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Por Eduardo Mammini

Viagens longas de moto tornaram-se um sonho para mim quando comecei a ler relatos de viajantes nos sites de motocicletas e de motociclistas brasileiros, americanos e espanhóis, contando suas experiências em viagens por todos os cantos do planeta.

Mas, peguei fogo mesmo quando li os livros de três brasileiros, em que cada um deles, à sua maneira, fez a sua viagem pelo mundo. Fiquei pasmo com o desprendimento, pelo espírito de aventura, pela técnica, pela vivência e humildade de cada um frente aos desafios que enfrentaram. São eles: Raphael Karan – Projeto 5 Continentes, Marcelo Leite – Estrada para os Sonhos e Itiro Nakakura – Atacama.

Kawasaki Versys 650, a moto escolhida por Eduardo para a viagem

Kawasaki Versys 650, a moto escolhida por Eduardo para a viagem

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Sou motoqueiro de tempo integral. Tenho um scooter para os deslocamentos pela cidade de São Paulo, uma Citycom 300i (Mosca Preta) e uma street fighter para passeios de fim de semana, uma KTM Super Duke 990 (Katilene). Com esta última já fiz inúmeros track days, cursos de pilotagem com os melhores instrutores que a capital paulistana pode proporcionar. E já fiz também pequenas viagens, mas ela não é a moto ideal para longas viagens. Então parti para uma atitude radical, comprei a terceira moto, uma Kawasaki Versys 650 (Valeska), que une com maestria o equilíbrio entre uma naked e uma trail. E com ela fui me aventurando por passeios cada vez maiores. Aqui vai o relato de um deles.

Planejamento…

Viagens para um fim de semana ou feriado prolongado são relativamente fáceis se a sua moto está em dia com a manutenção e, geralmente, você sabe muito bem para onde vai; conhece as estradas, as cidades e quem vai encontrar.  Para viagens mais longas, por lugares desconhecidos e distantes, é um pouco diferente. Se você é jovem e destemido, tudo é aventura. Mas, a partir de certa idade você não quer passar por aborrecimentos.

Mapa da viagem

Mapa da viagem

Então, começam os planejamentos: Qual será o roteiro? Onde ficar? O caminho é de terra ou de asfalto? – sou péssimo no fora de estrada – A moto aguenta? A tua família te receberá de volta?

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Escolhi ir ao Uruguai no Carnaval de 2016, relembrando um relacionamento sério que tive com uma uruguaia há 20 anos, quando conheci um bocado da vida daquele simpático e lindíssimo país. Por conta disso precisei dar entrada numa liberação familiar para esta viagem, suplicando de joelhos ao solicitar um alvará de soltura junto à minha excelentíssima atual senhora, que não é a uruguaia.

Alvará expedido, tracei um roteiro pelas estradas que queria conhecer ou rever. Como tinha somente a semana do Carnaval disponível, tive de aumentar a quilometragem diária para dar tempo de ir e voltar. Dou sempre prioridade por caminhos asfaltados. E buscar hotéis, hostels, pousadas decentes, mas com preços bem camaradas.

A moto para viagens longas tem de estar 100%. Nesta viagem fiz 4.976 km pelo Brasil e Uruguai. Não é uma distância tão respeitável quanto ir a Ushuaia, ao Atacama ou ao altiplano andino. Dá para ir e voltar sem trocar o óleo do motor. Mas, você precisa ter certeza que vai e volta sem dores de cabeça, que a sua moto será confiável o tempo todo. Revisão geral, óleo e filtros novos, pneus em dia e tanque cheio para a viagem.

6/2 – Primeiro dia…

No Rastro da Serpente

No Rastro da Serpente

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Optei em iniciar a viagem pelo Rastro da Serpente, que oferece mais de 200 km recheados de curvas, infindáveis curvas. Foram 730 km no primeiro dia. Para muitos motociclistas paulistas e paranaenses esse trecho é conhecido. Começa em Capão Bonito/SP e vai até quase Curitiba/PR. No trecho paulista o asfalto tem trechos regulares a bons, no trecho paranaense, salvo problemas pontuais, é um tapete. Já fiz esse trecho três vezes, vale a pena para quem adora curvas e quer ficar longe do tráfego intenso da BR 116.

Na noite anterior à saída quase não dormi. A ansiedade era grande. Saí as 4h45, mas pilotar no escuro é tenso.

Saí de São Paulo pela Raposo Tavares e segui via Ibiúna, Pilar do Sul, trecho que conheço bem por conta de inúmeros passeios. No trecho entre Capão Bonito e Apiaí, já oficialmente no Rastro da Serpente, o asfalto está péssimo. Depois de Apiaí melhora bem. Cruzo para o Paraná em Ribeira e o asfalto vira um tapete.

E dá-lhe curvas. Fiquei com os joelhos em frangalhos de tanto pendular na moto, culpa dos track days, quando fazemos isso nas baterias de 20 minutos. Mas aprendi a maneirar pois pilotamos em viagens por mais de 2 horas ininterruptas, às vezes, além do desgaste físico. Pretendia ir e voltar nesta viagem. Exceder-se demais na estrada não é aconselhável em longas viagens, nem nas curtas. Mas, adoro curvas e a Valeska é divertida para isso.

Abasteci em Curitiba e segui em direção a Joinville, Itajaí e até Brusque, todas cidades catarinenses, onde fiquei no Hotel Beira Rio para um merecido descanso, pois no dia seguinte seriam mais de 800 km até São José do Norte no Rio Grande do Sul.

7/2 – Serras, terra e pampas…

Saí às 7h45 de Brusque. Só não contava que conseguiria me perder na saída da cidade, rsrs… Coisa pouca, perdi no máximo 15 minutos. Esse povo de megalópoles não se acha em cidades menores.

No caminho correto fui numa tocada alegre. O povo do interior de Santa Catarina anda muito devagar, não passam de 80 km/h na reta com descida. A Valeska some na frente. Segui pelo interior do estado.

O objetivo era descer a Serra do Rio do Rastro. Quem não conhece, próxima ao topo desta serra fica a cidade de São Joaquim, a cidade mais fria do Brasil. Para chegar lá passei pelo Vale Europeu, região de Santa Catarina com grande imigração de alemães e italianos. Não só pela imigração que dá uma característica diferente à urbanização da região, mas o visual do vale é maravilhoso.

A Serra do Rio do Rastro será o destino do 1º Ducati Dream Tour Brasil

Serra do Rio do Rastro – arquivo Motonline

Mas, calculei mal o meu itinerário que passaria por Nova Trento. Para chegar em Angelina, após Major Gersino, tem uns 20 km de estrada de terra. Uma hora perdida, afinal sou uma lástima na terra. Mas o visual da região compensou muito a perda de ritmo da viagem, até valeu a pena o percurso, só não recomendo para esportivas puras. A Katilene já passou por aqui com muito cuidado. Já com a Valeska fui com muita calma, devagar e cuidado. E, sobrevivi!

De volta no asfalto deitei o cabelo na SC 282, mas nem tanto, afinal o visual é arrebatador para subir a serra até Urubici, e de lá segui quase até São Joaquim para então descer a Serra do Rio do Rastro, na SC 390.

Sim, passei frio lá. E é a terceira vez que percorro a serra, duas vezes subi, agora descida. Punk! E, para variar não vi a vista deslumbrante do topo da serra. Neblina das fortes. Tive de pilotar com a viseira semi aberta, limpando a água da viseira com a luva, um olho na estrada e outro no limite da estrada, com o mato. Não enxergava mais de 10 metros adiante. Desci são e salvo esta estrada belíssima e desafiadora. De lá toquei para a BR 101. Tráfego livre, rápido, pista reta, oh coisa sem graça!

Chegando em São José do Norte (RS)

Chegando em São José do Norte (RS)

Parei em um posto de gasolina, perguntei para um motorista de ônibus e acertei de primeira a estrada para São José do Norte. Detalhe da localização desta cidade: sabem a Lagoa dos Patos no RS? Ela é separada do mar por uma restinga, 250 km de restinga. A cidade fica no extremo sul da restinga, de frente para a cidade e porto de Rio Grande. O visual é belíssimo, mas eu pensava que veria o mar e a lagoa ao longo do percurso, ledo engano, não vi nem um nem outro. A estrada já dá uma pegada no visual dos pampas, plana, reta e com inúmeros trechos cheios de buracos, que se não arrancam a roda do carro, te derrubam da moto muito fácil.

Aproveitei para descansar porque no dia seguinte cedinho iria pegar a balsa que liga São José do Norte com Rio Grande, para seguir viagem com destino a Montevidéu, Uruguai.

8/2 – Hoje foi pirado…

Acordei, pulei da cama, comi uma banana de café da manhã e fui correndo pegar a balsa que liga São José do Norte a Rio Grande. São poucas balsas diárias que levam veículos, não podia perder a primeira delas para não comprometer o ritmo da viagem. E, fiquei esperando uma hora pela sua chegada.

Balsa que liga São José do Norte a

Balsa que liga São José do Norte a Rio Grande – foto: Prefeitura de S. José do Norte (RS)

Na balsa vai de tudo carro, caminhão, moto e carroça com cavalos e tudo. Como só tinha comido uma banana no hotel e demorou quase 2 horas todo o processo de espera e travessia, tempo que me deixou varado de fome. Depois, do desembarque comi algo e fui para a estrada.

Então, para dar uma pitada de aventura, perdi a saída pro Chui, que fica logo na saída de Rio Grande. Quando percebi estava em Pelotas, indo para Jaguarão. No fim é tudo a mesma coisa, você acaba no Uruguai. Mas pela estrada que liga Rio Grande ao Chuí passa-se pela Reserva do Taim, local belíssimo que conheci há 20 anos, e queria rever. Pela estrada que percorri conheci o lugar, puro pampa. Lindo! Valeu a pena me perder!

Toquei para Jaguarão feliz. Até parei num posto da Policia Rodoviária Federal para pedir informações sobre distancias, pois a sinalização é meio deficiente neste sentido e queria evitar uma pane seca. Estava dentro do planejado e da autonomia da Valeska. Lá conheci um jornalista do jornal Correio do Sul de Arroio Grande/RS e concedi uma entrevista sobre a viagem. Tô ficando famoso! E segui rumo a Jaguarão/RS, fronteira com Rio Branco já no Uruguai.

É, nos detalhes mora o diabo! Que vergonha, me planejei tanto para esta viagem e não levei nem RG e nem passaporte, documentos exigidos para se entrar no Uruguai. Só tinha a CNH. Amador total! Quase me afogo no Rio Jaguarão de tanta frustração. Estava quase voltando até São Paulo, quando resolvi ir ter com a nossa valorosa Policia Federal.

Solução? Vá entrando, tchê! Aqui os uruguaios às vezes entram sem se cadastrarem e não fazemos caso se eles não têm a documentação correta, vai entrando, tchê! Carreguem bem no sotaque gaúcho, tchê!

Aduana na cidade de Rio Grande (RS)

Aduana na cidade de Rio Grande (RS)

Logo, estou aqui escrevendo e confessando um crime, fiquei ilegal no Uruguai, rsrs… passei na cara dura na aduana uruguaia e nada. Sem sirenes, sem perseguições, nada. Mesmo assim fiz os primeiros 50 km dentro do Uruguai de olho no espelho retrovisor para ver se não vinha uma viatura da polícia me perseguindo para me expulsar do país por ter entrado ilegalmente. Consciência pesada é barra!

Nunca, jamais façam isso. Levem o RG ou o passaporte, é simples, é prático, e vai evitar muita frustração à toa. Organização é tudo numa viagem de moto com final feliz.

Mais uns 450 km e estava de banho tomado, exausto e pronto para dormir num aconchegante hostel em Montevidéu. Hostel Ejidonea, não exatamente um primor em limpeza e organização, mas o colchão da cama é fenomenal, e os amigos que conheci valeram a pena.

No dia seguinte dei uma folga de estradas e fiquei só em Montevidéu.

9/2 – Dia do sossego…

Sem motos! Ou quase… Conheci três paulistas que também estavam dando um rolezinho de moto pelo Uruguai. Depois descobri que no hostel em que eu estava hospedado alugavam bicicletas. E, buenissimas, solo 300 pesos… pouco menos de 40 reais o dia todo. Me acabei. Se o traseiro dói por ficar o dia todo em uma moto, de bicicleta, então, doem também as pernas.

Teatro Solis em Montevidéu

Teatro Solis em Montevidéu

Pedalando pelas Ramblas

Pedalando pelas belas Ramblas

Revi a Montevidéu que conheci há 20 anos. Revi a Ciudad Vieja, pedalei pelas ruas e pelas Ramblas. Quilômetros…

Fiquei quase 12 horas pedalando pela cidade. Almocei no Mercado del Puerto e comi um belo bife que vale por dois dias de carne para um ser humano normal.

Me acabei de ficar sentado, descansar e contemplar a vida acontecendo lentamente à minha frente. Limpeza mental.

10/2 – Hoje foi filosófico…

Fui a Punta del Este.

Quando viajo tenho costume de prestar atenção nas cidades, em sua urbanização, arquitetura, casas, gente.

Em Santa Catarina percorri o chamado Vale Europeu, com casas lindas à beira da estrada, todas floridas e recém pintadas. Vê-se o carinho com que são cuidadas. Por que? Reconhecimento social? Ou só capricho com o próprio lar? Tudo sem muros. É algo único no Brasil. E já rodei bastante pelo Brasil.

Então chego a Montevidéu e seu ar grave e sisudo de cidade européia, com um povo reservado, solto e livre, tudo ao mesmo tempo. Quem já conheceu um argentino e viu que ele pode ser porra-louca e reservado ao mesmo tempo entenderá. Uruguaios têm uma atitude similar.

La Mano Del Desierto em Punta Del Este

La Mano Del Desierto em Punta Del Este

Punta del Este é completamente diferente de Montevidéu. Casas ajardinadas, sem muros, sem cercas e a grande maioria das mais modernas com paredes inteiras de vidro de frente para a rua. Sim, paredes inteiras. Vi uma família à mesa almoçando e eu lá a 30 metros na rua, ao alcance dos olhos. Isso não existe no Brasil.

A cidade não é apinhada como as nossas cidades de praia. Guarujá, Camboriú, Ipanema. Lembra trechos da Barra da Tijuca. Punta del Este é uma cidade aberta arejada, mesmo cravejada de prédios e com um comércio de luxo intenso e ostensivo.

Palácio da presidência em José Artigas

Palácio da presidência em José Artigas

Fiquei pensando na nossa neura de ‘Casa Grande – Senzala’, com carros blindados, casas muradas como bunkers, nos apinhando como formigas enquanto segregamos o resto do mundo lá fora. Nossas casas são fechadas, os apartamentos têm janelas com venezianas que só abrem pela metade. Lá não, é tudo aberto, sem paranoias. Não que o Uruguai seja muito melhor que nós. O país inteiro é do tamanho do Paraná e com 1/3 da população.

Quando foi que perdemos o Brasil? Nossas casas sem muros, nossas crianças brincando na rua. Eu brinquei. A nossa liberdade de almoçar de janelas abertas ou sem paredes?

É bom viajar para conhecer outras culturas e filosofar. Eles tiveram o Mujica e nós o Lula.

Em Punta del Este almocei no hotel Casa Pueblo, que fica na Punta Ballena. Maravilhoso, um culto à arte de bem viver, misturando arquitetura singular, hotel de luxo e um delicioso restaurante. Se você não pode ou não quer gastar com a hospedagem, faça como eu, almoce lá. Custa tanto quanto um bom restaurante de Punta, mas tem um visual arrebatador e inigualável.

Depois voltei para Montevidéu e fiquei curtindo as minhas caminhadas pelos arredores do hostel.

11/2 – Um dia quase excelente…

Quase? Pois é, teve um momento triste.

Aqui é comum nos cruzamentos se respeitar a preferencial. Quem vem na vicinal pára e aguarda a vez. É ótimo, evita o anda e pára dos semáforos. Um motoqueiro não respeitou a preferencial e houve um acidente, infelizmente fatal.

Minha ida a Colônia del Sacramento foi triste por isso. Pensei numa vida que se foi por distração, displicência, prepotência, má educação, etc. Uma família que fica só. Isto é triste. Lição que fica, atenção e respeito pelo próximo.

Farol em Colônia de Sacramento

Farol em Colônia del Sacramento

A estrada para Colônia del Sacramento é uma imensa reta cercada pelos pampas. Pela manhã, na ida, frio. Na volta, à tarde, calor insuportável. E, uma reta, muita reta.

Colônia del Sacramento é uma cidade colonial. Quem já foi a Paraty ou Ouro Preto sabe como é. Tem o lado moderno e o lado colonial. Lindo!

Caminhei deslumbrado pela simplicidade, quietude e séculos de história. A cidade foi fundada pelos nossos patrícios portugueses e tomada pelos espanhóis por ser muito rica. Coisas do colonialismo. O Uruguai é um paíz independente porque sempre foi muito rico.

Boa comida, ótimo sorvete e café para acordar do deslumbramento e voltar para o hostel para arrumar as malas. Este foi o meu último dia no Uruguai.

Amanhã a caminho do nosso Brasil, para deixar de ser imigrante ilegal no país dos outros.

12/2 – Voltando…

Acordei cedo em Montevideo, terminei de ajeitar as coisas e já cai na estrada. Ou melhor, fui pela rambla. A vista do Rio da Prata vale pelo caminho mais longo. Comi uma banana, para variar, e só rsrs…

A saudade é grande e a vontade de chegar em casa também.

No caminho de volta passei por algumas usinas eólicas

No caminho de volta passei por algumas usinas eólicas

As nossas melhores estradas brasileiras são o padrão das uruguaias… Ok, nem tanto. Percorri mais de 1.600 km no Uruguay e vi somente um buraco grande nas estradas. Imagine um buraco do tamanho de uma panela de pressão, assim grande, e só. Radares? Em Montevidéu tem um trecho da Rambla que vi uns três, e só. Nos primeiros 10 km de estrada assim que entrei no Brasil vi muito mais buracos e radares.

Infelizmente, temos de dar a mão à palmatória, eles estão uns 10 ou 20 anos à nossa frente como sociedade. Nenhum lugar é perfeito. Fiquei só três dias lá, ilegalmente, mas, queria que muitas das qualidades que vi lá fossem normais aqui na nossa Terra Brasilis.

Ótimas vias, pessoas educadas, trânsito calmo e, o principal, um lugar maravilhoso na sua simplicidade.

Neste dia segui viagem até Santa Maria/RS. Na saída do Uruguay passei batido pela aduana, vai que resolvem me prender por ficar 3 dias inteiros por lá ilegalmente. Pelo caminho, só pampas. É monótono pelas retas infinitas. Me lembrei da banda Engenheiros do Havaí e sua música “Infinita Highway”.

13/2 e 14/2 – Em casa, são e salvo…

Saí de Santa Maria e logo de saída uma subida de serra, uhúúú! Primeiras curvas em mais de 2.500 km. Fui subindo me controlando para não arrepiar demais, afinal tinha de chegar em casa inteiro e o pneu estava quase quadrado.

A viagem rendeu bem, ritmo bom mas cheio de trânsito. No Uruguai você roda às vezes 10 ou 20 minutos sem ver um carro ou pessoa, só gado e plantações. Aqui no Brasil sempre se tem algum veículo à vista. Você nunca fica a sós. Oh, muvuca!

Eu planejei dormir em Irati/PR, próximo à cidade de Ponta Grossa, mas vi que chegaria lá próximo das 17 horas, exatamente como havia previsto. Planejei assim para não me desgastar demais ao longo da viagem. Mas estava só a 560 km de casa, da minha cama, do meu chuveiro, dos meus amores…

Toquei em frente, nem parei, apesar do hotel parecer ser bonito. Queria chegar logo em casa.

De volta ao lar na querida cidade de São Paulo

De volta ao lar na querida cidade de São Paulo

Fui tocando, só parando para abastecer a moto e eu. Cheguei em casa à uma da madrugada do dia 14/2, exausto, mas inteiro.

Neste trecho tive os únicos sustos da viagem inteira!

Sustos? Dois…

Primeiro – um caminhão me dá uma fechada forte enquanto o ultrapassava. Acelerei e fui embora. Por que? Farra. buzinou e piscou os faróis. São os animais que existem em qualquer estrada.

Segundo – outro caminhão, uma carreta, desta vez fazendo ultrapassagem no meio da curva, sobre outra carreta, todos muito rápidos, eu inclusive, vindo no sentido contrário deles e na minha mão da via. Os cursos de pilotagem em autódromo e os track days valeram cada centavo. Não sei como, freei tudo no meio da curva, desviei para o acostamento e desci a moto por dois palmos de desnível doasfalto para o acostamento sem cair.

Lembrem-se que nossas estradas não são como as uruguaias, que têm acostamento decente e bem conservado. Se estivesse de carro teria dado acidente. Este motorista foi amaldiçoado até à sétima geração.

Enfim, em casa, banho tomado, beijos e abraços distribuídos às mulheres da minha vida. Fui dormir, por que a vida voltou ao normal.

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O motonliner Eduardo Mammini enviou este relato através do “Você no Motonline”. Mande você também o seu texto e o compartilhe com milhares de leitores que, como você, também amam as motos.