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A Honda VFR 1200 F é uma moto que surpreende a muitos. Ela chegou ao Brasil em 2010 e agrega toda tecnologia que a Honda dominou em décadas de pesquisas para oferecer ao seu público o que há de mais interessante em termos de performance, conforto, dirigibilidade e design.

Junto com ela a Honda apresentou a versão bigtrail, segmento que tem gerado maior interesse pelo público e isso acaba justificando a segmentação do modelo básico para o que a Honda definiu como sendo uma Crossover, uma moto que cruza por qualquer terreno, sem escolher caminho. Cruza também por características próprias para uma moto turismo e ainda por aspectos de pura aventura.

Desse conceito, apresentado inicialmente no salão de Milão em 2011, a Honda conta com vários modelos que no Brasil não se apresentaram todos… ainda. Para cá vieram a NC 700X e a VFR 1200X Crosstourer, foco desta avaliação.

Honda-VFR1200X L Crosstourer - Mistura de aventureira com moto turismo com destaque em tecnologia e design

Honda-VFR1200X L Crosstourer – Mistura de aventureira com moto turismo com destaque em tecnologia e design

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A moto surpreende logo ao sentar no lugar do piloto. “Onde está a embreagem?” você pergunta quase instintivamente, imaginando que está numa Honda Biz, que também não tem manete de embreagem. Há várias marcas de scooters nacionais com câmbio CVT com embreagem centrífuga automáticas. Para quem já pilotou um desses não há problemas para sair com a VFR 1200.

Primeira coisa que você nota é a falta da alavanca de embreagem e a conveniência do protetor de mão

Primeira coisa que você nota é a falta da alavanca de embreagem e a conveniência do protetor de mão

Na verdade é bem simples: basta acelerar para sair. E a semelhança parou aí. Nada mais é sequer parecido. O motor é basicamente dez vezes maior, com quatro cilindros e num veículo várias vezes mais pesado e mais alto. É muito torque que pode literalmente te arremessar longe. Aí você pensa que não pode ser tão diferente e arrisca a saída.

Fácil demais, a máquina faz tudo para você. Mantenha o giro do motor no ponto de deslizamento, um pouco acima da marcha lenta, como se estivesse com a mão segurando a alavanca da embreagem. Aguarde um instante para ela ganhar movimento, acelere mais e ela arranca com a mesma suavidade e previsibilidade. É como se houvesse uma mão mágica trabalhando a alavanca inexistente e não é centrífuga. É um comando eletrônico acionando um sistema hidráulico.

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Na terra o comportamento é bastante neutro e equilibrado - Desligando o controle de tração a diversão é maior

Na terra o comportamento é bastante neutro e equilibrado e desligando o controle de tração a diversão é maior

A moto é como uma bigtrail normal, mas com características um pouco mais voltadas para o turismo, sem deixar o “look” aventureiro. A esportividade é garantida pelo motor V4 de 1200cc, seis marchas em um câmbio automatizado com dupla embreagem e a facilidade de manutenção da transmissão por eixo cardã. O controle de tração pode ser desligado e aí a diversão é garantida.

Na estrada a diversão é maior ainda, pode-se aproveitar mais do motor e do chassi, que se torna uma extensão do piloto; na mão direita o acelerador e toda a atenção na pilotagem; o câmbio.... esqueça dele

Na estrada a diversão é maior ainda, pode-se aproveitar mais do motor e do chassi, que se torna uma extensão do piloto; na mão direita o acelerador e toda a atenção na pilotagem; o câmbio…. esqueça dele

Para conduzir a posição é ereta por causa da maior altura do guidão. A boa altura e perfil do pára brisa tira bem o vento frontal sem prejudicar a visão. Apesar da mesa que suporta a suspensão ficar bem baixa em relação ao tanque, há dois longos braços para suportar e afixar o guidão, que tem boa largura e altura suficiente para maior agilidade no trânsito.

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Com 850mm de altura do banco e 275 kg de peso em ordem de marcha, deve-se dizer que a moto é alta e pesada e isso é esperado para uma trail dessa categoria. Porém, quando ela está em movimento tudo muda, ela se torna leve e facilmente manobrável. O peso se torna presente apenas ao manobrar num estacionamento, por exemplo.

As embreagens são acionadas por uma bomba hidráulica e válvulas solenóides que liberam o engate de uma ou outra, conforme a necessidade identificada pelo processador

As embreagens tracionam dois eixos, um dentro do outro para as engrenagens pares e impares. São acionadas por uma bomba hidráulica e válvulas solenóides que liberam o engate de uma ou outra, conforme a necessidade identificada pelo processador

O motor V4, 16 válvulas e cabeçote Unicam (tecnologia usada nas motos de cross da Honda) com praticamente 130 cv seria o grande lançe dessa moto se não fosse combinado com a transmissão automatizada de dupla embreagem. Há uma ampliação das qualidades do motor pela grande integração que a transmissão proporciona ao dispor para a roda traseira toda potência e torque do motor Unicam, sem trazer preocupação ao piloto em manter adequada a rotação do motor para a velocidade da moto.

O funcionamento é simples mas demanda muita tecnologia. Há dois eixos concêntricos, um dentro do outro para os quais há três marchas disponíveis e uma embreagem distinta para cada um desses eixos.

Um computador gerencia toda troca de marchas. Sensores percebem se a moto está em aceleração e automaticamente prepara a próxima marcha que será trocada no momento identificado pela rotação do motor ou sob o comando do piloto. Dessa forma, duas marchas permanecem engatadas e apenas a embreagem aciona uma delas ao uso, conforme a decisão do computador.

Se a moto estiver em desaceleração, na reduzida a marcha em uso vai diminuindo de rotação enquanto o computador prepara uma marcha mais baixa para engatar na sequência. Na rotação apropriada a marcha é trocada pelo acionamento das embreagens (uma solta e a outra engata) e assim a redução também acontece de modo automático.

Além disso há três modos de utilização da transmissão. Você pode usar em modo “D” normal, “S” para esportivo e ainda fazer uso dos dois botões no punho esquerdo para passar as marchas a seu comando. Esses modos são selecionados por comandos no punho direito.

Dois eixos concêntricos para duas embreagens e três conjuntos de engrenagens compõem o câmbio; os engates são feitos por acionamento eletrônico

Dois eixos concêntricos para duas embreagens e três conjuntos de engrenagens compõem o câmbio; os engates são feitos por acionamento eletrônico

Pilotando com essa tecnologia toda, não faria sentido se o resto da moto não fosse à altura. A boa distribuição de peso, as suspensões adequadas e um chassi com a mesma estrutura da VFR de rua promove boa rigidez e uma ciclística previsível e que inspira muita confiança. A moto faz curvas como uma esportiva e absorve os obstáculos melhor do que sua irmã esporte-turismo, mas ainda está longe do que uma boa moto trail poderia ser para uso na terra.

A falta de opção para desligar o C-ABS é uma indicação de que essa moto, embora traga no estilo e no nome o peso do nome “cross”, na verdade ela está mais para o “tourer” no asfalto do que para qualquer outra coisa. Até que aceita um terreno mais acidentado e a opção de desligar o controle de tração é bem vinda quando o pavimento acaba, mas que não piore tanto quanto poderia. O chassi, a suspensão e os freios não são feitos para o uso “off” e ponto final.

Há situações na terra em que a embreagem manual seria desejável

Há situações na terra em que a embreagem manual seria desejável

Um outro fato que na rua é benéfico, mas na terra isso não acontece é quanto à embreagem automática. Na terra o seu uso é importante para pilotagem, tanto para manter tração em situações mais “deslizantes” em subidas travadas quanto para evitar freio excessivo do motor. Mesmo com o efeito “deslizante” que a redução automatizada da VFR 1200X tem, não há liberdade para se explorar todas as suas qualidades que um piloto “off road” pode ter com o uso manual da embreagem.

Em situações onde o terreno é aberto e sem muitos obstáculos no percurso ela vai bem e o cambio automatizado se torna bastante divertido porque você pode se concentrar na pilotagem e “esquecer” o câmbio. Use o acelerador para ligar, desligar e dosar a potência, freios para ajustar a velocidade nas curvas e aumente a concentração com o foco para onde quer apontar a moto. O resto ela faz sozinha.

A geometria tornou-se boa para uma trail pesada, com pequenas modificações sobre o modelo F - Roda maior, maior triangulação das mesas para um off-set maior permite um rake mais amigável ao off-road sem aumentar demais o trail

Geometria boa para uma trail pesada, recebeu pequenas modificações sobre o modelo F – Roda maior, maior triangulação das mesas para um off-set maior que permite um rake mais amigável ao off-road sem aumentar demais o trail – a moto continua com boas características estradeiras

Ciclística é consequência das dimensões do chassi e sua construção. Da sua irmã VFR 1200F a X herdou o chassi de alumínio e sua mecânica principal. As alterações foram principalmente consequência da mudança da roda dianteira para uma de 19 polegadas, o trail aumentado de 101mm para 107mm e o rake de 25,5º para 28º. Alterações que fazem da VFR X uma moto mais adaptável a imperfeições do terreno que os pneus mais estreitos ajudam também. As rodas raiadas dão o toque mais estético do que funcional porque outras características não propiciam toda vantagem do off-road que elas ofereceriam. Enfim essa geometria resulta em boas características para uma moto turismo com vantagens em terrenos mais acidentados.

Suspensão traseira monobraço tem sua estrutura tubular para conter o eixo cardan

Suspensão traseira monobraço tem sua estrutura tubular para conter o eixo cardan

As suspensões amplamente ajustáveis permitem boa adequação às várias condições de uso. Se levar mais peso a regulagem da pré carga da mola traseira se torna muito útil e os ajustes presentes na dianteira são de fácil acesso. Garfo do tipo invertido na dianteira, com tubos de 43mm de diâmetro na moto em teste ainda apresentou resistência aos pequenos obstáculos, consequência do chamado “stiction” que resulta do atrito das partes móveis da suspensão, no início do movimento. Isso significa que as peças “colam” umas nas outras resistindo ao início do movimento para absorver um obstáculo. Resulta em vibração rápida ao passar sobre pequenos obstáculos que não chegam a “descolar” as peças móveis.

Esse problema normalmente diminui com o uso, resultado do amaciamento, e com a unidade avaliada, cuja quilometragem estava abaixo dos 2000 km, pode ser o caso. Na traseira se apresentou muito bem, com boa progressividade, conforto e estabilidade, resultado de uma boa ação do amortecedor tipo “piggyback”, ou com reservatório anexo.

Freios com pinças de três pistões na frente e de pistão duplo atrás

 

Os freios têm a combinação do traseiro com o dianteiro e o sistema anti travamento ABS. O sistema combinado proporciona um acionamento do freio dianteiro juntamente com o traseiro numa certa proporção para manter o equilíbrio da moto. O ABS, sempre ativo não ajuda nas situações de maior esportividade na terra. Entretanto garantem uma segurança adicional no asfalto. Discos duplos na frente, com diâmetro de 310mm tem pinças de três pistões onde a do meio funciona juntamente com o freio traseiro para ter a ação combinada. Na traseira o disco é único e tem 276mm de diâmetro.

O painel de instrumentos é bem completo e tem desenho agradável. Uma grande tela de cristal líquido tem uma coluna de barras para o tacômetro, com visibilidade discutível mas nessa moto nem faz tanta falta. Tem um visor central para o velocímetro e as informações da marcha em uso, do modo da transmissão selecionado, nível de combustível no tanque, autonomia, média de consumo e dois hodômetros parciais e mais todas as luzes de advertência necessárias.

A visão do painel é boa, ele tem dois grandes visores, um para o tacômetro de barras e outro para o velocímetro digital e outras informações

A visão do painel é boa, ele tem dois grandes visores, um para o tacômetro de barras e outro para o velocímetro digital e outras informações – Todas as funções do câmbio automatizado são acessadas pelos conjuntos dos punhos

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Para quem gosta de tecnologia, diversão e estilo, a VFR1200 X é uma moto mais dinâmica do que sua irmã estradeira. Com esse estilo de aventureira permite mais conforto nas grandes viagens. Mesmo que não saia em grandes aventuras a imagem é o que importa.

 

Uma moto que se integra bem com a paisagem rural

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Aventureira, pode te levar a lugares incríveis

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Honda-VFR1200X L Crosstourer - Mistura de aventureira com moto turismo com destaque em tecnologia e design

Honda-VFR1200X Crosstourer