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Por Jan Messias

Na estrada, com a Tenere e Serra Grande ao fundo. As estradas do Ceará são um convite aos passeios pela variedade de paisagens

Na estrada, a Yamaha Ténéré 250 com a majestosa Serra Grande ao fundo. As estradas e a variedade de paisagens do Ceará são um convite ao moto turismo

O Ceará, mesmo não sendo dos maiores estados do Brasil, é um dos que possui paisagens mais variadas. Viajando pelo Ceará é possível passar por belas praias ( são mais de 500km de litoral), florestas úmidas, como a Floresta Nacional do Araripe-Apodi, ao sul do estado, que guarda um dos últimos redutos de mata-atlântica ( isso mesmo, mata atlântica!). Além disso, temos o sertão como uma grande riqueza de paisagens e pontos que precisam ser melhor conhecidos. Juntando tudo isso às cidades históricas, como Icó e Aracati, temos um estado que vale a pena ser percorrido sobre duas rodas, para sentir melhor todas essas emoções.

A vontade de viajar para Jericoacoara (Jeri) vinha desde os tempos de adolescência, mas aproveitei o fato de estar de férias para enfrentar os quase 600 km que separam Iguatu, cidade na região centro-sul do estado, de Camocim, cidade de uma amiga de infância, que aproveitei para visitar.

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A viagem

Estrada a caminho de Acopiara, uma rodovia em ótimo estado. Um convite ao prazer de pilotar

Estrada a caminho de Acopiara, uma rodovia em ótimo estado. Um convite ao prazer de pilotar

Como em todas as viagens mais longas, iniciei logo na madrugada, antes do sol sair. Por volta de quatro e meia da manhã eu já iniciava o percurso, rumo norte, para cruzar o estado. De modo geral, depois de viajar por praticamente todo o estado, podemos dizer que as rodovias do Ceará estão em bom estado para viajar. Saindo de Iguatu passamos por Acopiara, Mombaça e iniciamos a subida de uma serra para chegar em Pedra Branca. Muitas curvas, mas as condições da pista dão a segurança necessária para fazê-las sem medo.

Estrada noturna, fim da madrugada. Um bom horário para iniciar as jornadas e a Estação Férrea de Ipueiras, perto da Serra da Ibiapaba

Estrada noturna, fim da madrugada. Um bom horário para iniciar as jornadas e a Estação Férrea de Ipueiras, perto da Serra da Ibiapaba

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Nesse percurso, ao invés de ir mais pelo centro do estado optei por abrir a rota mais para oeste para passar perto da Serra da Ibiapaba, a Serra Grande daqui. Paisagens impressionantes e cidades históricas que cresceram ao redor da estrada de ferro que inicia em Camocim, construída pelos ingleses no século XIX. Muitas cidades para onde pretendo retornar com mais tempo para desfrutar daquelas paisagens de tirar o fôlego. Viajei sempre observando a imponência da serra.

Camocim: história e belas praias

As águas claras de Camocim são mais um atrativo da cidade, com praias ainda tranquilas para um passeio

As águas claras de Camocim são mais um atrativo da cidade, com praias ainda tranquilas para passear

A chegada em Camocim foi com uma boa sensação de vitória depois de passar a manhã sobre a moto. A cidade é bem sinalizada, com placas que orientam bem os visitantes e elas me conduziram logo para o cais do porto. A cidade se desenvolveu no passado por ter um porto movimentado e ser a estação inicial da linha férrea que corta a região norte do estado.

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A boa sinalização de Camocim é de grande ajuda aos muitos turistas que visitam a região

A boa sinalização de Camocim é de grande ajuda aos muitos turistas que visitam a região

Apesar de muitos prédios estarem se deteriorando e abandonados dá pra perceber claramente o ar histórico da cidade. Logo na orla de Camocim da para ver a Ilha do Amor, um dos pontos turísticos do município, com belas praias e dunas altas para quem gosta de um pouco de adrenalina. A paisagem é um alento para os olhos, com o encontro do Rio Coreaú com o mar formando uma foz com águas verdes.

Os ventos da região são muito aproveitados pelos praticantes de windsurf e kitesurf. O município também conta com belas praias, ainda intocadas pela especulação imobiliária, onde se pode encontrar a tranquilidade para uma caminhada, como a praia do farol, a poucos quilômetros da sede do município e a praia do Maceió, a 18km, cujo acesso está facilitado por uma pista asfaltada. Além disso há lagoas que atraem muitos turistas, paisagens dignas de cinema que esperam visitantes.

Praia do Farol, em Camocim, Ceará, com um visual digno de cinema. Antes de ir para Jericoacoara passei dois dias conhecendo melhor a região

Praia do Farol, em Camocim, Ceará, com um visual digno de cinema. Antes de ir para Jericoacoara passei dois dias conhecendo melhor a região

Passeio de moto pela areia da Praia do Maceió, Camocim, Ceará e Fim de tarde em uma das praias de Camocim. Para andar nas dunas é fundamental baixar a pressão dos pneus da moto

Passeio de moto pela areia da Praia do Maceió, Camocim, Ceará e Fim de tarde em uma das praias de Camocim. Para andar nas dunas é fundamental baixar a pressão dos pneus

 

A aventura no Parque Nacional de Jericoacoara

A aventura de moto envolve muita areia pelas dunas para quem pretende entrar no Parque Nacional de Jericoacoara pela Ilha do Amor, em Camocim

A aventura envolve muita areia das dunas quando se entra no Parque Nacional de Jericoacoara pela Ilha do Amor, em Camocim

Foto 1: pegando a balsa em Camocim para a Ilha do Amor - Foto 2: eu e o Ronaldo, o guia desenrolado que ia em uma Fan150

Foto 1: pegando a balsa em Camocim para a Ilha do Amor – Foto 2: eu e o Ronaldo, o guia desenrolado que ia em uma Fan150

A Praia de Jericoacoara, internacionalmente conhecida como uma das mais belas do mundo, fica dentro do Parque Nacional de Jericoacoara, uma área de preservação que se estende por três municípios, mas a famosa praia pertence ao município de Jicoca. A rota mais comum é ir até à sede do município e de lá seguir, mas eu quis fazer uma rota diferente e cruzei em Camocim, o Rio Coreaú em uma balsa rumo à Ilha do Amor onde contei com a ajuda de um guia. Diminuimos a pressão dos pneus e cruzamos a ilha passando por paisagens incríveis entre as dunas. A pilotagem na areia requer muito mais cuidado e não se pode perder a firmeza no acelerador sob risco de desestabilizar a moto e ir ao chão, o que não é de todo ruim, já que a areia é macia. Outro problema que pode acontecer é a moto atolar, especialmente motos de maior cilindrada, mais pesadas.

Na Duna do Funil, uma das paradas a caminho de Jericoacoara

Na Duna do Funil, uma das paradas a caminho de Jericoacoara

Na hora de sair é preciso atenção para que o pneu não se enterre na areia fofa. A presença do guia é fundamental para as primeiras viagens, já que a paisagem das dunas muda constantemente com os ventos e dependendo da maré é possível encontrar caminhos mais fáceis. Além disso o guia já sabe bons pontos para visitar, como a Duna do Funil, uma duna alta que termina em uma linda lagoa. No local exsite um ponto de prática de “skibunda”, descendo a duna em alta velocidade sobre um ski apropriado.

Outro ponto de parada é a Praia de Tatajuba, onde há pequenas barracas rústicas servem frutos do mar, sempre bem frequentadas pelos visitantes da região. Para chegar a essa praia passamos por trechos pela praia, para viajar mais tranquilamente na areia firme.

Cemitério do Mangue, um dos pontos turísticos na rota do Parque Nacional de Jericoacoara

Cemitério do Mangue, um dos pontos turísticos na rota do Parque Nacional de Jericoacoara

Foto 1: travessia da segunda balsa para entrar no Parque Nacional de Jericoacoara - Foto 2: redes para descansar. Quando a maré sobe esse ponto fica com água na altura da rede

Foto 1: travessia da segunda balsa para entrar no Parque Nacional de Jericoacoara – Foto 2: redes para descansar. Quando a maré sobe esse ponto fica com água na altura da rede

Depois disso passamos pela paisagem incrível do ‘Cemitério do Mangue’, um local que já foi um exuberante manguezal, mas que o deslocamento natural das dunas invadiu ao ponto de ir matando as árvores. Nesse trecho é preciso ter cuidado, já que há muitas raízes altas do que restou das árvores. Depois desse trecho há mais uma balsa para atravessar para a entrada oficial do Parque Nacional de Jericoacoara. A vila já está mais próxima mas ainda enfrentamos mais areia e mangue para chegar.

A Vila de Jericoacoara

Jericoacoara possui paisagens incríveis e gente receptiva. Ao fundo, na foto, a famosa Duna do Por do Sol, um ponto de encontro ao fim da tarde

Jericoacoara possui paisagens incríveis e gente receptiva. Ao fundo, na foto, a famosa Duna do Por do Sol, um ponto de encontro ao fim da tarde

A chegada na ilha, para quem vem pelo caminho que escolhi, é ainda mais emocionante; é preciso acelerar firme as motos para subir a famosa Duna do Por do Sol e assim que se chega ao topo podemos ver uma paisagem de encher os olhos: a vila de Jericoacoara, a imensidão de dunas de areia branca de um lado e a imensidão azul do mar do outro lado, paisagem pontilhada pelos praticantes de kite e windsurf.

A imensidão das dunas de Jericoacoara. É comum a formação de lagoas de água cristalina entre elas durante a época chuvosa

Na imensidão das dunas de Jericoacoara é comum a formação de lagoas de água cristalina na época chuvosa

Foto 1: meu momento de turista pela praia apreciando a vista do Por do Sol nas dunas - Foto 2: roda de capoeira ao fim da tarde em Jericoacoara

Foto 1: meu momento de turista pela praia, apreciando a vista do por do sol nas dunas – Foto 2: roda de capoeira ao fim da tarde em Jericoacoara

A Vila em si é muito charmosa e acolhedora, com suas ruas de areia, onde existe a proibição de circular com veículos automotores ( que nem sempre é seguida). Os preços são para todos os gostos, com hospedagens em conta e com conforto. O que mais me encantou em Jeri, na verdade, foi o clima dos visitantes: muita gente de outros países, principalmente jovens com o perfil de aventureiros, mochileiros, de gente que está no mundo para ir vendo e vivendo. A vida noturna é em clima de descontração, com muitos bares e atividades ao ar livre e clima de tranquilidade para sair e tomar umas boas cervejas antes de voltar.

A volta para casa

A ténére 250 e o mar de camocim, em mais uma viagem para guardar bem

A Ténéré 250 e o mar de Camocim, em mais uma viagem para não ser esquecida

Depois de gastar boas horas nas delícias de Jericoacora chegou a hora de voltar e aproveitei para seguir a indicação do guia, que havia me mostrado a trilha do mangue seco, que, segundo ele, evita tanta areia. Depois de uns poucos quilômetros em um trecho mais difícil de areia chega-se a uma estrada carroçavel de boa qualidade, que leva até Jijoca, a sede do município. De lá peguei a CE-085, a Rota do Sol Poente, para voltar passando por Fortaleza, 290km distante. A rodovia está em excelente estado de conservação, tendo mais de 100km duplicados. Um cuidado a se tomar, especialmente no trecho mais próximo de Jijoca, é com os animais na pista, principalmente ovelhas.

No trecho final da viagem já começa a bater a vontade de voltar para aproveitar mais as águas boas e o vento agradável de Jeri, mas isso é história para um outro dia.

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