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Quando se acredita ou se ama algo, natural lutar por ele. É justamente por, literalmente, viver motocicleta, que decidi fazer mais por ela e principalmente por quem a utiliza.

Na experiência como motoboy em Londres, motos bacanas e clima ruim- Arquivo pessoal

Na experiência como motoboy em Londres, motos bacanas e clima ruim (foto do arquivo pessoal)

Com muito orgulho e vontade de fazer a diferença, volto a colaborar com o Portal Motonline escrevendo sobre diversos assuntos, mas principalmente sobre segurança. O assunto é muito sério, mas nem por isso precisa ser chato. Como os colegas aqui do Motonline, sou acima de tudo um motociclista como você e a ideia é mostrar, através de artigos com tom de bate-papo entre amigos, o que pode ser feito para que todos possam aproveitar ao máximo – e da melhor forma – essa paixão em comum que todos temos pela motocicleta.

Tempos de Revista MotoMax aprendizado com diversão - Gustavo Epifanio

Tempos de Revista MotoMax aprendizado com diversão (foto de Gustavo Epifanio)

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E para entender minhas razões e motivações em escrever uma coluna de segurança, nada mais justo que primeiramente você me conheça melhor. Sou jornalista especializado há 10 anos e a vida toda fui – e sou – um alucinado por essa fascinante geringonça com um par de rodas.

O gosto pela motocicleta começou quando eu ainda mal falava ao ganhar uma moto de brinquedo. Tomou uma proporção muito maior quando fui alfabetizado por minha mãe, que percebeu minha vontade em querer saber mais do que as fotos que ilustravam a Revista Duas Rodas.

Daí para frente, a motocicleta me acompanhou até os dias de hoje. Aos sete anos de idade já viajava na garupa de meu pai (hoje ele viaja na minha) e aos dez, ao melhor estilo Menino Maluquinho, aprendi a pilotar, escondido e sozinho, uma Honda Turuna 125. Na adolescência, passeios pelo bairro, e aos dezoito, com a tão esperada CNH em mãos, as estradas.

Nem mesmo durante os anos em que vivi na gélida Londres, na Inglaterra, deixei de acelerar. Pelo contrário! Para me sustentar e pagar pelos meus estudos, trabalhei como motoboy na terra da Rainha. Rodei mais de 180.000 km em três anos sem nunca ter sentido na pele o quão áspero é o asfalto de lá.

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Viajando com o pai: agora é ele quem vai na garupa - Arquivo pessoal

Viajando com o pai: agora quem vai na garupa é ele (foto de arquivo pessoal)

Tudo ficou ainda melhor quando a motocicleta passou a ser minha profissão. Se antes gastava parte do meu tempo pensando em motos lá na redação da Moto Fúria – primeira publicação onde trabalhei – passei a fazê-lo 24 horas por dia.

Pilotagem radical nos testes da Revista Motociclismo. Só com segurança e em lugares controlados - Renato Durães

Pilotagem radical nos testes da Revista Motociclismo; só com segurança e em ambientes controlados (foto de Renato Durães)

Depois, na Moto Max, aprendi jornalismo de verdade, levando a motocicleta mais a sério do que nunca. Vieram a Motociclismo – onde atuo como colaborador – e a Revista da Moto, revistas essas que foram determinantes para meu amadurecimento, tanto para escrever com mais desenvoltura as reportagens e testes, quanto para ousar na pilotagem, muitas vezes ilustrado em fotos radicais que davam o que falar. Também escrevi em outras publicações, como na saudosa revista Riders e aqui, no Motonline, onde retorno com satisfação.

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Confesso que durante todo esse tempo, nunca subjuguei o assunto segurança, mas também nunca dei a ele o respeito e a seriedade que ele merecia. No entanto, a conotação de veículo extremamente perigoso e marginal que a motocicleta tem ganhado nos últimos anos me fez refletir, servindo de impulso para que eu deixasse de lado a inércia e fizesse algo mais efetivo do que reclamar e lamentar sobre tudo que falta e está errado.

Em décadas como motociclista, nunca vi a imagem dessa máquina que tanto amo tão denegrida. O que era o sonho de gerações passadas, atualmente é tido por muitos como um pesadelo. Quem de nós não sonhava em ganhar as estradas ainda adolescentes? Se algo não for feito, a motocicleta se tornará impopular, afugentando o interesse de nossas crianças e gerações que estão por vir, que cada vez mais a enxergam como algo ruim.

Recentemente tive o grande prazer de ser pai, e gostaria muito que meu filho, o ser humano que mais amo, assim como eu também pudesse curtir e viver momentos inesquecíveis com uma motocicleta.

Segurança - atenção e respeito são primordiais em qualquer situação - Gustavo Epifanio

Segurança: atenção e respeito são primordiais em qualquer situação (foto de Gustavo Epifanio)

É notório que somos órfãos do poder público, que por incapacidade e falta de vontade pouco ou nada faz a favor dos motociclistas. O processo de obtenção da CNH está muito mais para um adestramento do que propriamente para formação e instrução de novos condutores que chegam às ruas sem qualquer condição de pilotar com segurança.

Sim, é verdade que somos desrespeitados pelos outros veículos e que as vias públicas nem sempre estão em boas condições, fatores que também são responsáveis pelo elevado índice de acidentes. A discussão em apontar as causas de tantos acidentes é longa e fervorosa – e certamente falaremos delas no futuro –, mas o fato é que precisamos antes de cobrar e culpar terceiros, fazer a nossa parte.

Basicamente é não fazer ao outro o que você não gostaria que fizessem com você. Com toda sinceridade, por conta de alguns, todos acabam tendo a imagem denegrida. Quem já não viu colegas desrespeitando as leis de transito, e pior, os outros veículos a sua volta?

Respeitar as leis de transito é o mínimo, o básico que todos temos obrigação de cumprir. Não estamos falando apenas de respeitar as sinalizações ou cometer infrações como não cruzar semáforos fechados, fazer conversões em lugares proibidos ou até mesmo transitar feito loucos entre os outros veículos, mas sim de ter outra postura no trânsito.

Mesmo frente à falta de educação e respeito por parte de outros a sua volta, experimente ser gentil e compreensivo. Você perceberá que pilotar a sua moto será menos estressante e muito mais prazeroso. A máxima de que gentileza gera gentileza é verdade, por isso vale a pena o esforço de todos pela mudança.

Afinal, chegamos a uma situação onde todos precisamos refletir… não só vidas estão em jogo, como também o futuro dessa máquina que tanto amamos.Separador_seguranca