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Menos congestionamentos, mais crescimento econômico

O serviço de transporte na cidade de São Paulo, seja individual ou coletivo, tem números impressionantes: em 2008 carros particulares, motos e caminhões chegam a 6 milhões em circulação, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran).

Além disso, as linhas do Metrô paulistano tem 61,3 quilômetros de extensão, a malha ferroviária atinge 261,7 quilômetros e a frota de ônibus é composta por 20 mil veículos. Desses, 5.257 são ônibus por fretamento. No Estado de São Paulo a modalidade compreende a quase 10 mil veículos.

A parte da cidade movida sob pneus, no entanto, não detém de uma estrutura viária que comporte com tranquilidade, que promova a melhor circulação desses veículos e proporcione qualidade de vida para os seus 11 milhões de habitantes (IBGE 2008). Esses dados realçam apenas a Capital paulista. Quando nos referimos ao Estado, com seus 645 municipios, uns maiores e outros menores, a população cresce para 41 milhões de habitantes (Seade 2006). Segundo a Artesp, o transporte público é servido por 1.138 linhas, distribuídas entre as 134 empresas que prestam o serviço à população.

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Nas indústrias instaladas nos municípios mais próximos à Capital, é forte a presença de empresas automotivas, indústrias alimentícias e de bens de consumo duráveis. A região metropolitana é também provida de centros comerciais dos diversos segmentos existentes, e também de centros de negócios e bancários, como a avenida Paulista. Já a região da Berrini desponta com empresas de consultorias e de publicidade, dentre tantas. Os dados demonstram a imponência de um local onde tudo pode ser encontrado. Mas, como subproduto da grandiosidade das indústrias, das empresas de serviços e do número de habitantes criou-se um problema latente: a falta de mobilidade causada pelos constantes congestionamentos.

Esse fenômeno já integra a vida dos moradores e não há mais como se locomover, sem antes parar numa fila de carros, de ônibus ou caminhões. A dificuldade de circulação é tamanha no cotidiano dos paulistanos, que os 188 quilômetros de congestionamento do trânsito em meados do mês de março, já não soa mais como espanto. O pico de 201 km ocasionados por diversos pontos de enchentes fez com que a cidade parasse literalmente. É comum ver diversos carros estacionados nas vias públicas, as quais antes foram destinadas ao tráfego deles. São Paulo tornou-se um estacionamento a céu aberto e isso é um absurdo para o considerado centro de negócios do Brasil.Os aspectos negativos, além do que causa à saúde dos moradores, como estresse, dificuldades respiratórias e cardíacas, como também os problemas econômicos e ao meio ambiente já foram amplamente discutidos e até foram apresentadas algumas aparentes e paleativas soluções.

São visíveis também os problemas que causam à economia, pois como justificar maiores investimentos em combustível para realizar uma menor quantidade de entregas de produtos, do que fazia outrora. Ou ainda como justificar os atrasos pelo excesso de trânsito cometidos pelos colaboradores e os descontos em folhas de pagamento. São pequenos indícios que, ao somados, nos levam a analisar a problemática numa escala bem maior.

Se por um lado, as indústrias automotivas comemoraram a venda dos carros que foram colocados nas garagens dos consumidores e também nas ruas; por outro, o montante de dinheiro que é deixado no trânsito é assustador. Valores que, segundo informações da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, chegam a gerar um custo de R$ 4,1 bilhões por ano, na região metropolitana de São Paulo.

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Para São Paulo voltar a oferecer a tão sonhada mobilidade aos seus habitantes, talvez tenha que ser investido, multiplicado várias vezes, o valor já gasto em congestionamentos. Promover uma reeducação da população, que insiste em não sair de dentro dos seus carros, sob a pena de ficar confinado em 1m2 destinado a nove usuários nos trens do Metrô.

Deve-se começar a reeducar também as empresas para oferecer, em larga escala, o transporte por fretamento para os seus colaboradores. Isso já seria um bom começo, pois 1 único ônibus fretado retira 19 carros das ruas, como comprovado pela pesquisa desenvolvida pelo Instituto LPM – Levantamentos e Pesquisas de Marketing.

Agora indagar de que lado você está, seja um trabalhador, um empresário ou uma autoridade, quando coloca o seu carro na rua é também de suma importância. Do lado que desperdiça a economia, via escapamentos dos veículos ou do lado que pensa conscientemente no consumo, e em como fluir e respirar um ar mais saudável.

Cabe a cada morador também tentar minimizar o problema. Será que apenas o seu vizinho deve deixar o carro na garagem e buscar outras formas de locomoção? Ou será que isso não deve ser feito também por você e por todas as pessoas que reclamam do trânsito, do combustível desperdiçado ou do horário atrasado tardio que chegaram em seus compromissos?

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O desperdício de combustível, a manutenção veicular e os remédios curativos das deficiências circulatórias e dos diversos outros males ocasionados à saúde são gritantes e também fazem muito mal à economia. Hoje, o congestionamento urbano tornou-se uma questão social, assim como alguns aspectos da saúde pública e em curto prazo deverá ser resolvido pelas autoridades e por nós da população, que somos a maior parte interessada.

*Silvio Tamelini é formado em Relações Públicas e Administração, empresário no ramo de transporte de passageiros, presidente da FRESP – Federação das Empresas de Fretamento do Estado de São Paulo (www.fresp.org.br) e do Transfretur – Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e para Turismo de São Paulo e Região. e-mail: [email protected].