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Fotos: Divulgação

Este ano, sem a presença do nosso brazuca, Alex Barros. Infelizmente. Acredito que esse seria o ano que finalmente teríamos um campeão de motovelociade. Mas algumas portas se fecharam e outras se abriram. Alex seguiu o caminho de volta para a MotoGP, pilotando uma Ducati Desmosedici GP07, da equipe satélite D’antin. Isso já foi motivo de algumas discussões no fórum aqui do motonline, e minha opinião permanece a mesma. Acho difícil ele conseguir alguma coisa em uma Ducati não oficial.

Como faz muito tempo que não apareço por aqui, antes de falar da corrida de abertura da temporada, que aconteceu no sábado (24/2) em Losail, no Qatar, vou lhes passar algumas das coisas que vimos durante a pré-temporada, tanto da SBK quanto da MotoGP.

O fato mais importante dos últimos meses, foi a redução da capacidade cúbica dos motores dos protótipos da Motogp, de 990cc para 800cc, mantendo os limites mínimos de peso para cada configuração de motor. A norma foi criada em 2005, com o intuito de diminuir a velocidade das motos, teoricamente, aumentando a segurança para os pilotos. Bom, o resultado prático não foi bem esse. As novíssimas 800cc já foram mais rápidas que as monstruosas 990 desde o primeiro teste. Isso considerando que elas tem cerca de 20% menos potência e o mesmo peso. Agora eis a questão: Como??? É meus amigos, a dinâmica das motos tem mais mistérios que nossa vã filosofia há de entender. Putz! Viajei agora.. hehe.. Mas tentem entender isso, as motos têm o mesmo peso, os pilotos são os mesmos, e elas têm menos potência, e ainda sim são mais rápidas! Segundo o que dizem por aí, elas são mais rápidas, primeiro porque o piloto não precisa ficar dosando o acelerador o tempo todo como nas super-ultra-hiper potentes 990cc. O cara já ta tão acostumado com o excesso de potência, que quando pega as 800cc, deve achar que está num carrinho mil.. hehe.. Um fato semelhante aconteceu no Brasileiro de Motovelociade, onde em 2006 começaram a correr as 1000cc na categoria superbike. Nem o campeoníssimo Gilson Scudeler conseguiu virar com as 1000 mais rápido que virava com as 600. Segundo: as 800 tem maior velocidade em curva, e, de quebra detonam menos os pneus, tanto traseiros, por não ter potência em excesso, quanto os dianteiros, por não ter que frear tão forte por causa das velocidades acima de 330km/h. De acordo com o que andei lendo por aí a maior velocidade em curva se deve ao fato das menores massas rotantes dentro dos motores das bixinhas, que com seu menor efeito giroscópico, facilitam as mudanças de direção.

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Um tempo atrás, em 2002, uma revista norte americana, levou para pista as 3 irmãs GSX-R da suzuki (aqui no Brasil só conhecemos 2 delas, pois a J.Toledo não traz a menor de 600cc.) para descobrir qual delas era a melhor. Resultado, as duas menores, de 600cc e 750cc, constantemente viravam mais rápido que a irmã maior de 1000cc. Muito se discutiu sobre isso, pois em condição de uso, as 3 tinham pesos semelhantes, com diferenças de menos de 5kg da mais leve para a mais pesada, e a potência dos motores variava de 105cv na 600 a 160cv (valores declarados pela fábrica) na 1000. Após toda essa discussão, chegaram a conclusão que as menores massas rotantes dos motores de 600 e 750 eram as principais responsáveis pelo desempeno nas pistas.

Um detalhe da pré temporada da MotoGp, é que a Suzuki, patrocinada pela Inglesa Rizla, desde o primeiro teste vinha liderando as planilhas de tempo. Logo ficou-se sabendo que desde que o Mundial das 500 virou MotoGp, com a adoção dos motores de 4T, a suzuki vinha sofrendo com um motor sempre fraco, e nervoso, apesar de ter um excelente chassis. Bom, sabendo disso, a suzuki simplesmente pegou o novo motor de 800cc e colocou no quadro que já utilizavam. Resultado? Imediatamente foram as mais rápidas do grid. Agora, e se a suzuki tivesse colocado o motor de 800cc na temporada passada??? Será que ganhariam alguma corrida??? Pessoalmente acho que sim. Até porque, durante os primeiros anos da MotoGp, a própria Yamaha usava motores com menos cc que as outras equipes, e nem por isso era mais lenta.

Depois de algumas sessões de treinos, as outras equipes alcançaram as Suzuki, e agora, está uma briga ferrenha pelos menores tempos. E pra variar, Valentino Rossi ganhou a BMW Z8 oferecida pela fábrica para o piloto mais rápido nos testes da IRTA, em Valencia, na semana passada. Nosso Alex ficou em 17°.

Voltando ao SBK, a pré temporada não teve tantas emoções como se imaginava, mas um fato isolado deu muito o que falar. Troy Bayliss, o atual campeão da WSBK, fez a volta mágica em Philip Island durante os testes de pré temporada, registrando 1m30.7s, só para se ter uma idéia de quão rápido é isso, o recorde as WSBK em Philip Island, pertencia ao também australiando, rei da superpole, Troy Corser, e era acima de 1m33s. Agora pra impressionar mais, as rapidíssimas MotoGp 800cc, nos testes de pré temporada, na mesma pista fizeram 1m30s baixo, isso com cerca de 20kg a menos e freios de carbono.

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Muito tem se discutido, principalmente na Europa, sobre a competição existente entre MotoGp e WSBK. Numa comparação com carros (sei que todo mundo aqui prefere motos), a MotoGp seria a Formula 1, e a WSBK o Mundial de Carros de Turismo, WTCC. Ou seja, a MotoGP são protótipos, sem a menor possibilidade de uso em ruas, com o único e exclusivo intuito de competir. Nela são permitidos motos pesando até 135kg, com freios de carbono, e a equipe pode mudar o que quiser na moto entre uma corrida e outra, desde que liberado pelo regulamento. Já a WSBK, tem que obrigatoriamente ser baseada em motos de produção. Por isso nas corridas vemos os modelos que podemos encontrar nas lojas, Ducati 999, Honda CBR1000RR, Suzuki GSX-R1000, e outras. Lógico que elas sofrem uma grande preparação, mas ainda sim elas tem que respeitar a aparência e configuração da moto de rua, e ainda pesar no mínimo 165kg, e não podem usar freios de carbono. Só que ao longo dos anos, mesmo com toda a evolução da MotoGp, as Superbikes vêm mantendo a diferença de, mais ou menos, 2s nas pistas onde ambas as categorias correm. O que mostra o quanto as motos de rua vêm evoluindo nesses últimos anos. E com tudo o que vem se falando dos custos astronômicos das competições a motor, a WSBK vem crescendo em publico e em numero de motos no grid.

Vamos ao início da temporada. Neste ultimo sábado, dia 24/2, tivemos a primeira etapa do campeonato 2007 da World SuperBikes, ou WSBK para os íntimos.. hehe. A grande novidade esse ano é a presença do Imperador Romano Max Biaggi no grid, pilotando a Suzuki que era do ex campeão Troy Corser no ano passado, que esse ano mudou para a Yamaha, pilotando a moto que era de Andrew Pitt, ao lado do japonês voador Noriuki Haga.

Corrida 1:

Com o grid formado por Troy corser (rei da superpole) na primeira posição, seguido por Max Biaggi, James Toseland e Haga, fechando a primeira fila. Na segunda fila tínhamos Lorenzo Lanzi, que pela primeira vez qualificou na frente do companheiro de equipe Troy Bayliss, seguido em sexto pelo próprio Bayliss, e por Yukio Kagayama e Max Neukirchner, em sétimo e oitavos lugares respectivamente.

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Dada a largada, vimos o Imperador Romano, Max Biaggi saltar em primeiro, para perder a entrada da primeira curva e cair para quarto, antes de segunda curva, logo atrás do inglês James Toseland, e das duas Yamahas de Haga e Corser, que desde a primeira volta impuseram um ritmo alucinante. A grande briga ficou por conta de Biaggi e Toseland, que duelaram por toda a corrida, em todas as posições que puderam. Como o comentarista da bandsports (canal que transmite a corrida), irmão do Alexandre Barros, César Barros, mesmo disse, as Yamahas conseguem um ritmo muito forte no inicio da corrida, mas logo após a metade da prova começam a ter problemas com a durabilidade dos pneus, e costumam perder desempenho. Foi exatamente o que aconteceu. Lá pela 8ª volta, James Toseland e Max Biagi assumiram as 1ª e 2ª colocações respectivamente, e iniciaram sua briga pela vitória, que durou por toda a prova. E a partir da 11ª volta, vimos as yamahas perderem desempenho. Depois de 10 voltas de constantes trocas de posições, Max Biaggi assumiu a liderança a 2 voltas do final para não mais perder, e finalizar sua primeira corrida na WSBK com uma vitória. Ele chorava quando tirou o capacete. Vitória merecida. O segundo lugar no podium foi preenchido pelo inglês James Toseland e o terceiro por Lorenzo Lanzi.

A grande decepção foi o atual campeão, Troy Bayliss que terminou a corrida em 5º lugar, atrás do japonês Yukio Kagayama, sem nem aparecer nos primeiros lugares por nenhuma vez. As duas Yamahas de Haga e Corser, terminaram em 8º e 9º, atrás de Max Neukirchener e Roberto Rolfo em 6º e 7º, e com Rubem Xaus fechando os top 10.

Corrida 2:

Com o mesmo grid da primeira prova, a segunda corrida parecia fadada ao mesmo destino da primeira. Mas a grande diferença foram as Yamahas de Corser e Haga. Parece que os mecânicos encontraram um bom acerto durante o intervalo, e os dois pilotos lutaram bravamente pelas primeiras colocações com o italiano Max Biaggi e com James Toseland. Os quatro pilotos imprimiram um ritmo muito forte desde as primeiras voltas, parecendo não se importar com o desgaste dos pneus, no calor infernal de Losail que já marcava 27ºC nos termômetros e 47ºC no asfalto naquela hora da tarde. O peixe fora d’água nesse momento era Fonsi Nieto, com sua Kawasaki brigando pelas primeiras colocações. Mas não durou muito e logo após a 6ª volta, começou a perder desempenho, terminando a corrida em um excelente 5º lugar. Lá na frente, nada estava decidido, com constantes trocas de lugares até as ultimas voltas, desta vez, Toseland levou a melhor, deixando Max Biaggi em segundo, seguido bem de perto pelas yamahas de Corser e Haga respectivamente.

Ao final da segunda corrida, o campeonato ficou completamente embolado, com Max Biaggi e James Toseland Dividindo o primeiro lugar com 45 pontos cada, e Lorenzo Lanzi em 3º com 26pontos, em 4º temos mais dois pilotos, Troy Corser e Yukio Kagayama, ambos com 23 pontos.

O campeonato promete.

A próxima temporada é neste fim de semana, agora no domingo, em Philip Island, na austrália, dia 4 de março. E segundo o que se ouviu, Bayliss não vai deixar barato não… Só para lembrar, no fim de semana seguinte, dias 9 e 10 de março temos a abertura do Campeonato Mundial de MotoGP também no Qatar.

Resultados

Qatar Corrida 1

1 ITA Biaggi – 36’10.115

2 GBR Toseland – 36’11.598

3 ITA Lanzi – 36’24.021

4 JPN Kagayama – 36’24.934

5 AUS Bayliss – 36’27.420

Qatar Corrida 2

1 GBR Toseland – 36’09.433

2 ITA Biaggi – 36’10.171

3 AUS Corser – 36’16.819

4 JAP Haga – 36’24.417

5 ESP Nieto – 36’24.466

Campeonato:

1 GBR Toseland – 45

2 ITA Biaggi – 45

3 ITA Lanzi – 25

4 AUS Corser-  23

5 JAP Kagayama – 23

6 JAP Haga – 21

7 AUS Bayliss – 19

8 GER Neukirchner – 16

9 ESP Xaus – 13

10 ESP Nieto – 11