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Como reunir duas atividades outdoor em um mesmo final de semana

A paixão em comum pelo motociclismo fora-de-estrada e pela escalada reuniu um grupo de amigos que formaram os Climbikers, ou, em uma tradução livre, “moto-escaladores”. Cada um dos amigos tem experiência diferenciada nas duas atividades e decidiram que o melhor seria reunir o que cada modalidade tem de melhor para que se completem. No final do artigo você pode ver uma descrição de cada um dos integrantes dos Climbikers.

A idéia de juntar moto fora-estrada com escalada nasceu da maior mobilidade que a moto oferece para alcançar locais muitas vezes inacessíveis até para veículos 4×4. Alguns dos melhores locais para escalada tem acesso difícil e os escaladores são obrigados a percorrer a pé longas trilhas, carregando pesadas mochilas nas costas. Dividindo os equipamentos em três ou quatro motos, o acesso torna-se mais fácil e bem menos cansativo.

Nossa primeira experiência foi no feriado de 7 de setembro, na região entre São Bento do Sapucaí e Itajubá, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Munidos de GPS, saímos de Campos do Jordão e logo nos primeiros quilômetros encontramos uma pedra nova, com enorme potencial de abertura de vias de escalada na região próxima a Luminosa. Marcamos o ponto no GPS e continuamos por trilhas que as vezes ficavam estreitas e muito emocionantes, beirando abismos de terra. O tempo e o clima colaboraram para um passeio perfeito até Itajubá. Pouco antes da cidade, encontramos outra pedra com potencial para escalada.

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Complexo do Baú

Na divisa dos municípios de Sâo Bento do Sapucaí e Campos do Jordão, em São Paulo, está localizado o complexo do Baú, formado por três enormes blocos de granito: Bauzinho, Baú e Ana Chata. A primeira conquista da pedra do Baú data de 1940, por dois irmãos, Antônio e João Cortez, moradores de São Bento. Sem os equipamentos especiais de segurança, chega a ser assustador como conseguiram subir e descer o maciço de pedra com 350 metros de altura, atingindo o cume, a 1.950 metros de altitude em relação ao nível do mar.

Juntos, Baú e Bauzinho apresentam mais de 50 vias de escalada esportiva, com grau de dificuldade variando de 2º a 10A e que têm de 30 a 250 metros. O complexo do Baú representa o maior playground para quem gosta de escalada e montanhismo e a região em volta de Campos do Jordão é um paraíso para quem gosta de moto fora-de-estrada. Por isso, nosso primeiro primeiro fim de semana climbiker foi reservado para explorar aquele território.

Estávamos em três climbikers: Alê Silva, Eduardo Gualberto e eu, Geraldo Tite Simões. Depois da jornada off-road foi a vez de encarar a via Dança da Chuva, 5º grau, com duas cordadas (cerca de 60 metros). Normalmente poderia ser feita em menos de uma hora, mas um pequeno problema com a corda enroscada em uma laca de pedra nos deixou presos na parada, a cerca de 150 metros do chão e sem a menor chance de sair dali. Nestes momentos é importante manter a calma e o sangue frio, ligar o celular e chamar um resgate aéreo. Como esta operação poderia custar muito caro, decidimos que teríamos de usar toda a nossa coragem e perícia – e um pouco de violência física – para mandar o Alê nos tirar dali sob risco de ser atirado 150 metros pedra abaixo.

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A experiência de ex-campeão brasileiro e instrutor de escalada do Alê Silva foi o bastante para que todos saíssem da roubada, algumas horas depois e com as pernas em brasa por causa do calor absurdo que a tarde de primavera nos proporcionou.

Para quem quiser alcançar o cume da Pedra do Baú existe um acesso pela escada metálica colocada nas faces norte e sul. A subida não é tão difícil, mas recomenda-se um bom preparo físico e muita coragem porque em alguns momentos a exposição é grande. Não tente fazer esta subida se estiver com problemas de saúde e faça um bom alongamento antes para evitar uma indesejável e perigosa cãimbra. O acesso à escada pode ser feito pela entrada do parque estadual do complexo do Baú, seguindo pela estrada de asfalto que liga Campos do Jordão a São Bento de Sapucaí. Existem placas indicando a entrada do parque e é preciso percorrer cerca de 8 km de estrada de terra. Quando chove esta estrada pode se tornar um transtorno para quem não tem um 4×4 ou uma moto off-road.

Alexandre Silva, empresário, dono da academia Casa de Pedra, ex-campeão brasileiro de escalada esportiva. Começou a pilotar no fora-de-estrada de forma mais ativa a partir de 2003 e participou do Rali dos Sertões, onde teve de abandonar por causa de uma fratura no pé direito.

Eduardo Gualberto, médico, motociclista há muitos anos, participou também do Rali dos Sertões em 2004, terminando na 24ª colocação. Escala há cerca de dois anos e desde o ano passado criou a G2, empresa voltada para a organização de eventos de aventura.

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Eduardo Zampieri, jornalista, pilotou motocross na adolescência e começou a escalar há 10 anos. É piloto de provas da revista MOTO! e atualmente participa do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade na categoria 500.

Geraldo Tite Simões, jornalista, piloto de enduro por 10 anos e de motovelocidade por cinco anos. Vice-campeão brasileiro em 1999 e começou a escalar em 2003. Também é instrutor de pilotagem de moto do curso SpeedMaster e editor do site Motonline.

*ATENÇÃO: A prática da escalada é uma atividade de alto risco que pode provocar sérios ferimentos e até a morte. Certifique-se de ter conhecimento suficiente e material pessoal de segurança necessário antes de praticá-la.

*Geraldo Tite Simões é jornalista e instrutor de pilotagem e mantém uma coluna mensal na Revista MOTOCICLISMO

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.