperar e ver. Olhando para os tempos por volta não é impressionante. Estou certo que algumas equipas vão conseguir lidar com o tema e que vão ter os pilotos certos e que deverão ser competitivas, mas há outras que penso que não serão nada competitivas. Creio que só lá estão para número, o que, para ser franco, me deixa contente, mas quando não estão com motos competitivas e pilotos que nunca provaram nada é difícil dizer o quão competitivos todos serão, mas o tempo o dirá.”

Quem vês como teus rivais esta época?
“O meu principal rival será o Jorge (Lorenzo), ele foi primeiro em 2012 e segundo em 2011, ele estará sempre na luta. Todos os pilotos de fábrica, bem como o Andrea (Dovizioso) com a Tech 3 Yamaha, que está com a mesma equipa do ano passado, vão dar o máximo na frente. Infelizmente, vamos sentir falta do Marco (Simoncelli), que estou certo que estaria na frente. As coisas mudam todos os anos, pelo que veremos quem consegue a melhor prestação durante todo o ano.”

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Como achas que a Ducati vai estar este ano?
“Eles dizem que renovaram totalmente a moto em 90%, mas fizeram-no a meio do ano passado; alteraram a moto de trás para a frente, de cima para baixo, e não mudou muito. Espero, para bem da Ducati, que consigam apresentar uma moto competitiva este ano porque o Campeonato precisa disso. Independentemente daquilo que o piloto quer, todos precisam do maior número de construtores possível a rodar na frente. A Yamaha e a Honda querem competição; infelizmente a Kawasaki e a Suzuki já não estão no Campeonato, pelo que precisamos de todas as motos na frente.”

Quem pensas serem os próximos talentos a surgir no paddock e quem pensas que será competitivo no futuro?
“Ninguém pode olhar muito além do Marc Márquez, ele teve duas temporadas mesmo impressionantes e revelou-se um merecedor campeão. Será interessante ver como regressa depois da operação ao olhos, é um contratempo assustador de onde ele vem. Vai ser duro dizer onde está o nível, há alguns pilotos que estiveram nas 125cc durante muito, muito tempo e foram esses os homens da frente. Penso que o Viñales tem feito um grande trabalho. Mas é complicado dizer quem vai ser competitivo até chegarem ao MotoGP e vermos até onde chegarão.”

Há rumores que dizem já que o Márquez será um futuro companheiro de equipa teu. O que pensos disso?
“Gosto muito do Marc; é uma personagem. Cometeu alguns erros no passado, mas teve a atitude certa para com as corridas, aprende depressa e caminha em frente em vez de ficar estagnado, e isso, nele, impressiona. Não importa quem é o meu companheiro de equipa, ainda estamos a correr com o mesmo grupo, independentemente de ser, ou não, nosso companheiro de equipa, no final temos sempre de o bater. Espero que um dia o Marc seja um deles.”

Muitas pessoas já dizem que 2012 é o teu ano. Como te sentes em relação a este ano em comparação com o último?
“De certa forma vejo este ano como sendo um pouco mais difícil, se conseguirmos afinar bem a moto no início da época poderá ser um ano muito bom para nós. Mas, como vimos na segunda corrida do ano passado, ficámos logo para trás e fomos nós que tivemos de lutar arduamente para recuperar. Tivemos de apresentar uma temporada perfeita, sem mais erros; se tivéssemos tido mais algum as coisas podiam ter corrido de forma muito diferente para nós. Com a forma como o Campeonato decorre hoje em dia, é quem consegue resolver tudo no início da época – e não comete erros – que triunfa; quem comete um erro hoje em dia tem muitas dificuldades em recuperar. Estamos confiantes em relação a esta temporada, mas teremos de ver como estão as coisas a meio do ano e quanto mais vamos ter de puxar.”