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Texto e fotos de Erni Soares de Azevedo Junior, de Redenção (PA)

Tenho uma Yamaha Fazer 250 2013 e gosto muito de viajar com ela. No começo foram algumas viagens curtas, de até 400 km. Contudo, um sonho me acompanhava: voltar a minha terra natal onde vivi boa parte de minha infância, Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. No inicio de fevereiro de 2015 iniciei minha jornada para rever minha terra natal. Foram 6500 km de viagem em 21 dias.

Claro, a viagem foi muito cansativa, um tanto dolorosa, em alguns momentos desesperadora, mas extremamente prazerosa… só entende quem anda de moto sabe do que estou falando. Bom, iniciei minha jornada de Redenção, no Pará, até Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, e posso resumir minha viagem como uma aventura única, aliás, como todas as viagens de todos os motociclistas. Para quem tinha no máximo andado 500 km, andar 6500 km em pouco mais de 20 dias foi de fato um grande avanço.

A saída

A saída

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Meu roteiro original seria depois de Santo Ângelo ainda iria à capital, Porto Alegre. Entretanto, essa parte da viagem estava me incomodando e então resolvi não fazer. Achei que já estava bom. Passei oito dias na estrada e não tive situações de risco real. Procurei praticar a direção preventiva e defensiva. O mais inusitado foi um tamanduá na estrada e um enxame de abelhas que “atropelei”.

Já vinha amadurecendo a ideia há algum tempo e na segunda quinzena de janeiro já estava com uma boa parte da preparação em minha moto realizada. Ela tem a mecânica original, revisão completa feita e decidi comprar alguns itens que tornaram a viagem mais confortável, entre eles: cavalete central, sliders de proteção para o motor, alforjes laterais, bauleto de 20 litros e um maravilhoso para brisa. Conheço alguns motociclistas que discutem sua eficiência e segurança, mas posso garantir que ele tornou a viagem bem mais confortável.

No Paraná, paredões com pedras soltas

No Paraná, paredões com pedras soltas

No dia 30 de janeiro iniciei minha viagem e rodei 1050 km de Redenção (PA) até Jaraguá (GO).  Esse foi certamente o dia que mais rendeu a viagem, pois eu estava muito fisicamente e com enorme “sede” de asfalto. No dia seguinte saí de Jaraguá (GO) e cheguei a Marilia (SP), rodando 830 km. Havia descansado bastante e saí às 5 da manhã. Foi neste trecho passei por um dos momentos de maior perigo. Aliás, nem sei se posso chamar realmente de perigoso. Talvez o termo melhor seja inusitado.

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Estava já na parte da tarde passando por São José do Rio Preto (SP) quando “atropelei” um enxame de abelhas. O que me salvou foi o para brisa!!! Nesse momento eu estava só de camiseta e algumas ainda bateram forte no meu braço, mas se grandes consequências. Nesse trecho também peguei um pouco de chuva. Na verdade o que mais me incomodou foram as assaduras. Como dói!!! Chegando em Marilia (SP) abusei da pomada e preferi descansar pois ainda tinha muita viagem.

Um dos muitos abastecimentos: muita economia

Um dos muitos abastecimentos: muita economia

Depois de muita pomada e de mais uma vez me sentir extremamente confortável na minha Fazer, continuei rumo ao Paraná para rodar os 450 km restantes até Guamiranga (PR), onde faria minha terceira parada. Chegando em Guamiranga, que está distante 200 km da capital, Curitiba, parei na casa do meu pai, o qual não via havia muito tempo. Fiquei alguns dias com ele, visitei alguns amigos e alguns lugares onde morei e logo senti falta da estrada. Estava na hora de continuar os últimos 700 km rumo a Santo Ângelo (RS), minha terra natal.

No dia 7 de fevereiro continuei minha viagem, mais um dia na estrada, tendo uma tarde com muita chuva. Novamente visitei  alguns tios e primos que não via há mais de 20 anos. Fiquei alguns dias por lá, visitei minhas memórias, contei muitas histórias, relaxei um pouco e logo era chegada a hora de retornar. Percebi logo que apesar do cansaço e de algumas dores que os longos períodos sobre a moto me causavam, a estrada me fazia falta.

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Caí ( no bom sentido) na estrada para iniciar a viagem de retorno ao Pará e passei por uma dos trechos mais bonitos da estrada, a passagem pela região serrana de Santa Catarina. Neste primeiro trecho da volta com 700 km até Guamiranga (PR) precisava chegar a tempo de fazer a troca dos pneus de minha moto, mas pude curtir bem a bela paisagem. Nesse trecho minha moto sofreu uma queda parada. Ela estava cheia de bagagem e foi bem difícil levantá-la. Mas não houve qualquer dano. Como diz o poeta, levantei, sacodi a poeira e segui.

Na volta, alforges subiram para o banco do garupa: melhor desempenho

Na volta, alforges subiram para o banco do garupa: melhor desempenho

Dormi em Guamiranga e queria cruzar São Paulo de uma só vez. Estiquei o trecho até Fronteira, já em Minas Gerais. Já bem cansado e com dores em muitas partes do corpo, cumpri este trecho burocraticamente sem nada turbulento, sem chuva, mas com as dores que me acompanhavam, agora acrescido do forte calor e do sono, um verdadeiro perigo. Por varias vezes tive que parar para lavar o rosto e dar uma esticada, sob pena de dormir ao guidão. Não gosto nem de pensar na consequência.

A esta altura da viagem, a saudade de minha esposa, de meus filhos e de minha casa era meu combustível. Saí de Fronteira (MG) em direção a Porangatu (GO) para um trecho longo de 860 km, passando por Goiânia. Acabei descobrindo que voltar para casa é um dos prazeres da viagem. O último trecho de 760 km até Redenção foi mais penoso porque tive que aumentar as paradas em função das dores nas articulações, principalmente punhos e joelhos. Mas finalmente cheguei inteiro de volta às 16 horas do dia 20 de fevereiro de 2015 em minha casa. Feliz, muito feliz!!! Confira a galeria de fotos da viagem.