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para seu corpo

Antes de escolher uma moto, avalie se ela é seu número, ou seja, se você vai se adaptar ao tamanho dela.

O nome é esquisitão: ERGONOMIA. O palavrão nada mais é do que uma área da engenharia que tenta fazer com que as coisas se encaixem nas pessoas e vice-versa. Por exemplo, a altura da carteira .escolar da primeira série tem medidas para se adequar às crianças. Já as carteiras das universidades têm medidas maiores porque servem aos adultos. Pois a ergonomia também é aplicada às motocicletas, por isso os futuros motociclistas devem analisar bem o modelo que vão adquirir,levando em conta suas dimensões. Do motociclista e da moto. Basta um simples olhar à nossa volta para perceber que somos de tamanhos, formatos e pesos diferentes. O que os engenheiros levam em conta como tamanho padrão, no caso de nós brasileiros, são homens com 1,70 m e pesando 70 kg. Tudo bem, se você não se encaixa nesse modelo de beleza não precisa desistir das motos, porque existem as flexibilidades. Por exemplo, conheço desde motociclistas com 1,55 m e os mesmos 70 kg, até gigantes de 1,98 m e mais de 100 kg que rodam de moto com galhardia. O importante é não colocar o grandão numa moto pequena e o pequeno numa moto grande. Por mais que um motociclista se julgue forte e macho pacas, é preciso respeitar as capacidades. Imagine um motociclista com a mosquitulatura de um filósofo alemão, tentando levantar uma Harley-Davidson de 320 kg. Ou um “fofo” com seus mais de 120 kg tentando rodar por aí com um scooter. A primeira lição de ergonomia que o motociclista deve respeitar é saber se tem condições de colocar os pés – os dois – no chão, quando estiver montado. Repare num item das fichas técnicas das motos onde aparece a informação altura do assento, ou altura do banco. Essa medida é a distância que vai do banco até o solo. Sabemos que motos fora-de-estrada são altas, com algumas chegando a quase 1 metro de altura do assento. Como nós ficamos montados no banco, com as pernas abertas, será preciso pernas com mais de 1 metro para alcançar o chão. Mas essa é uma condição extrema, porque nas motos de enduro os projetistas levam em conta que o piloto não vai ficar colocando o pé no chão a todo instante. Além da altura do banco, o motociclista deve levar em consideração o peso da motocicleta. Ele terá de conseguir levantá-la sozinho e suportar o peso numa das pernas, quando desequilibrar. Mais ainda, é preciso ter capacidade de empurrar sua moto. Ninguém quer que os motociclistas todos tenham o físico de um Rambo, por isso é mais fácil escolher uma moto que se adapte ao seu tamanho, do que tentar adaptar-se a uma moto. Mesmo assim é possível fazer alguns ajustes na moto para deixá-la com o seu número. As regulagens possíveis vão desde a posição do guidão até a altura da bengala (limitadas a 1 cm). Existe ainda a chance de alterar a espuma do banco para deixá-la mais baixo (porém pode ter um custo adicional no conforto). Uma moto nas dimensões exatas do motociclista favorece a pilotagem segura porque não provoca cansaço em longos percursos, permite manobras rápidas e assegura o equilíbrio mesmo com a moto parada. A mesma coisa vale também para quem vai na garupa. Quando o carona for muito alto ou pesado, pronuncia uma parte do peso na traseira, desestabilizando a frente. Para aqueles que têm garupa fixa – esposa, namorada, colega, mãe, filhos, primo, etc. – é recomendável já escolher uma moto em função desse peso extra. Da mesma forma que um sapato apertado dificulta seu passeio a pé, uma moto muito fora de suas medidas pode estragar muitos outros passeios. – Geraldo Tite Simões

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.