Publicidade
Procure auxilio profissional para ajustar os freios de sua bicicleta

Procure auxilio profissional para ajustar os freios de sua bicicleta

Tive que passar na bicicletaria para consertar meu movimento central que estava prendendo. Como é selado imaginei que iriam trocá-lo por um novo e pronto, que é o que seria feito na maioria das bicicletarias. Thiago me conhece a muito, sabe e concorda com alguns princípios que considero cruciais, dentre estes sempre buscar o reaproveitamento do material e colocar o máximo de qualidade no processo e resultado final.

Infelizmente estou com a casa e oficina desmontadas e não faço ideia de onde estão minhas ferramentas. Ótimo, tiro férias de minha própria neurose, até tranquilo porque a bicicleta está em boas mãos. Quando cheguei lá a bicicleta estava perfeita, sem ter que trocar a peça. E ainda tive uma aula de como desmontar o dito movimento central selado.

Enquanto estava lá dentro Marcinho trabalhava para desempenar um freio a disco. O dono da bicicleta meteu a roda solta no porta-malas com um peso apoiado sobre o disco. Ups! E ainda deixou o manete de freio fechar-se sem o separador de pinças instalado. Grudaram. Mais trabalho. Eu não gosto de freio a disco em bicicleta urbana. Deve até funcionar em mountain bike de competição, mesmo assim não sei se seria minha opção. Bom, enfim…

Publicidade

Há inúmeros tipos de freios para bicicletas e o que mais me agrada para as urbanas é o interno de cubo, uma espécie de freio a tambor, pouco comum aqui no Brasil, mas muito usado principalmente na Europa. Funciona suave, preciso, sem qualquer tranco, modulação prefeita, não muda com chuva e poeira e, principalmente, porque é praticamente impossível de sofrer avarias por maus tratos.  Mas não há por aqui. Pena.

Freio a disco para bicicletas é uma criação do mercado para saciar a sede consumista de novidades dos clientes e para resolver o eterno problema da qualidade de trabalho dos mecânicos de bicicletarias, que no geral é precária. O freio a disco mata dois mecânicos com uma chave inglesa só.  Na realidade mata vários velhos pequenos problemas numa tacada só, sendo o principal a questão do mecânico. Quanto menos ele colocar a mão na bicicleta melhor. O mercado da bicicleta não paga o preço de um mecânico de qualidade. A solução é instituir produtos que tenham menos variáveis e necessitem de procedimentos mais simples para funcionar e ser mantido.

O meu freio predileto continua sendo o velho cantilever, que permite muitas variáveis em seu ajuste e regulagem, mas demanda um trabalho delicado, atencioso, preciso, portanto demorado. Bem regulado oferece potência de frenagem e a modulação ideal para cada ciclista, quase impossível com qualquer outro sistema de freio. Uma vez feita a regulagem, que pode ser bem chata, vai demorar um tempão para dar manutenção. Acabou sendo substituído pelo “V brake” (nome correto: “direct pull brake”) que é muitíssimo mais simples para qualquer mecânico lidar. Alinha as sapatas com o aro, ajusta o curso do cabo e a centralidade dos freios e pronto; rapidinho, rapidinho. O problema é que “V brake” foi criado para competições, é muito mais potente que o cantilever, e machucou muito ciclista leigo. Era batata: o sujeito comprava uma bicicleta com a novidade, o vendedor avisava para tomar cuidado com os freios, para ir devagar, e não demorava muito o comprador voltava para loja ralado ou machucado porque havia capotado de frente. História clássica.

O “V brake” também tem lá os seus probleminhas: a abertura das sapatas em relação ao aro é baixa e os aros precisam ser muito bem centrados ou as sapatas arrastam. Centrar uma roda definitivamente não é para qualquer um. De volta ao problema dos mecânicos. Outra questão, que não deve ser esquecida, é que qualquer sistema de freio por sapata precisa de aros de qualidade para frear sem trancos. Freios a disco não tocam nos aros, demandam menos mão de obra que num “V brake”, tem um apelo sensual para os consumidores… A tendência, principalmente em mercados com pouca cultura da bicicleta e oficinas mecânicas que só sabem trocar peças está sendo o crescimento acelerado do disco e rápido encolhimento do “V brake”.

Publicidade