Publicidade

A primeira pergunta que me ocorre após ler o título desta publicação é: Para onde foram os outros 82% do dinheiro destinado à educação de trânsito? E qual a razão para isso ter ocorrido? Quem deve explicar porque isso ocorreu? É lamentável perceber isso mais uma vez, mas fica claro que, ao contrário do que governos e governantes dizem, não falta dinheiro no Brasil, falta é vontade para fazer o que precisa ser feito! Isso para ser educado e dizer o mínimo, claro!DInheiro_Funset

É a essa conclusão que podemos chegar ao saber que o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (FUNSET), teve disponíveis para investir, entre 2013 e 2017, R$ 5,42 bilhões de receitas destinadas às ações de segurança e educação de trânsito, mas investiu apenas R$ 964,29 milhões (17,7%). E mais, que as ações de educação para a cidadania no trânsito ficaram com apenas R$ 19,4 milhões, ou seja, 2% do valor investido nos últimos cinco anos. Esses dados estão no boletim Economia em Foco da CNT do mês de julho.

Durante o mesmo período, os acidentes registrados nas rodovias federais policiadas custaram ao Brasil R$ 34,24 bilhões. “A situação expõe uma completa falta de atenção a um dos principais instrumentos de política pública com capacidade de reduzir a quantidade de acidentes envolvendo veículos automotores no país por meio da mudança de comportamento dos condutores”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.

Educação de trânsito: para onde foi o dinheiro do FUNSET?

O FUNSET tem como principais receitas o repasse de 5,0% do valor das multas de trânsito aplicadas e 5,0% da arrecadação do seguro Dpvat (Danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres). Juntas, elas responderam por 69,9% das receitas vinculadas ao FUNSET em 2017.setembro-campanha-de-educacao-no-transito-6

Publicidade

Outro estudo da CNT indica como a sinalização tem impacto na segurança viária. Em Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura, divulgado pela CNT em junho desse ano, entre os fatores que determinam a ocorrência de um acidente estão o humano e o social.  Esses são fatores contribuem para a ocorrência de acidentes com vítimas nas rodovias brasileiras. Por isso, ações de informação e de educação de trânsito são importantes para reduzir os acidentes.

Os resultados do estudo evidenciam que a sinalização é o fator mais relevante para à segurança viária. Os trechos que possuem sinalização classificada como péssima, têm, em média, 10,7 mortes por cada 100 acidentes, índice 2 vezes maior do que nos trechos em que a sinalização é considerada ótima. O estudo também mostra que em locais com placas totalmente legíveis, o número de mortos por 100 acidentes é de 7,1, contra 20,7 nos trechos em que as placas estão classificadas como ilegíveis, ou seja, o risco quase 3 vezes maior.

O Estudo Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura mostra que a frota brasileira de veículos cresceu 95,6% entre 2007 e 2017, contra uma ampliação de apenas 11,3% da malha rodoviária federal. O aumento da frota, associado às condições inadequadas da infraestrutura rodoviária existente, potencializou a ocorrência de acidentes e de óbitos. Já em países mais desenvolvidos, apesar do crescimento das frotas, o número de acidentes caiu.

No boletim Economia em Foco, divulgado ontem (19/07), a Confederação Nacional do Transporte (CNT) sugere que seja autorizada a utilização dos recursos do caixa do FUNSET para a realização de intervenções de infraestrutura de transporte que tenham como objetivo recuperar e adequar a sinalização, horizontal e vertical, nas rodovias federais brasileiras. Combinadas, as campanhas educativas e o aumento da fiscalização e da correção das inadequações da infraestrutura podem reduzir drasticamente a ocorrência de óbitos nas rodovias brasileiras.

Publicidade

Fonte: CNT – Confederação Nacional do Transporte

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.