A Honda anunciou no inĆcio deste ano a aposentadoria compulsĆ³ria do carburador. Ao menos nas novas motocicletas Honda, ele nĆ£o existe mais. As duas Ćŗltimas motos da marca que ainda utilizavam este componente – Biz 100 e CG 125 – passaram a utilizar o sistema de injeĆ§Ć£o de combustĆvel.
A Biz passou pela mesma “cirurgia” pela qual passou a POP, ganhou quase dois cv de potĆŖncia e passou a se chamar Biz 110i, agora em versĆ£o Ćŗnica com partida elĆ©trica e novo painel. O motor Ć© similar ao da Pop 110i, mas diferencia-se pelo sistema de embreagem, que na Biz Ć© do tipo centrĆfuga e na Pop Ć© com acionamento pelo piloto no manete e isso muda ligeiramente o lado esquerdo do motor. Essa diferenƧa tambĆ©m impƵe pequena diferenƧa na potĆŖncia e torque, mas nada que torne o desempenho de ambas assim tĆ£o diferente.
Na prĆ”tica nĆ£o hĆ” muito a analisar numa moto cujo sucesso mundial Ć© notĆ”vel. Basta notar que esse tipo de veĆculo (CUB – Category Uper Basic ā categoria bĆ”sica superior) Ć© o mais vendido do mundo. Aqui no Brasil muito a chamam de motoneta, mas o que realmente interessa Ć© que a Biz Ć© a terceira moto mais vendida no Brasil, mas em vĆ”rios paĆses asiĆ”ticos sĆ³ esse tipo de moto que se vende e Ć© o que se vĆŖ circulando por lĆ”. Uma curiosidade sobre a designaĆ§Ć£o desse tipo de moto como Cub Ć© que dentro do segmento bĆ”sico – ciclomotores – a Cub Ć© o degrau superior. Depois delas estĆ£o os scooter e as pequenas motocicletas, que aqui chamamos de categoria street.
Caracterizada pela robustez e economia, a Biz destacou-se neste teste pela excepcional marca de consumo de combustĆvel, alcanƧando 47,09 km/litro de mĆ©dia, tendo sido a melhor marca 48,8 km/litro no anda para urbano. Em trechos de avenidas e pequenos trechos rodoviĆ”rios, a mĆ©dia cai um pouquinho porque o acelerador estĆ” mais tempo em aceleraĆ§Ć£o mĆ”xima. Contudo, definitivamente a Biz 110i nĆ£o Ć© uma moto para uso em rodovias ou estradas. Sua aceleraĆ§Ć£o Ć© limitada e a velocidade mĆ”xima nĆ£o passa dos 100 km/h no velocĆmetro, o que na unidade avaliada corresponde a 86Ā km/h no GPS.
Outro destaque que dĆ” vantagem para a Biz Ć© o grande espaƧo sob o banco, sistema patenteado pela Honda e que nĆ£o permite Ć s outras marcas fazerem o mesmo nos seus Cub. Aqui vale contar um pouco dessa histĆ³ria, utilizando um trecho da reportagem “O povo pede Biz”,Ā do jornalista Geraldo Tite SimƵes, publicada aqui mesmo no Motonline.
“Nunca confirmei se Ć© verdade ou nĆ£o, mas existe uma lenda ao redor da Biz e de todos os modelos Cub da Honda. O fundador da empresa, Soichiro Honda, queria uma moto que pudesse ser pilotada mesmo que o motociclista estivesse segurando uma sacola na mĆ£o. Bom, a gente nĆ£o conhece os hĆ”bitos do JapĆ£o dos anos 60, mas carregar sacolas devia ser algo muito comum para gerar tamanha preocupaĆ§Ć£o. E vocĆŖ sabe que quando chefe pede alguma coisa Ć© pra fazer e ponto final.Ā Para conseguir realizar o projeto, os engenheiros sob a batuta de Soichiro san chegaram a conclusĆ£o que seria preciso eliminar a funĆ§Ć£o de uma das mĆ£os. A mĆ£o direita jĆ” era responsĆ”vel pelo acelerador e freio dianteiro. A mĆ£o esquerda sĆ³ tinha de apertar a embreagem. Foi assim que nasceu a embreagem automĆ”tica, que muita gente ainda confunde com cĆ¢mbio automĆ”tico.”
Fantasiosa ou nĆ£o, esta histĆ³ria tem uma versĆ£o digamos, oficial. Aconteceu em 1958. A Honda lanƧou no JapĆ£o a C100, uma moto completamente diferente de tudo que havia atĆ© entĆ£o. Tinha um chassi de chapa estampada como motos Puch feitas na SuĆ©cia nos anos 50 e esse processo se mostrou muito conveniente em custo e resistĆŖncia. Com o tempo o modelo foi ganhando melhorias, mas conservou sua base de resistĆŖncia, economia e durabilidade, consagrando-se como o veĆculo mais copiado do mundo e tambĆ©m o de maior produĆ§Ć£o no mundo. SĆ£o poucas as marcas fabricantes de motos que nĆ£o tem sua versĆ£o de Cub.
A primeira versĆ£o brasileira dessa Cub foi a C100 Dream, produzida e vendida por aqui entre 1992 e 1998.Ā SĆ³ que a Honda queria algo mais prĆ³ximo do scooter, com a praticidade do bom espaƧo sob o banco, mas sem o “problema” das rodas pequenas. Assim surgiu a ideia de reduzir o tamanho da roda traseira para ganhar espaƧo sob o banco. Isto feito, nasceu a Biz em 1998, com porta-objeto, jeitĆ£o de scooter e estabilidade de moto. Sem perder as caracterĆsticas bĆ”sicas de robustez, durabilidade e economia. Foi a senha para o sucesso do modelo.
A Biz 110i avaliada neste teste nĆ£o difere muito do modelo apresentado hĆ” 17 anos. Sua evoluĆ§Ć£o nesse tempo foi bem pequena, mas significativa a ponto de tornĆ”-la um dos modelos de moto preferido do pĆŗblico feminino, a exemplo do que acontece com os scooters, com mais de 50% das vendas para mulheres, sobretudo nas cidades do interior do Brasil. Contudo, esta Biz 110i jĆ” poderia ter o freio Ć disco na roda dianteira, um “detalhe” que agregaria muito em seguranƧa ao pequeno veĆculo.
NĆ£o queremos polemizar o tema, mas consideramos que os fabricantes tem papel fundamental na formaĆ§Ć£o dos motociclistas, orientando-os para que utilizem a moto com o mĆ”ximo de seguranƧa. NĆ£o Ć© preciso ser especialista para saber que freio Ć disco Ć© muito mais seguro e eficiente do que o freio a tambor. A Honda, como maior fabricante de motocicletas do Brasil e lĆder de vendas com mais de 80% do mercado jĆ” deveria ter banido o freio Ć tambor das rodas dianteiras de suas motos, a exemplo do que faz agora com o carburador.Ā E de fato, os freios a tambor da Biz 110i nĆ£o transmitem a menor seguranƧa, exigindo atenĆ§Ć£o dobrada no trĆ¢nsito e em situaƧƵes de emergĆŖncia.
De resto, essa Biz bĆ”sica continua com design adequado, com os piscas separados do farol e da lanterna traseira, um bom porta-objetos embutido no escudo frontal e o excelente espaƧoĀ sob o banco que comporta atĆ© 10 kg de carga. Um detalhe que normalmente passa despercebido, mas que Ć© importantĆssimo para a seguranƧa de quem utiliza a moto todos os dias e noites Ć© o bom farol da Biz, que oferece um bem definido facho de iluminaĆ§Ć£o dianteira sem ofuscar os carros que vĆ£o Ć frente, mas mostrando claramente que hĆ” uma moto ali.
A posiĆ§Ć£o de pilotagem para pilotos com maior estatura fica um pouco prejudicada e a alavanca do pedal de partida que permanece na moto apesar da partida elĆ©trica, acentua o incĆ“modo para a posiĆ§Ć£o do pĆ© direito na pedaleira.Ā Outro detalhe que poderia ser melhor ajustado sĆ£o os espelhos retrovisores, que obrigam o piloto a “fechar as asas” para ver com clareza o veĆculo que estĆ” atrĆ”s. Mas a mudanƧa mais esperada e que poderia fazer a Biz dar um salto em qualidade (e vendas) seria a troca do sistema de transmissĆ£oĀ com cĆ¢mbio rotativo de 4 marchas e embreagem centrĆfuga semi-automĆ”tica por algo mais moderno, como o cĆ¢mbio tipo CVT (TransmissĆ£o Continuamente VariĆ”vel). O CVT Ć© um tipo de transmissĆ£o que equipa todos os scooters modernos no mundo todo, inclusive os Honda Lead e PCX.
Esse cĆ¢mbio da Biz, apesar de resistente e muito funcional, exige cuidado porque ele Ć© diferente de todas as motos.Ā SĆ£o quatro marchas com engrenamento constante, acionada todas para baixo e para retorno Ć© necessĆ”rio pisar na parte detrĆ”s do pedal. O neutro estĆ” antes da primeira marcha e pode ser alcanƧado tambĆ©m quando a moto estĆ” parada em quarta marcha, bastando mais uma pisada na alavanca – Ā daĆ o tipo “rotativo”. NĆ£o chega a ser um problema, mas requer tempo para acostumar com o uso e nĆ£o passar apuro no meio do trĆ¢nsito procurando a marcha certa para levar o veĆculo adiante sem que os apressados motoristas envolvam sua mĆ£e no problema.
HĆ” ainda um senĆ£o quanto Ć embreagem, que Ć© acionada junto com o pedal das marchas. Na verdade, ao pisar no pedal para troca de marcha, vocĆŖ aciona a embreagem antes. Se vocĆŖ segurar a a marcha engatada com o pĆ© e acelerar, ao soltar o pĆ© do pedal a moto dĆ” um salto para a frente e muitas vezes pode derrubar o piloto ou fazĆŖ-lo perder o controle da moto, um vexame que muitos motociclistas ainda nĆ£o acostumados com o sistema jĆ” passaram.
Como um veĆculo que ocupa a base da pirĆ¢mide do mercado brasileiro, a Biz mantĆ©m excelente posiĆ§Ć£o de vendas no competitivo mercado brasileiro. Entre 2011 e 2014 o volume vendido foi sempre superior a 200 mil unidades por ano e ela ocupava a segunda posiĆ§Ć£o entre as motos mais vendidas. Mas em 2015 o volume ficou em 183.211 motos (Biz 125 + Biz 100) e ela caiu para a terceira posiĆ§Ć£o. Portanto, estas melhorias trazidas na nova Honda Biz 110i podem servir tambĆ©m para recuperar um pouco do terreno perdido. Claro, se vierem as outras sugeridas nesta reportagem, possivelmente ela vai pode atĆ© ameaƧar a lideranƧa da CG Titan 160. A Honda Biz 110i estĆ” disponĆvel em toda a rede de concessionĆ”rias Honda (800 lojas) por R$8.003,00 (FIPE-29/2/2016) nas cores preta e vermelha.
FICHA TĆCNICA HONDA BIZ 110i |
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Ā Motor……………………………………………….. | OHC, MonocilĆndrico 4 tempos, arrefecido a ar |
Capacidade cĆŗbica……………………………… | 109,1 cc |
DiĆ¢metro X curso………………………………… | 50,0 x 55,6 mm |
Taxa de compressĆ£o…………………………… | 9,3 : 1 |
Sistema de partida……………………………… | ElĆ©trica / Pedal |
Bateria……………………………………………… | 12V – 4Ah |
Capacidade de Ć³leo do motor………………. | 1,0 litro |
Tipo de combustĆvel……………………………. | Gasolina |
Capacidade do tanque de combustĆvel…… | 5,1 litros |
AlimentaĆ§Ć£o……………………………………….. | InjeĆ§Ć£o EletrĆ“nica PGM FI |
Torque mĆ”ximo…………………………………… | 0,89 kgf.m a 5500 rpm |
PotĆŖncia mĆ”xima………………………………… | 8,3 cv a 7250 rpm |
Sistema de igniĆ§Ć£o……………………………… | EletrĆ“nica |
Consumo mĆ©dio………………………………….. | 47,09 km/litro |
TransmissĆ£o primĆ”ria………………………….. | Engrenagens |
TransmissĆ£o secundĆ”ria………………………. | Corrente |
Embreagem………………………………………… | CentrĆfuga, semi-automĆ”tica |
CĆ¢mbio………………………………………………. | 4 velocidades, rotativo |
Tipo de chassi…………………………………….. | Monobloco |
Pneu dianteiro…………………………………….. | 60/100 – 17M/C 33L |
Pneu traseiro………………………………………. | 80/100 – 14M/C 49P |
Freio dianteiro……………………………………. | A tambor / 130 mm |
Freio traseiro……………………………………… | A tambor / 110 mm |
Comprimento total……………………………… | 1891 mm |
Largura total………………………………………. | 730 mm |
Altura total…………………………………………. | 1087 mm |
Altura do assento………………………………… | 753 mm |
Altura mĆnima do solo………………………….. | 130 mm |
Peso seco…………………………………………… | 99 kg |
DistĆ¢ncia entre eixos…………………………… | 1261 mm |
SuspensĆ£o dianteira……………………………. | Garfo telescĆ³pico / 100 mm |
SuspensĆ£o traseira……………………………… | Dois amortecedores /Ā 86 mm |