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Foto: Tite

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As empresas chinesas querem invadir o mercado brasileiro de motos. A China cresceu o olho para o mercado brasileiro de motos que deve atingir a casa da um milhÆo de unidades produzidas em 2005. No 8ø SalÆo Duas Rodas, realizado de 18 a 23 de outubro, em SÆo Paulo, foi marcante a presen‡a dos produtos chineses. Ao contr rio do que se viu em 2003, quando eles tentaram entrar no mercado oferecendo pe‡as de reposi‡Æo, desta vez as pretensäes foram bem mais ambiciosas e trouxeram motos inteiras.

A ind£stria chinesa de motos come‡ou a se desenvolver nos anos 80, adquirindo tecnologia das grandes marcas japonesas como Yamaha, Honda, Kawasaki e Suzuki. Passada uma d‚cada, pequenos fabricantes chineses simplesmente passaram a copiar produtos de seus conterrƒneos maiores e hoje existem v rios modelos “gen‚ricos”, tÆo parecidos entre si que chega a ser dif¡cil distingui-los quanto pronunciar o nome de marcas como Wuxi Zhongxing.

Espremidos em pequenos estandes, entre 660 marcas presentes, estes expositores pareciam inexperientes ou despreparados a ponto de alguns nem sequer contar com tradutores, se limitavam a sorrir e entregar cartäes de visita. NÆo importava se o visitante era comerciante, industrial ou professor de hist¢ria, sempre era recebido com a mesma pergunta em um inglˆs quase incompreens¡vel: “quer ser nosso representante?”.

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Estas marcas retratam a globaliza‡Æo em duas rodas. Qualquer empresa da Europa ou Estados Unidos pode comprar pe‡as de v rios fabricantes, montar um scooter ou moto e vendˆ-los na Am‚rica do Sul ou Central. S¢ entre as marcas que estÆo presentes no Brasil era poss¡vel ver o mesmo modelo de scooter nos estandes da Sundown, Zhongyu, Garini e Vento. As diferen‡as ficam por conta da motoriza‡Æo que varia de 50 cc dois tempos a 150 cc quatro tempos e detalhes de acabamento como piscas, rodas, pneus, pintura etc.

Outra caracter¡stica interessante destes fabricantes sÆo as motos. Elas sÆo c¢pias fi‚is das Honda, Suzuki e Yamaha dos anos 80, reflexo da aquisi‡Æo de projetos japoneses. Uma das poucas executivas que conseguia se comunicar em inglˆs resumiu de forma prosaica como poderia abastecer o mercado com pe‡as de reposi‡Æo: “nÆo tem problema, as pe‡as sÆo Honda e Yamaha”, explicou com a maior naturalidade. Em outras palavras: eles pretendem colocar os produtos no mercado, mas quem garante o abastecimento de pe‡as sÆo as f bricas brasileiras. Uma forma simples de se livrar da assistˆncia t‚cnica.

Vingan‡a?
A China j  come‡a a incomodar as f bricas japonesas e a rea‡Æo foi imediata. A Yamaha do JapÆo moveu uma a‡Æo internacional contra a Yamoto chinesa, fabricante de um quadriciclo de 70 cc, c¢pia fiel do Yamaha 80. A semelhan‡a ‚ tÆo grande que at‚ o logotipo e a decora‡Æo sÆo idˆnticos. A briga ‚ nos Estados Unidos, onde o mercado de quadriciclos cresce 24% ao ano, contra 4% do mercado de motocicleta. Em 2005 espera-se que pela primeira vez o mercado americano ir  consumir mais quadriciclos do que motos naquele pa¡s. A bronca da Yamaha procede, pois enquanto seu quadriciclo ‚ vendido a US$ 2.500, o concorrente chinˆs ‚ comercializado por R$ 1.250, exatamente a metade e ainda aproveita para vender pe‡as bem mais baratas que, segundo a Yamaha, sÆo de qualidade muito inferior.

Caso a Justi‡a americana acate a a‡Æo por perdas e danos movida pela Yamaha, ‚ prov vel que a Yamoto feche as portas. O que nÆo vai mudar em nada, pois logo em seguida ele reaparece com outra marca, feito pelo fabricante vizinho. S¢ aqui no nosso SalÆo da Moto era poss¡vel contar pelo menos meia d£zia de quadriciclos iguais!

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No Brasil ainda nÆo foi julgada nenhuma a‡Æo semelhante, mas o nosso mercado est  bem protegido pela fideliza‡Æo, uma vez que o consumidor ‚ muito mais exigente e acostumado com o alto padrÆo de qualidade das motos e scooters fabricados aqui e nÆo se ilude com o apelo de menor pre‡o.

A nota curiosa desta globaliza‡Æo (ou pirataria, como preferem alguns) ‚ que a ind£stria japonesa come‡ou nos anos 50 copiando modelos ingleses e italianos como Norton, Benelli ou Triumph. Algumas destas marcas vieram a fechar as portas por nÆo conseguir competir com o sistema de produ‡Æo japonˆs em larga escala. Hoje ‚ a vez de a ind£stria japonesa sentir na pele os efeitos desta voraz “globaliza‡Æo”.