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Estava indo para o meu escritório pensando na vida e, principalmente, na crise econômica que se avizinha, apesar de todo empenho dos governantes do mundo em tentar, de qualquer forma, arrumar uma maneira de estancá-la. Ganhar dinheiro sempre foi muito difícil, fugir das armadilhas do consumismo é mais difícil ainda e preservar o capital ganho exige muita cautela. Dinheiro deve-se saber ganhar, gastar e guardar.

Ganhar dinheiro exige competência, persistência e sorte. Já, gastá-lo é muito fácil. Se todos se questionassem antes de consumir algo: “eu preciso disso?”, certamente evitariam muitos gastos desnecessários. Aplicar determinada quantia exige muita cautela e a moeda, a não ser na mão dos banqueiros, acaba sempre rendendo muito pouco. Além disso, se existir a predisposição do risco em busca de um rendimento maior, fugindo-se das aplicações em imóveis – praticamente invendáveis em tempos de crise -, o dólar, o ouro e a especulativa bolsa sempre foram muito arriscados.

Então o que fazer? Como preservar e manter todo o “rico dinheirinho” ganho com muito suor, persistência e sorte? Tenho certeza que os que aplicaram em conhecimento e cultura não perderão praticamente nada, bem como aqueles que investiram em qualidade de vida, sem consumismo e ostentação, pois o que se tem é a vida que se leva e o prazer e a alegria vivida não tem dinheiro que compre. Então, o que se está em jogo para os que muito têm?

As casas de campo e de praia nunca aproveitadas, os vários carros na garagem que não são usados, as jóias que não saem do cofre, os objetos de arte que ninguém vê, o barco e o avião que só dão despesas e aborrecimentos, o poder – pra quê? -, o novo amor comprado com muita grana, os falsos e interesseiros amigos, a família… Bem, esta já não importa há muito tempo. Analisando este tipo de perda, lembro de um velho ditado que diz: “Deus dá dinheiro para alguns para castigá-los.” Alguns, em prol do sucesso e do dinheiro, até já perderam os seus bens mais preciosos, como a saúde, a juventude e o prazer das boas coisas não vividas. Estes praticamente já perderam a vida.

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Aí, olhei pela janela e vi um lindo dia de sol, liguei o rádio do carro e a Maysa estava cantando “Meu mundo caiu” e, como diz a música, se o meu mundo caiu, eu que apreenda a levantar. Caixão não tem gaveta e a passagem para o Além não custa nada. E se você acha que está perdendo alguma coisa, saiba que tal coisa não é sua, só lhe está emprestada por um curto período de tempo.

* Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo.