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Texto de João Eurico de Aguiar Lima, Bokomoko, e ilustrações de Mário Sérgio Figueredo

Quando vamos comprar uma moto uma das perguntas mais frequentes é exatamente essa: Qual é o melhor? Comprar uma moto financiada ou fazer um consórcio? Obviamente, essa pergunta só é feita por quem não tem a grana para comprar a moto à vista. O jeito é parcelar o pagamento da moto. Primeiro vamos entender como funcionam esses sistemas de parcelamento da moto. Mas antes de decidir comprar, não deixe de consultar o Guia de Motos do Motonline para saber o que os proprietários falam sobre suas motocicletas.

Financiamento

Uma moto Yamaha XTZ 250 Lander que na loja sai a vista por R$ 12.300,00 pode ser comprada financiada sem entrada. Suponha uma taxa de 2,5% ao mês e um prazo de 36 meses. Nesse caso teremos uma prestação de R$ 522,15. No total, R$ 18.797,40, ou seja, 52,82% a mais do valor original da moto. Após a aprovação do cadastro, a moto é faturada e a primeira prestação é paga um mês depois. Hoje em dia é raro o financiamento sem entrada ser aprovado.

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Consórcio

No consórcio é diferente. Um grupo de pessoas se junta para comprar de forma cooperada o bem. Voltemos ao caso da Lander. Para um prazo de 36 meses, 36 pessoas formam o grupo para comprar a moto. Cada uma dessas pessoas vai pagar 1/36 do valor da moto. No caso R$ 12.300,00 divididos por 36 dá R$ 341,66. Sai bem mais barato do que os R$ 522,15 do financiamento e aí está a vantagem do consórcio (mais detalhes adiante).

O consórcio baseia-se em sorteios ou lance para contemplação

O consórcio baseia-se em sorteios ou lance para contemplação

Bom, cada uma das pessoas paga mensalmente o valor que lhe cabe, de forma igual. O grupo então terá todo mês dinheiro suficiente para comprar uma moto. A pergunta agora é: ”Quem vai levar a moto primeiro?” Qual dos 36 membros do grupo vai levar a moto no 1º mês? Essa pergunta é resolvida através de um sorteio. Quem for sorteado leva a moto.

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Uma coisa que precisa ser esclarecida é que o sorteio é só para definir quem leva a moto primeiro. Não significa que o sorteado não vai mais pagar nada. Ele continuará pagando as prestações restantes normalmente pois a contribuição dele será necessária para comprar as motos para as outras 35 pessoas. Tem gente que pensa que o sorteio quita a moto. Não é verdade. No mês seguinte, todos os 36 membros pagam a sua mensalidade, o grupo compra outra moto e sorteia entre os 35 membros restantes quem vai levar a moto. Esse processo é repetido 36 vezes, mensalmente, até todo os 36 membros receberem as suas motos.

Lance de sorte ou pura matemática?

Já entendemos o sorteio, mas e como funciona o lance? Para agilizar a entrega das motos, faz-se grupos com o dobro de pessoas. Assim, num plano de 36 meses faz-se um um grupo com 72 pessoas. Cada uma dessas pessoas paga 1/36 por mês e o grupo arrecada o suficiente para comprar DUAS motos por mês. Uma das motos será entregue a quem for sorteado e a outra moto será entregue a quem der o lance maior. O que é o lance? O lance é uma promessa que um dos membros faz de ANTECIPAR o pagamento da moto. Quem antecipar mais então vai receber a moto antes dos outros.

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Suponha que no mês o lance vencedor foi de R$ 5.000,00. O grupo tem duas motos pagas para entregar e mais R$ 5.000,00 sobrando que são guardados numa poupança ou aplicação financeira. Suponha que no mês seguinte o lance vencedor seja R$ 4.000,00, esse valor é adicionado a poupança e aos rendimentos. No outro mês, um lance de R$ 3.500,00 vence. Um fenômeno interessante aconteceu. Se somarmos os valores dos lances nos últimos três meses, dá R$ 12.500,00 !! É o suficiente para comprar uma terceira moto nesse mês! Quem leva essa moto? O segundo lance maior!

Então nesse mês, o grupo tinha caixa suficiente para comprar 3 motos! Acelerou a entrega em um mês, concorda? O consorciado que pagou o lance, antecipou as mensalidades. Isso significa que o cara que deu um lance de R$ 5.000,00 adiantou algo perto de 11 parcelas e pagará apenas outras 25. É assim que o consórcio funciona, basicamente.

Essa explicação simplificada tem fins didáticos. Na vida real, as administradoras de consórcio cobram uma taxa de administração para organizar esse processo todo, cobrar dos membros as prestações, fazer o sorteio, tomar conta do dinheiro e obviamente remunerar a administradora do consórcio. Além da taxa de administração, as administradoras de consórcios cobram um seguro (para o caso do consorciado morrer antes de concluir o pagamento) e criam um fundo de reserva para cobrir o eventual atraso ou não pagamento da mensalidade. Somando tudo isso, o valor da prestação do consórcio fica maior do que 1/36 avos do valor do bem.

No caso da Yamaha Lander, por exemplo, a prestação é de R$ 439,92, segundo o consórcio Yamaha. Comparado com o valor de R$ 341,66 equivale a um aumento de 28,27%, porém ainda é bem menor do que os R$ 522,15 do financiamento. Mas, afinal, qual é o melhor? Financiar ou fazer o consórcio?

A principal vantagem do financiamento é que você leva a moto na hora. Você fecha o negócio e sai com a moto. No consórcio você não sabe com precisão quando vai receber a moto. Depende do sorteio. Você pode tentar não depender do sorteio dando o lance. Vamos então comparar o lance com a entrada no financiamento. Imagine que nosso herói, comprador pretenso da Lander, tem R$ 4.000,00. Ele pode usar essa grana como entrada no financiamento ou dar lance num consórcio. Qual é o melhor ? Façamos as contas.

Se ele der os 4 mil de entrada, vai precisar financiar apenas R$ 8.300,00. Portanto a prestação cai de R$ 522,15 para R$ 352,25 nos mesmos 36 meses. Já a prestação do consórcio continua o mesmo valor. No total, a moto financiada terá custado R$4.000,00 de entrada mais 36 x R$ 352,25, o que dá R$16.684,60 ou seja, 35,64% mais caro que a vista. No consórcio, se ele der os R$ 4.000,00 de lance significa que 9 parcelas serão antecipadas. Então a moto é quitada em apenas 27 meses.

É preciso observar que o lance aumenta as chances de tirar a moto na hora, mas não é uma garantia de que isso irá acontecer. Existe o risco da moto não sair. Porém, o lance só precisa ser pago se ele for o vencedor. Nosso herói pode tentar o lance de R$ 4.000,00 e se não ganhar, deixa ele na poupança, rende uma graninha, junta mais outra graninha e no mês que vem ele tenta de novo. A desvantagem de não saber se a moto sai esse mês ou não é diminuída, mas não é abolida. Se existe o risco dele demorar a receber a moto, com o lance esse risco diminui. Por outro lado existe também o risco dele ser sorteado sem dar lance algum! Esses R$ 4.000,00 ele pode usar para fazer outra coisa.

Compra parcelada

A poupança também é uma opção de compra

A poupança também é uma opção de compra

Existe uma terceira forma de pagar a moto chamada Poupança. Imagine que nosso herói deposita na poupança os R$ 4.000,00 que daria de entrada e disciplinadamente, todo mês, deposita o valor que pagaria no financiamento, no caso, R$ 352,25. Em apenas 22 meses o nosso herói terá a grana para comprar a moto a vista ! Ou seja, 14 meses antes do prazo do financiamento. No total terá pago R$ 11.751,70 em vez dos R$ 16.684,60 do financiamento. Uma economia de R$ 4.932,90!!! Quase cinco mil reais!!! Praticamente 40% do valor da moto.

Se ele depositar os R$ 4.000,00 que daria de lance e depositar a mensalidade que daria ao consórcio, em apenas 18 meses teria o valor da moto a vista. Só tem um problema … ele só recebe a moto depois desses 22 ou 18 meses.

Então, faça você sua simulação e decida qual o melhor caminho. Não existe uma resposta que sirva para todo mundo. Vai depender de várias coisas. Siga o fluxograma acima e veja qual situação se adapta melhor à sua condição.

Dúvidas frequentes em relação ao consórcio: