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#1 – MOTO LASER

Espécie de Super Máquina de duas rodas, `Moto Laser’ durou apenas uma temporada em seu país de origem. Nos anos 80, a tendência das séries de TV norte-americanas era mostrar uma máquina super-equipada com armas ou sistemas computadorizados de última geração (na época, vivia-se o boom dos computadores pessoais) no combate ao crime e as maldades em geral. Foi o tempo de séries memoráveis como A Super Máquina (4 temporadas), Trovão Azul (baseado no filme homônimo, 1 temporada), Águia de Fogo (4 temporadas) e o alvo desta coluna: Moto Laser.

DUAS RODAS NO COMBATE AO CRIME

Exibida pela Globo aos domingos, 17h, a série girava em torno da luta contra o crime empreendida de forma secreta pelo policial Jesse Mach (Rex Smith). Suspenso do patrulhamento com moto depois de bancar o Evel Knievel, Jesse e um amigo resolvem esfriar a cabeça indo andar de moto no deserto. O inocente passeio acaba bem mal, quando o amigo de Jesse é morto após testemunhar uma transação de drogas e ele é atropelado por uma caminhonete preta. Após ser resgatado e levado para um hospital, Jesse descobre que o atropelamento – proposital – destruiu seu joelho, o que o leva a um afastamento forçado e definitivo do patrulhamento com moto, relegando-o a um trabalho burocrático.

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Porém, Jesse é abordado por Norman Tuttle (Joe Regalbuto), um representante governamental que lhe faz uma oferta: implantar nele uma revolucionária, porém experimental, prótese de joelho para que ele, em troca, pilote a Moto Laser, uma super motocicleta monitorada a distância por computadores, equipada com lança – mísseis, canhão laser e capaz de alcançar até 500 km/h no módulo Super Impulso. Jesse aceita e se torna o Falcão, um vigilante motorizado. Na primeira noite, Jesse detém um grupo de assaltantes usando os lasers da moto para incapacitar o carro. Depois, ele obtém sua vingança contra o chefão do crime Anthony Corrido (Christopher Lloyd, o cientista maluco da série De volta para o Futuro), responsável pela morte de seu amigo e sua incapacitação. Toda essa trama foi contada no episódio-piloto ou, como a Globo dizia, `o longa-metragem que deu origem à série’, exibido no Supercine e disponível em VHS pela Globo Vídeo no fim da década de 80 (eu vi os dois).

ONZE HOMENS E UMA MOTO LASER

Moto Laser durou apenas uma temporada nos EUA (13 episódios), mas teve tempo suficiente para dar espaço a muita gente, alguns famosos, outros (na época) nem tanto. Um desconhecido George Clooney participou do episódio `A Second Self’, fazendo um amigo de Jesse que, sem saber da vida dupla do amigo, acerta um contrato com um criminoso local para destruir o Falcão. Na época, a chamada da Globo para o episódio dizia o seguinte: `Cuidado, Jesse! O Motorista-Fantasma está nas ruas…’. Minha memória não é lá essas coisas, mas tenho quase certeza que o nome do episódio aqui no Brasil era justamente, `O Motorista-Fantasma’…

Lógico que com uma premissa dessas, as cenas de ação tinham que ser `top de linha’. Moto Laser não deixava a peteca cair, embora alguns episódios tenham tido menos ação do que outros (talvez devido ao enredo). No geral, porém, sempre era agradável e excitante ver a motoca preta toda carenada (debaixo de todo aquele plástico, estava uma Honda CR 250) disparando mísseis e lasers nos malfeitores de plantão, ou voando baixo a 500 km/h. Detalhe que a maioria dessas tomadas em velocidade era mostrada da perspectiva do piloto, ou seja, uma imagem direta da viseira de Jesse, que fazia às vezes de painel da moto. No canto esquerdo ficava o velocímetro, no direito o medidor do zoom. E a câmera era conectada aos computadores de Norman Tuttle, na central secreta onde a moto ficava guardada.

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No Brasil, a série foi exibida pela Globo, como já citado acima e, após algum tempo, pela Record. A repercussão da série foi satisfatória, a ponto de uma empresa de brinquedos ter lançado, à época, uma linha de brinquedos temáticos que incluía uma pista no estilo autorama. Agora, é torcer para que algum executivo de canal a cabo lembre dos tempos em que uma moto preta era a ultima palavra no combate ao crime e coloque a série na grade de programação. Pra quem viu, ia ser uma boa. Pra quem não viu, seria uma chance de conferir George Clooney antes da fama e seu cabelo de grupo Dominó…

#2 – MOTORCYCLE COPS Uma série européia que bebia na fonte dos filmes de ação norte-americanos, `Motorcycle Cops’ combinava motos e ação policial.

Quem acompanha a TV a cabo no Brasil há muito tempo, certamente vai lembrar que o AXN sucedeu o canal Teleuno. No começo de suas transmissões no Brasil, o AXN tinha em sua grade de programação algumas séries européias, como Medicopter e o assunto de hoje: Motorcycle Cops.

Originária da Alemanha (onde se chamava Motorrad Cops: Hart am limit, die), a série girava em torno de três membros de uma unidade de elite da polícia alemã: Tom Geiger (Matthias Paul), o `chefe’ da turma, dono de uma BMW 1200C; Kai Sturm (Jens-Peter Nunemann), montado numa Ducati 900; e Susanna `Sunny’ Labone (Yvonne De Bark), pilotando uma Cagiva Enduro 500*. Uma formação pouco ortodoxa, como motos (pelo menos para nós, brasileiros) menos ortodoxas ainda, fazia a receita da série.

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CHUCRUTE COM HAMBURGER

O esquema era quase sempre o mesmo: um crime ou uma situação de perigo que exigia a presença dos Motorcycle Cops, e lá iam eles em suas motos. A série não tinha o menor pudor de assumir seu lado `chucrute com hamburger’, ou seja, usava e abusava das pirotecnias hollywoodianas nas cenas de perseguição e ação com as motos. Num dos episódios, Kai fica encarregado da proteção de uma suposta inocente cuja vida está sob ameaça de bandidos. Numa cena, uma granada é jogada na direção deles, mas Kai `devolve’ a granada fazendo o pneu da moto girar em falso enquanto muda a direção para qual a moto está apontada. Batata: o pneu girando atinge a granada, que é arremessada de volta para o lado dos bandidos… no fim, a moça revela seu lado `Taís’, mas acaba presa depois de uma perseguição de moto nos trilhos do metrô berlinense.

Saltos de todos os tipos e alturas foram realizados, mais notadamente com a Cagiva de Sunny. Quedas, então, eram uma ou duas a cada dois ou três episódios, e quase todas eram arrematadas com a mesma fala padrão: `Olha só o que aconteceu com a minha moto’. E o seguro dos tiras devia ser muito bom, pois as motos – mesmo depois de capotaços memoráveis e, até, atropelamentos por trens e outros veículos maiores – apareciam lépidas e reluzentes algumas cenas depois. Claro, estamos falando da Alemanha, onde não se cobra R$ 6.900,00 por um seguro furreca pra uma Falcon 2007…

Apesar das `mentirinhas’, a série era bem balanceada, não era o tempo todo só moto pra lá e pra cá. Um pouco de vida pessoal (num episódio sobre drogas alucinógenas, tudo começa com Geiger tentando comprar tinta para pintar a bicicleta da filha), tiroteios, emboscadas, investigações a pé e tocaias davam o contraponto necessário para atrair a atenção de quem não era muito chegado nessa coisa de moto. A receita deu certo por três temporadas na TV alemã. Ao que consta, o AXN passou aqui no Brasil apenas episódios da primeira temporada antes de reformular por completo sua grade de programação e `varrer’ essa e outras séries européias, mas essa informação carece de confirmação. Lembro, entretanto, de ter visto poucos episódios e, depois de um tempo, a série ter saído do ar sem aviso prévio.

Ficou a lembrança de uma série bacana, de produção bem cuidada e que bebia sem pudor na fonte americana de como fazer entretenimento. Quem sabe, um dia, o AXN ou outro canal não abra um espaço para a re-exibição dessa série…

Até o próximo capitulo…