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Não adianta, é sempre a mesma coisa: o trânsito é inseguro para a bicicleta e a solução está na construção de ciclovias. Não interessa a qualificação profissional ou intelectual do cidadão que repete o que parece ser óbvio, mas números incontestáveis provam o contrário. “Me engana que eu gosto” sempre vence. Não será diferente nestas eleições.

Ilusão de ótica

Ilusão de ótica

Não é recomendável entrar em contradição com as verdades populares, assim como não é recomendável entrar em temas que as pessoas não conseguem entender, mas que são de fato cruciais para toda a população e a cidade. É o conhecido efeito boiada.

Imagine só se um candidato propor para ciclistas que em vez de fazer tantos km de ciclovia ele vai aplicar boa parte do orçamento de transportes na troca completa do sistema semafórico de São Paulo, algo em torno de 2.400 semáforos, por inteligentes de última geração, mais toda estrutura necessária de suporte e pessoal especializado. O que será que acontece se for a público e provar por A + B que com a mudança é possível dar mais fluidez para veículos motorizados e, exatamente por esta razão, pedestres, deficientes e ciclistas vão ter uma grande melhora de segurança? Para a matemática é simples. Será à compreensão?

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E se o mesmo candidato disser que a cidade vai continuar tendo graves problemas em todos setores, inclusive trânsito, se não tiver mapas precisos de subsolo, solo e construções (+3 metros, zero, -3 metros)? Será que alguém vai prestar atenção se ele disser que Nova Iorque tem tudo precisamente mapeado até uns 400 metros de profundidade?
A verdade não interessa.

Metrô em SP, entre estações Paulista e Consolação

Metrô em SP, entre estações Paulista e Consolação

Um jornalista do NY Times foi pedalar em Paris e o fez sem capacete, como qualquer europeu civilizado, mas uma interessante novidade para um americano médio que considera o uso do capacete um dever religioso, um ato de guerra santa. E então ele descobre algumas verdades, principalmente que acreditar em bobagem é o maior perigo.

O que destrói nossa qualidade de vida é acreditar em bobagens, mesmo que estas pareçam verdade. O que mata gente é não acreditar na ciência. Ou no mínimo guiar nosso norte pela tentativa de encontrar o bom senso. Nelson Rodrigues disse certa vez, sobre futebol, que “o problema do Brasil é o nosso complexo de inferioridade”. Literalmente verdade. Reginaldo reclamou depois de uma palestra ministrada por um respeitável estrangeiro, que “nós falamos (antes) a mesma coisa, mas a palavra deles é que é interessante”. Pura verdade.

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Sei em quem vou votar e porque vou votar. Sei como funciona a máquina, porque li, vi e ouvi; me interessei pela minha própria sorte e a de todos, sem quem não posso sobreviver. Maturidade faz milagres. Bancar o inocente útil produz desastres duradouros. No caso das cidades é fácil saber quem é amigo e quem é aproveitador. Em relação à bicicleta, pedestres e deficientes é ainda mais fácil. Basta abrir o jornal e ler.