Publicidade
Foto: CBR600RR

Foto: CBR600RR

Muito mais que estilo – Apesar de compartilharem o mesmo motor de quatro cilindros em linha de 600cc, a superesportiva Honda CBR 600RR custa cerca de R$ 10 mil a mais que a naked CB 600F Hornet.

Conheça as diferenças técnicas que justificam essa diferença Honda CBR 600RR e CB 600F Hornet têm praticamente o mesmo motor: quatro cilindros em linha de exatos 599 cm³ de capacidade. Em ambas, as suspensões são invertidas na dianteira e monoamortecida na traseira. Rodas e pneus são exatamente iguais: aro 17 em liga-leve calçadas com pneus 120/70 na frente e 180/55, atrás. Mas porque, então, a CBR 600RR custa muito mais?

A resposta está no projeto de cada uma das motos. Não é apenas o visual esportivo e a carenagem da CBR 600 que justifica a diferença de R$ 10.000 entre os dois modelos. O que distingui os dois modelos Honda de 600cc é a tecnologia envolvida em cada um deles.

Publicidade

Além da óbvia diferença de estilo – naked e superesportiva – e da constatação de que a CB 600F Hornet é mais versátil e confortável que a CBR 600RR, analisamos tecnicamente cada um dos modelos e mostramos as diferenças que fazem destas motos -primas- distantes.

Foto: Hornet

Foto: Hornet

Motor – Os dois propulsores têm a mesma capacidade cúbica e originam-se do mesmo projeto. Têm o mesmo diâmetro e curso e a mesma capacidade (599 cm³), além da mesma estrutura – quatro cilindros em linha com duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC). Porém internamente há muitas diferenças que explicam porque a Hornet produz -apenas- 102 cv a 12.000 rpm, enquanto a CBR oferece 120 cv a 13.500 rpm.
A começar pelos materiais utilizados na fabricação. Enquanto os pistões da CBR são feitos em alumínio forjado, os da Hornet são feitos em alumínio também, porém injetado. -Isso porque na CBR, o motor gira mais que na Hornet e, portanto, os pistões sofrem maior esforço-, explica Alfredo Guedes Júnior, engenheiro da Honda. A tampa de válvulas da CBR é feita em magnésio, já na Hornet é feita em alumínio. Materiais que começam a explicar a diferença de preço.

Mas os 18 cv a mais da CBR 600RR não vêm só dos materiais utilizados. Os sistemas de alimentação e exaustão das duas motos são completamente diferentes. Enquanto na Hornet apenas uma mola controla a abertura das válvulas, na CBR são duas. Apesar de terem o mesmo ângulo de abertura das válvulas, os dutos de admissão têm ângulos diferentes. -O motor da CBR 600 também é mais inclinado à frente. Isso faz com que a mistura despenque para dentro da câmara de combustão-, simplifica Alfredo.

Publicidade

Outro item importante para a maior potência no modelo superesportivo é o sistema de alimentação. Apesar de ambas serem equipadas com injeção eletrônica, a CBR 600RR traz o sistema de dois bicos injetores por cilindro, enquanto a Hornet tem apenas um. Isso sem falar na indução direta de ar, uma espécie de turbo natural que em altas velocidades injeta ar com mais velocidade para dentro do motor. O sistema pode ser notado pela grande abertura central na carenagem da CBR 600. -Tudo é projetado para aumentar a velocidade com que a mistura entra na câmara de combustão-, completa o engenheiro da Honda. Alfredo ainda acrescenta que o motor da CBR é mais taxado, ou seja, a taxa de compressão é maior: 12,2:1 na CBR e 12,0:1 na Hornet.

Na prática, nota-se que o motor da Hornet funciona mais -redondo- em baixas rotações e em uso urbano, mas também oferece emoção se o piloto girar o acelerador. Já na CBR 600RR o propulsor parece ter fôlego infinito em altas rotações, empurrando sem parar até os 13.500 rpm.

Ciclística – A especificação do quadro de ambas é a mesma: tipo diamante em alumínio. Seria o mesmo? Não, responde Alfredo. -Diamante significa que ambas usam o motor como parte integrante da estrutura, mas eles são bem diferentes-. A Hornet tem um chassi monotrave superior em alumínio. -Mais -flexível- e maleável no uso urbano-, resume o engenheiro.
Já na CBR trata-se de um perimetral de dupla trave superior. Mais rígido e de acordo com a proposta esportiva da CBR, uma moto praticamente pronta para competir. -As reações das motos urbanas são indesejáveis na pista-, resume.
As suspensões que podem parecer semelhantes aos leigos guardam também importantes diferenças. Apesar da mesma especificação, o garfo telescópico dianteiro da Hornet já vem com um acerto para o uso em ruas e estradas, em sintonia com seu chassi. Já na CBR 600RR oferece múltiplas regulagens, desde a pré-carga da mola até a velocidade de compressão e retorno. -Como cada piloto tem sua tocada, na CBR pode-se regular a suspensão ao seu gosto. Já na Hornet o acerto é padrão de fábrica-, diz Guedes.
Na suspensão traseira, mais diferenças. Enquanto o único conjunto mola-amortecedor da Hornet está fixado na balança, no sistema Unit Pro-Link da CBR 600, o amortecedor está embutido na balança traseira, tecnologia já usada nas motos de competição da Honda, como a RC 212V do Mundial de MotoGP. Tudo para manter a roda no chão nas saídas de curva e acelerações.
Ao rodar com as duas, nota-se mais rigidez da CBR. A moto fica mais -dura- para circular na cidade, porém mais estável em uso extremo, como frenagens bruscas para fazer uma curva. Já a Hornet sente-se em casa ao passar em corredores e enfrentar algumas (pequenas, é verdade) imperfeições no asfalto.
Sem falar na posição de pilotagem, que também influencia no conforto do motociclista. Na CBR, o piloto fica deitado sobre o tanque, já na Hornet a postura é mais ereta. Mas aí é uma questão de estilo e gosto de cada um. Além do bolso, é claro. Já que a Hornet tem preço sugerido de R$ 30.837 (R$ 33.137, na versão com ABS), enquanto a CBR 600RR, R$ 42.200. Uma diferença e tanto que vai além do estilo.