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Uma conversa recente com um executivo da área de marketing com grande experiência em montadoras de automóveis me fez refletir sobre uma decisão que tomei há alguns anos e que teve impacto positivo sobre minha saúde (física e financeira): não ter mais carro, mas apenas moto. Minha decisão foi baseada puramente em números, o que explico mais adiante. Mas a conversa com o executivo ilustra o tema.

NaoTerCarroSe você tem 40 anos ou mais, provavelmente teve entre suas prioridades na juventude ter um carro. Qualquer carro. Uma moto talvez tenha sido prioridade também, mas o carro vinha antes. Tudo bem, eu fui exceção na turma, já que meus amigos tinham carros e eu preferi comprar moto e, naturalmente, fui ganhando novos amigos.

A preocupação do amigo executivo de marketing foi justificada por ele mesmo com alguns recentes indicadores de que para os jovens de hoje, ter carro é cada vez menos prioritário, como o fora para mim “alguns” anos atrás. Ou, escrito de outra forma, uma parcela cada menor de jovens que completam 18 anos colocam o carro como uma de suas 3 prioridades no início da vida adulta.

Não são poucas as pesquisas que comprovam essa tendência. Uma delas, realizada pelo IDGNow!, mostrou que o carro está na quarta posição das compras planejadas dos jovens, perdendo para viagens, imóvel e formação pessoal. Outra, realizada pela ThinkGoodMobility e publicada no Jornal do Carro do Estadão (SP), indica que o carro está no horizonte dos jovens da geração “Y” (ou Millennials) no prazo de até 10 anos adiante e que as exigências quanto a tecnologia favorável ao meio-ambiente são mandatórias para este público.

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O resumo disso tudo é que as minhas próprias razões para decidir não ter um carro há alguns anos pode ter pouco a ver com as preocupações do colega “marketeiro”, mas o fato é que muita gente que vive em grandes cidades tem pensado algumas vezes mais antes de decidir comprar um carro. As razões são as mais variadas, mas todas passam por questões puramente racionais, como as que eu tive. Simplesmente resolvi fazer contas e chegar às minhas próprias conclusões. Acompanhe.

Segundo reportagem publicada no Portal R7, o custo médio para manter um carro popular gira em torno de R$800,00 por mês, o que perfaz algo bem próximo de R$10.000,00 por ano. Esse cálculo inclui todas as despesas com o automóvel, como tributos, seguro, combustível e manutenção básica. Além do custo de aquisição do veículo, que não sai por menos do que R$35.000,00, na cidade de São Paulo, por exemplo, rodar com o carro deve incluir um custo adicional não previsto na reportagem do R7, que é o estacionamento. Além disso, o custo de perder horas todos os dias para se deslocar de um lugar a outro não pode ser traduzido em valores monetários, mas certamente essa conta é cobrada da saúde do motorista.

Com todos estes dados na ponta do lápis, cheguei a um valor anual de R$15.000,00, já que meu carro não era popular e tinha mais de 5 anos de uso, o que ampliou consideravelmente o valor da manutenção mecânica. Ou seja, uma média de R$1.250,00 por mês. Como eu mantive o scooter que já tinha, calculei o gasto com o scooter pois o seu uso mais intensivo geraria alguma manutenção adicional. Cheguei ao valor de R$250,00 por mês ou R$3.000,00 por ano. Claro, o carro é extremamente necessário em algumas ocasiões: dias de chuva, uma festa com toda a família, um compromisso que exija traje rigor ou uma eventual emergência. Levei em consideração ainda a existência (em São Paulo) de uma rede de transporte coletivo que não é um primor, mas atende as principais rotas urbanas e pode ser utilizada tranquilamente.

diferença, mesmo utilizando táxi várias vezes, ainda sobra dinheiro para outros investimentos

Custo mensal com o scooter e com o carro; com a diferença, mesmo utilizando táxi várias vezes, ainda sobra dinheiro para outros investimentos

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Por fim, para fechar a conta, calculei que de fato em algumas ocasiões precisaria usar um carro. Mas imediatamente percebi que para isso existem os táxis. Fiz a seguinte conta: um ano tem 52 semanas; se eu precisasse usar um táxi por semana e que essa corrida custasse R$50,00, estaria gastando R$2.600,00 com táxi por ano. Como a economia que faria sem o carro era de aproximadamente R$12.000,00, achei bastante razoável gastar um pouco com táxi e ainda poderia ter uma reserva especial para mais táxis ao longo do ano. No final das contas, ainda ficaria com um saldo positivo de R$7.200,00 por ano, o que poderia ser utilizado para uma viagem com a família ou mesmo na troca da moto ou na compra de mais uma moto para meus filhos. Claro, além do enorme ganho em tempo e ao meu humor.

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Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.