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É simples: nunca fui procurado por nenhuma concessionária ou revenda de motos, exceto num lançamento da Honda que recebi um folheto pelo correio e uma vez fui convidado por uma revenda para um lançamento de um scooter Suzuki, nada mais!

Sem contar que o ramo de acessórios, autopeças, vestuário, turismo, tudo ligado á moto, igualmente manteve a abstenção de contato. Claro, há os anúncios nas revistas especializadas, publicidade muito tímida e alguns eventos restritos à profissionais do setor. Há também os salões de moto, onde uns poucos participam e os encontros de moto, a maioria não tem a menor graça.

Com o advento da internet, passei a receber alguns e-mails, dentro daquelas listagens enormes, mencionando um lançamento, uma linha de acessórios, encontros motociclisticos, etc. Mas e o provável comprador, onde foi prospectado, onde foi seduzido?

Vou fazer um rápido brake para relembrar, de novo.

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A explosão na vendas das motos se deu há pouco mais de dez anos, quando os fabricantes concluíram que, para crescer, o setor tinha que buscar o consumidor das classes C e D. Assim, era preciso oferecer um produto que pudesse ser pago em longo prazo e o consórcio foi a solução. Entre 1999 e 2006, o mercado de motos praticamente triplicou de tamanho até chegar a 1,5 milhão de unidades. A expectativa é de um novo salto, na casa dos 30%. Antes de 2015, afirma quem conhece o segmento, o setor crescerá a passos largos.

Os novos usuários, motociclistas mal formados, encontraram um sistema de trânsito sem nenhuma regulamentação. Além disso, não havia preparo de ninguém para esse crescimento. Órgãos públicos, moto-escolas, pronto-socorros e outras áreas afins.

Infelizmente, na visão de muitos, a moto é um veículo marginal, que roda desrespeitando as regras básicas de trânsito e causando acidentes que tiram vidas e causam prejuízos à sociedade. No entanto, a moto é a solução para uma parcela cada vez maior de indivíduos, que encontraram nela a alternativa ao deficiente transporte público e não tem como comprar um carro. Isso sem contar com um sistema viário esgotado, lotado, um caos total.

Nesse momento, há a chamada invasão chinesa e posso dizer que ela provocará um bocado de dor de cabeça aos fabricantes de motos, acessórios, autopeças e outros. Quem achava que o Brasil já estava ganho, não observou com cuidado essa possibilidade ou desprezou os sinais que vinham sendo transmitidos.

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Voltando ao meu, o seu, o nosso caso, quantas vezes você comprou uma moto e depois de certo tempo, foi alvo de pesquisa, uma oferta para revisão grátis, um convite para conhecer um novo modelo e até mesmo, para a troca da sua moto? Ah, nessa hora dá uma saudade do telemarketing!

Pois é, a miopia dos empresários dos setores ligados à moto, infelizmente, é grande. Parece que desconhecem as estratégias de Marketing, a impressão é que pensam assim: se você quiser ou precisar de algo, venha até nós!

Empresários e executivos do setor: sem investimento não há retorno. Abriu uma loja nova? Anuncie, divulgue! Tem um novo modelo da marca? Anuncie, divulgue, faça eventos, invista! Participou de algum evento? Cadastre, monte um mailing e depois trabalhe para vender mais!

Será que nenhum empresário sonha ser o líder do seu segmento?

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Ainda tenho esperanças de que irão acordar para a invasão chinesa (e outras) e sair correndo para alardear seus produtos ou serviços. Ainda tenho esperanças que o Governo revise o absurdo valor de IPVA e Seguro Obrigatório para motos. Ainda tenho esperanças que as seguradoras abram mão de seus gulosos spreads (para quem não sabe, significa lucro) e abaixem os valores dos prêmios. Enfim, ainda tenho esperanças de que as coisas mudem.

Uma última lembrança: mercado não aceita desaforo ou inanição. Ou faz ou morre.