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Foto: IC Fotos/Rinaldi

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A renovação de pilotos no motocross brasileiro está garantida. Além de grandes nomes nas principais categorias, o esporte ganha cada vez mais adeptos de base. Entre as feras da nova geração, destaque para Kioman Munoz. Com apenas 12 anos, o roraimense que reside em Goiânia (GO) é o único atleta a liderar três competições de nível nacional na modalidade. Seu objetivo nesta temporada é conquistar o tri-campeonato Brasileiro, o bi no Arena Cross e o título da Superliga em seu ano de estréia.

Tarefa que parece difícil para um garotinho, que divide os treinos com a escola e as brincadeiras. Kioman acorda às 6h30 todos os dias, freqüenta as aulas de manhã e no período da tarde se dedica ao treinamento por cerca de cinco horas, orientado por Agledson Simão Vieira, mais conhecido como Zebrinha. O técnico não dá moleza, os exercícios são de gente grande e exigem dedicação.

“Ele é bem disciplinado, mas é comum que reclame de vez em quando. Brinco dizendo que é melhor que ele sofra no treino do que durante as provas. O trabalho é feito três vezes por semana e envolve treinamento com moto, bicicleta e também corridas para melhorar a resistência. Mas nada disso valeria a pena se ele realmente não tivesse força de vontade, seu sonho é viver do esporte e ele irá conseguir torná-lo realidade”, destaca Zebrinha.

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Kioman agarra com unhas e dentes a oportunidade. Ele quer mesmo virar piloto profissional, sua maior vontade é se tornar campeão brasileiro em todas as categorias. Mas, antes disso, ele volta seu olhar à escola. Kioman tenta ir bem no colégio, porém, confessa, não vê a hora de ir para casa e subir na moto. Ao contrário dos amigos de classe, detesta fazer educação física. Só falam de futebol e disso ele garante não saber nada.

“O motocross é tudo para mim, sempre gostei do esporte e desde pequeno estive envolvido com motocicletas. Meus treinos são bem puxados, mas sei que preciso deles para alcançar minha meta. Também não é tão complicado assim, tenho tempo de fazer as tarefas, de me divertir com meus colegas na rua, gosto de pedalar, brincar de pique-esconde. Ainda faço verdadeiras amizades nas competições, meus principais adversários são também grandes amigos”, explica Kioman.

O garoto, que é patrocinado pela Rinaldi, se refere aos pilotos Enzo Lopes, Djalma Brito, José Brayan Soares, entre outros que dividem com ele os lugares do gate. Na pista eles colocam a amizade de lado e partem para o ataque, mas fora dela não deixam de manter os laços. É comum vê-los brincando nos boxes, comemorando juntos ao fim das corridas. Para Zebrinha, essa é uma das melhores safras de atletas que o motocross brasileiro já revelou.

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O técnico morou alguns anos nos Estados Unidos, acompanhando a carreira de Lucas Moraes na disputa do AMA MX. Também treinou nomes como Wellington Garcia, campeão brasileiro em 2006 e 2008. Com experiência de sobra, garante que o futuro será de muita disputa e emoção no motocross nacional, com pilotos de ponta, capazes de se destacar não apenas no país, mas no mundo.

“Eles não levam o esporte como uma brincadeira, para eles é coisa séria. O Kioman é apontado como uma das promessas da modalidade no país e seus adversários também são muito fortes. Torço muito pelo esporte, pelo seu desenvolvimento e fico feliz por participar da formação de um piloto que tem tudo para ser um ídolo”, ressalta.

Kioman nasceu em meio a muita adrenalina, seu pai, Manoel Munoz, fazia shows de acrobacias com motos e o menino, recém saído do berço, participava das manobras junto a ele e sua irmã, Indiana, sete anos mais velha. A família vivia na cidade de Cuiabá (MT) em péssimas condições nesta época. Certa vez, Manoel conheceu o piloto Antonio Ferreira Filho, o Tonin Bala, que resolveu ajudá-los e até hoje é peça chave nesta história. As lembranças de Kioman deste tempo são poucas, mas o fato é que a ligação com a máquina permaneceu forte.

Após o encontro, Manoel passou a fazer parte da equipe de shows de Tonin Bala, no município de Goiânia (GO). Porém, além de observar o talento do pai, o novo amigo percebeu dentro dos quatro primeiros anos que passaram juntos o dom do filho dele e resolveu presenteá-lo com uma PW 50cc, sua primeira moto. Aos seis anos Kioman estreava no mundo das competições, mesmo com uma fratura sofrida durante uma queda na temporada, conseguiu ser vice no Campeonato Goiano de Motocross.

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No ano seguinte ele foi sétimo colocado no Brasileiro, em 2006 evoluiu e terminou em terceiro, mas ainda estava longe do título. Kioman reclamava a falta da mãe, que se separou do marido quando o garoto tinha apenas um ano de idade. Tonin, seu incentivador e padrinho, prometeu a ele que se fosse campeão iria promover o reencontro. O menino não mediu esforços e em 2007 alcançou a taça.

Assim que o campeonato acabou, Kioman cobrou a promessa. Tonin achou sua mãe na Venezuela e preparou uma grande surpresa. Fez uma bela festa com a desculpa de comemorar a conquista do afilhado, emissoras de televisão e rádio se fizeram presentes. Em meio à comemoração, o padrinho entrou em cena montado em uma moto 65cc trazendo na garupa sua mãe, Maigualida. O fato emocionou a todos e deu a Kioman mais uma razão para continuar firme em busca de seus sonhos.

Em 2008, além de manter o título brasileiro ele ainda ergueu o troféu do Arena Cross. Já 2009 foi um ano de adaptação para o garoto, que estreou na categoria 65cc e competiu com adversários mais experientes, não alcançando resultados expressivos. Atualmente, Kioman segue em ritmo acelerado nas competições e, se confirmar o favoritismo, chegará ao tri no Brasileiro, ao bi no Arena Cross e ao primeiro título na Superliga.

Kioman Munoz na temporada 2010:
– Líder da categoria 65cc na Superliga Brasil de Motocross – três vitórias e um segundo lugar
– Líder da categoria 65cc no Campeonato Brasileiro de Motocross – duas vitórias e um segundo lugar
– Líder da categoria 65cc no Arena Cross – dois segundo lugares e uma terceira colocação