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Na ‚poca do gin sio, uma professora de Portuguˆs chegou com uma questÆo in‚dita: qual pe‡a do carro tinha um nome que retratava uma verdade existencial?. Afogador, acelerador, limpador? Qual nÆo foi a surpresa quando ela respondeu: amor-tece-dores.

Muitos anos depois em uma viagem a Visconde de Mau , RJ, eu estava subindo a serra de moto quando encontrei um casal, … beira da estrada, com uma moto parada e algumas ferramentas no chÆo. Estavam com a corrente de transmissÆo quebrada.

Continuei a viagem pensando naquela cena, o casal, pr¢ximo de um final de semana perfeito, com c‚u azul, cidade romƒntica, colocando tudo a perder por um descuido na manuten‡Æo da rela‡Æo de transmissÆo. Lembrei da professora, e daquele amor que tecia dores, e fiz uma analogia mecƒnico-filos¢fica.

As motos com corrente de transmissÆo exigem um cuidado peri¢dico. Quando a corrente come‡a a gastar, apresenta sinais claros como barulho, vibra‡Æo e at‚ trancos. Basta um simples procedimento para ajustar a corrente e tudo voltar ao normal, al‚m de algumas gotas de ¢leo para lubrificar. Tudo muito simples.

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Aquele motociclista ignorou todos os sinais de fadiga da rela‡Æo de transmissÆo e assim mesmo viajou por uma estrada de terra e com garupa! Aquela rela‡Æo quebrou!

Num relacionamento interpessoal a regra ‚ a mesma. Seja entre marido e mulher, namorados, colegas de trabalho, parentes, amigos, qualquer relacionamento exige um trabalho m¡nimo de manuten‡Æo. Em vez de pingar umas gotas de ¢leo, esta manuten‡Æo ‚ feita com carinho, respeito, aten‡Æo, cordialidade, gentileza e outros atributos humanos meio enferrujados.

A rela‡Æo entre pessoas tamb‚m mostra sinais de fadiga que devem ser observados e, sempre que poss¡vel, corrigidos. Tal a corrente da moto, a rela‡Æo entre pessoas pode quebrar de forma inesperada se nÆo forem tomados os cuidados de manuten‡Æo, nem interpretados os sinais de fadiga.

At‚ que chega um ponto onde aquela corrrente nÆo permite mais regulagem. Troca-se por outra mais nova e tudo recome‡a com uma longa jornada pela frente. Aqui est  a maior diferen‡a entre as “rela‡äes”. Porque no caso das pessoas que se relacionam, a troca ‚ muito mais dif¡cil e dolorosa. Talvez a grande culpada por esta troca de rela‡äes seja a falta do regulador graduado. Junto ao eixo da roda traseira da moto, uma pe‡a indica a tensÆo da corrente. Quando os elos j  estÆo muito folgados, esta regulagem aponta que ‚ hora de jogar aquela corrente fora. Mesmo assim alguns motociclistas cometem a barbaridade de cortar alguns elos para prolongar a durabilidade da pe‡a.

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Novamente voltamos ao parƒmetro dos relacionamentos interpessoais. Alguns casais tamb‚m tentam paliativos para prolongar uma morte anunciada e arrastam a rela‡Æo por mais algum tempo, na base do quebra-galho.

Esta ‚ a maior dificuldade para medir o desgaste de uma rela‡Æo interpessoal: as pessoas, ao contr rio das motos, nÆo tˆm aquela pecinha que indica visualmente que a rela‡Æo chegou ao fim.