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Bitenca, Terwak, Harada

Bitenca, Terwak, Harada

Recebemos um convite do amigo, engenheiro da Honda, Zé Luis, para fazer um test-ride nesse modelo, eu e o Harada.Carlos Bittencourt, Zé Luiz Terwak e Ryo Harada

Jan e José Luis Terwak

Jan e José Luis Terwak, pai e filho nas trilhas

A idéia era fazer uma trilha leve nos arredores de Mogi das Cruzes, com a companhia desse bom amigo, seu filho Jan e e seu amigo Denis. Totalizamos cinco motociclistas: Ryo Harada, Carlos Bittencourt, Denis Prático, Jan Poletto Terwak e José Luiz Terwak. Aconteceu que a trilha que seria leve se tornou bastante pesada, não por intenção de nosso anfitrião, mas pelas condições climáticas desses dias de grande volume de chuva que ainda recebe a região. Fato que acabou por tornar esse passeio memorável, porque a demanda do esforço comum une o grupo e cada obstáculo vencido adiciona mais uma vitória que no fim do dia, esse acúmulo da sensação de poder em superar obstáculos, como na vida, dá a sensação de realização e conquista. Essa é a melhor coisa que o motociclismo fora-de-estrada pode proporcionar. Chegamos exaustos mas com a alma literalmente lavada.

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Harada procurando tração onde não havia

Harada procurando tração onde não havia

Denis Prático e Zé Luiz Terwak

Denis Prático e Zé Luiz Terwak

 

Partimos pelas nove da manhã e praticamente do quintal da casa do Terwak e já entramos numa trilha dupla que logo se tornou de passagem única, ou seja, impossível o tráfego de veículos de 4 rodas e que por causa das chuvas recentes se mostrou com cavas profundas, pedras que emergiam da erosão do excesso de água e superfícies de chão duro, tão liso que mal se parava em pé. Mas para essa realização toda contamos com a tranqüilidade de pilotar essas pequenas motos especiais, as CRF 230 F que a Honda fabrica e que deu uma tranqüilidade excepcional no quesito equipamento durante o passeio. São motos específicas, para uso exclusivo no off road apenas e por sua construção simples e robusta proporcionou várias horas de puro prazer para esses amigos viciados em adrenalina.

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O motor, é um OHC de construção robusta, e derivado da antiga XR 200, com a partida elétrica mas adaptado às duras condições do off road. Dá respostas rápidas, como se fosse injetado e ainda por cima com um carburador sem diafragma ou injetor de aceleração. Aquele pequeno diafragma da XR 200 e das XLX 350 que era operado por uma haste que se corroia com o tempo, foi retirado do corpo do novo carburador, porque não faz falta nenhuma. Nessa moto ele provê uma curva de aceleração bem ajustada com entrega de potência muito amigável. Há sempre uma marcha para cada situação. Não há necessidade de trabalhar exaustivamente com a embreagem para superar os obstáculos. O motor e o câmbio se encaixam perfeitamente em qualquer condição do percurso.

Honda CRF 230

A moto: Honda CRF 230

Chassi de berço semi-duplo, configuração consagrada

Chassi de berço semi-duplo, configuração consagrada

Motor derivado da XR 200 tem carburação maior

Motor derivado da XR 200 tem carburação maior

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Filtro de espuma de boa absorção e grande capacidade

Filtro de espuma de boa absorção e grande capacidade

Suspensão dianteira um pouco dura, também é prejudicada pela posição do piloto, muito adiantada

Suspensão dianteira um pouco dura, também é prejudicada a posição do piloto, se ficar em pé

A classificação desse tipo de moto é de uma Fun bike, ou seja, está pronta para a diversão. Não precisa de muita manutenção e acertos como uma especial de competição mas já atua com performance suficiente para agradar o piloto novato ou mesmo o experiente, sem grandes compromissos. Claro que uma pequena preparação vai trazer bons resultados à categoria para um competidor que deseja usar esse equipamento em competições e já há uma ampla linha de produtos para esse fim no mercado, como escapamentos, ignição sem limitador, componentes de suspensão, mesas com geometria mais radical e até kits para aumento de cilindrada. O acesso mecânico, é muito simples. A começar pela manutenção do filtro de ar, pela lateral esquerda, facilmente removível. Todos os componentes elétricos são bem protegidos, como numa cross de competição e a manutenção se reduz bastante pela simplicidade da mecânica.

A suspensão ajustada de fábrica no sistema hidráulico, tem apenas ajuste da pré-carga da mola traseira e é compatível com o objetivo da moto. Bem compliante, absorve bem os obstáculos em velocidade média para alta. Mas deve ser re-calibrada para um uso mais radical. Na frente, a ergonomia poderia ser melhor adaptada para os pilotos mais experientes, que se ajustam melhor na posição em pé. O conjunto mesa, guidão, banco e pedaleiras, que desenha o triângulo ergonômico da moto, favorece a posição sentado, que esses pilotos procuram evitar para obter mais controle da pilotagem. Para pilotos de menor estatura ou com menos experiência essa frente dá bons resultados mas para resolver esse problema há os acessórios dos preparadores que ajustam a moto para quem quiser usá-la em percursos mais radicais ou em competição.

O chassi é bem leve e estreito. Boa característica para uma moto trail e cross. Sua geometria, deriva das especiais de competição mais desenvolvidas da Honda e coloca nas mãos do piloto a capacidade de conduzir rápido porque as respostas são assim, muito precisas na reação aos comandos do piloto. Muito bom resultado para a categoria, a suspensão trabalha com harmonia com o chassi e a geometria permite essa tocada precisa. No fim de algum tempo o piloto vai pedir uma postura mais de ataque na ergonomia da moto. Será esse o momento de investir num upgrade da frente ou subir de categoria para um modelo especial de competição. Estará cumprida a função escola dessa pequena grande motocicleta.

Chegando da trilha, lavada a moto, verificado o filtro de ar, relação de transmissão, freios e abastecimento, a moto está pronta para outra. Uma delícia. Bitenca.

Suspensão traseira tem ajuste para pré-carga da mola

Suspensão traseira tem ajuste para pré-carga da mola

Dimensões Comprimento total 2.059 mm Largura total 801 mm Laltura total 1.190 mm Distância entre eixos 1.372 mm Distância mínima do solo 305 mm Altura do asento 872 mm

Peso Peso seco 107 Kg

Capacidades Óleo do motor 1 litro Óleo do motor após desmontagem 1,2 litros Tanque de combustível 7,0 litros Reserva de combustível 1,3 litros Capacidade de carga 100 Kg

Motor Tipo OHC monocilíndrico, 4 tempos, arrefecido a ar Disposição do cilíndro Inclinado 15° em relação à vertical Diâmetro e Curso 65,5 x 66,2 mm Relação de compressão 9:1 Cilindrada 223,0 cm^3 Potência máxima 19,3 cv a 8.000 rpm Torque máximo 1,92 Kgf.m a 6.500 rpm

Chassi – Suspensão Caster / Trail 26° 45′ / 111 mm Pneu dianteiro 80/100 – 21 NHS marca – modelo Pirelli MT230 H Pneu traseiro 100/100 – 18 NHS marca – modelo Pirelli MT230 H Suspensão dianteira Garfo telescópico 240 mm Suspensão traseira Pro-Link 230 mm Freio Dianteiro A disco – acionamento hidráulico Freio Traseiro Tambor

Transmissão Tipo seis velocidades constantemente engrenadas Embreagem Multidisco em banho de óleo Redução Primária 3,090 Redução final 3,846 Relação de transmissão 1 2,769 2 1,941 3 1,450 4 1,148 5 0,960 6 0,812

Sistema elétrico Bateria 12 V – 4 Ah Alternador 60 Watts em 5.000 rpm Lâmpada do farol 12 V – 35 W

Bitenca
Pioneiro no Motocross e no off-road com motos no Brasil, fundou em 1985 o TCP (Trail Clube Paulista). Desbravou trilhas em torno da capital paulista enquanto testava motos para revistas especializadas.