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BMW HP2: estilo único

Até pouco tempo, buscavam conciliar conforto, segurança e esportividade, porém a proposta mudou e além de toda tecnologia o desempenho foi o alvo a ser atingido. Hoje temos modelo com a nova esportiva 1200 S com motor de quatro cilindros que desenvolve 167 cv. Nessa proposta o ano passado apresentaram um projeto na base da big trail K 1200GS, que focava unicamente as competições off-road, totalmente racing. O nome é HP2 que se traduz em Hi Performance, o número 2 se refere aos dois cilindros em Boxer, característico da marca.

O quadro foi inteiramente redesenhado, além de oferecer maior resistência, o formato tinha de ser bem diferente por adotar outro sistema de suspensões. Na GS o conhecido sistema dianteiro Telelever tem uma espécie de bandeja com um único amortecedor que neste caso deu lugar para duas bengalas invertidas convencionais, na parte traseira o sistema (BMW) Paralever deu espaço para outro sistema bem diferente de todos outros fabricantes, feito pneumaticamente, ou seja todos os suportes não casariam e assim nasceu o novo quadro. Voltando ao sistema de amortecimento traseiro, é tão diferente quem não tem nem mola e muito menos óleo, dá pra imaginar? Na verdade é como um reservatório cilíndrico com um bico semelhante ao de pneu, o modelo ainda dispõe de uma bomba para se necessário encher manualmente. O ar dentro desta câmara tem de passar pela abertura de duas válvulas, uma de compressão e outra de retorno, sistema semelhante aos convencionais, porém diferente do óleo neste caso é o ar que é comprimido dando progressividade ao conjunto. Saltando…

Derrapando…

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Transmissão por cardan

Esse amortecedor foi desenvolvido por duas razões, primeiro trata-se de um modelo para as pistas e quanto menor for o peso melhor, assim esse sistema economizou bastante, pesando cerca de 2 kg apenas. Outro motivo foi que como a moto tem transmissão final por eixo cardã, ou seja, um sistema mais pesado, era difícil desenvolver uma mola que fizesse com que a roda traseira copiasse perfeitamente o solo irregular de uma prova de rally, a mola teria que ser muito grande e muito reforçada, somando novamente mais peso.

Para tirar mais desempenho, foi retirado do motor Boxer todo sistema anti-vibração, o target aqui é desempenho e não conforto, assim balanceiros e outras peças móveis não foram utilizados. Com isso o motor trabalha com menos esforço e somando isso a um outro comando de válvulas, fez com que o motor desenvolvesse 5 cv a mais, que junto aos 25 kg a menos em relação a GS, deixa a moto com uma tocada totalmente diferente.

O tamanho como toda BMW assusta um pouco, ainda mais por tratar de um modelo off-road que tem que ser mais alto mesmo. Quando coloquei a moto em movimento fiquei bobo com tamanha agilidade em relação a GS, esta muito mais leve mesmo. O modelo que testamos estava com os aros de 17 polegadas, adequada para as ruas. Este kit desenvolvido pela própria BMW foi feito para satisfazer um nicho de consumidores da marca que queriam um brinquedo mais agressivo para as ruas.

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Onde testamos, a HP2 era ao mesmo tempo agressiva e extremamente fácil de levar ao limite, tanto pegando a manha, foi uma das motos mais fáceis de fazer curva de lado no asfalto, mesmo com todo tamanhão. Foi uma delicia, ela fritava o asfalto vindo totalmente contra-esterçada, saindo fumaça do pneu e deixando o asfalto borrachado.

O freio para variar é absurdo e neste caso temos que tomar muito cuidado porque ela freia muito e não tem ABS, que dificulta o uso off-road.

Para quem quer se divertir com estilo a HP2 é perfeita, adrenalina a toda hora, seja com as rodas grandes e pneu de cravo ou com os aros 17 e pneu esportivo.

Nem parece BMW

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Por Geraldo Tite Simões

Tive a chance de pilotar a HP2 em Gramado (RS) durante o teste da BMW F 800. Estava com rodas 17 polegadas e pneus esportivos, ideais para a serra que teria pela frente, com o asfalto umedecido por uma fina garoa. O primeiro susto foi a altura, claro, tenho quase 30 cm a menos que o Leandro! Era impossível encostar os dois pés no chão com meus míseros 1m70. Outro susto foi perceber um freio animal de agressivo e sem ABS, se o cabra bobear vai travar tudo!

Quando chegamos na seqüência de curvas meu rosto foi iluminado por um sorriso aberto! É impressionante o que faz de curva, mesmo alta e com aqueles cilindros esparramados para os lados. No grupo de jornalistas tinha um argentino pilotando a BMW K 1200S andando forte. Como eu não admito ficar atrás de nenhum jornalista, principalmente um ARGENTINO, babei no capacete e fiz a HP2 justificar a fama de a boxer mais estável do planeta! Derrapagens, frenagens insanas e passei o hermano num vacilo que ele deu. A honra verde-amarela estava lavada!

Curiosamente, quando a BMW inventou a suspensão dianteira toda sofisticada, chamada de Telelever, os argumentos técnicos, entre outros, era o de que esse sistema mantém a moto com as mesmas medidas de cáster e trail porque a moto “afunda” por igual nas frenagens. Também alegaram que funciona como um anti-diving nas frenagens. OK, mas quando fizeram uma moto verdadeiramente esportiva deixaram a sofisticação de lado e apelaram para o tradicional garfo telescópico. Já o sistema pneumático traseiro exige um cuidado especial: deve-se usar hidrogênio porque o ar comprimido normal aquece demais e altera o comportamento da suspensão.

Durante o teste, quando acelerei acima de 180 km/h senti a frente balançar demais, um típico shimmy de motos big-trail que pode ser solucionado com a regulagem mais criteriosa das suspensões dianteira e traseira.

O acabamento é muito simples, com painel bem rudimentar, típico de motos esportivas off-road. Porque a HP2 é isso mesmo, uma moto de corrida que pode circular na rua. Não recomendo o uso “civil” dessa moto, porque o banco não tem o conforto de uma BMW clássica. Mas para quem quer uma companheira para muita aventura e diversão tanto na asfalto quanto na terra, pode encomendar a sua. A BMW oferece opcionalmente o jogo de rodas e pneus nas versões on e off road.

Acataram minha sugestão

Por Pedro Mello

Quando do lançamento do modelo R 1200 GS, em 2003, tive a oportunidade de confrontá-lo com outras três concorrentes de outras marcas, que dividiriam a categoria das big-trail. Na ocasião, a BMW deu show e só não levou o caneco por dois motivos: seu custo bem mais elevado e o desempenho de sua suspensão dianteira Telelever, que em pisos bastante irregulares não absorvia de pronto os impactos que primeiro se transferiam ao piloto para só depois entrar em curso de amortecimento. Terminava o comentário dizendo que uma suspensão dianteira invertida cumpriria muito melhor a função, a exemplo de outras adversárias.

E não é que passado esse tempo, a marca germânica resolveu me atender a sugestão? Brincadeirinha pois, ao contrário de outros colegas, pouco vaidoso, detesto a auto-idolatria tanto quanto a crítica destrutiva gratuita. Voltando à moto, o avanço não parou por aí e, estimulados no combate pela supremacia, novo chassi foi projetado em razão da diversificação da ancoragem dos conjuntos dianteiro e traseiro, este último com inédito amortecedor pneumático. Só de regime 20 kg foram evaporados, o que melhorou muito a relação peso/potência, esta, por sua vez, majorada em 5 hp.

Não bastando, ainda pode-se optar por duas utilizações, enduro tipo Rally ou Super-Motard, quando os aros 18″ e 21″ são trocados por outros de 17 polegadas, ao gosto do freguês e quando lhe convier. Com tudo isto, podemos afirmar que o salto foi grande e enfim, a marca se profissionalizou. Que se cuide a KTM 990 Adventure, pois seu nível, se não parelho, foi superado.

Andando com a bichinha, seu comportamento foi surpreendente, tanto na terra quanto no asfalto. Na primeira, apesar do tamanho e peso, sua pilotagem é totalmente sob controle, amortecendo bem os saltos e irregularidades, bem como tracionando com muita competência. No asfalto, chego a acreditar que seu desempenho é superior até o de sua irmã R 1200 S, podendo dar-lhe pau em qualquer tipo de circuito, tal é sua estabilidade e controle de derrapagens em curvas, acelerações e velocidade em retas e poder de frenagem, mesmo com um só disco na frente.

Ficha técnica e preço no site oficial: www.bmw.com.br

Pedro Mello é motociclista há várias décadas, foi responsável pelo pelotão de escolta da PM, ex-piloto, enfim, uma autoridade no assunto motocicleta, mas tem um grande problema na vida: é pai do Leandro Mello!

Tite
Geraldo "Tite" Simões é jornalista e instrutor de pilotagem dos cursos BikeMaster e Abtrans.