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A Honda anunciou no inĆ­cio deste ano a aposentadoria compulsĆ³ria do carburador. Ao menos nas novas motocicletas Honda, ele nĆ£o existe mais. As duas Ćŗltimas motos da marca que ainda utilizavam este componente – Biz 100 e CG 125 – passaram a utilizar o sistema de injeĆ§Ć£o de combustĆ­vel.

A Biz passou pela mesma “cirurgia” pela qual passou a POP, ganhou quase dois cv de potĆŖncia e passou a se chamar Biz 110i, agora em versĆ£o Ćŗnica com partida elĆ©trica e novo painel. O motor Ć© similar ao da Pop 110i, mas diferencia-se pelo sistema de embreagem, que na Biz Ć© do tipo centrĆ­fuga e na Pop Ć© com acionamento pelo piloto no manete e isso muda ligeiramente o lado esquerdo do motor. Essa diferenƧa tambĆ©m impƵe pequena diferenƧa na potĆŖncia e torque, mas nada que torne o desempenho de ambas assim tĆ£o diferente.

Urbana

Urbana

EsqueƧa as estradas com a Biz 110i; seu ambiente preferido Ʃ a cidade

Agilidade

Agilidade

Como uma moto para uso eminentemente urbano, a Biz 110i se mostra Ɣgil e confortƔvel

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EspaƧo

EspaƧo

Grande espaƧo sob o banco Ʃ patenteado pela Honda e traz grande vantagem para a Biz 110i

MistƩrio

MistƩrio

Para que serve este ressalto em forma de flor com um furo no meio?

SoluĆ§Ć£o

SoluĆ§Ć£o

Serve para colocar a tampa do tanque de combustĆ­vel enquanto abastece a moto

Pequena

Pequena

DimensƵes adequadas ao uso urbano; pilotos mais altos sofrem um pouco

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Partida

Partida

Ela ganhou a partida elĆ©trica, mas o pedal de partida ainda estĆ” lĆ” atrapalhando a posiĆ§Ć£o do pĆ© direito na pedaleira

A melhorar

A melhorar

Espelhos exigem melhor posicionamento; piloto precisa mover os cotovelos para ter melhor visibilidade pelos retrovisores

Economia

Economia

A Biz 110i fez mƩdia de 47,09 km/litro, a melhor mƩdia de consumo de uma moto avaliada no Motonline

Na prĆ”tica nĆ£o hĆ” muito a analisar numa moto cujo sucesso mundial Ć© notĆ”vel. Basta notar que esse tipo de veĆ­culo (CUB – Category Uper Basic ā€“ categoria bĆ”sica superior) Ć© o mais vendido do mundo. Aqui no Brasil muito a chamam de motoneta, mas o que realmente interessa Ć© que a Biz Ć© a terceira moto mais vendida no Brasil, mas em vĆ”rios paĆ­ses asiĆ”ticos sĆ³ esse tipo de moto que se vende e Ć© o que se vĆŖ circulando por lĆ”. Uma curiosidade sobre a designaĆ§Ć£o desse tipo de moto como Cub Ć© que dentro do segmento bĆ”sico – ciclomotores – a Cub Ć© o degrau superior. Depois delas estĆ£o os scooter e as pequenas motocicletas, que aqui chamamos de categoria street.

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Caracterizada pela robustez e economia, a Biz destacou-se neste teste pela excepcional marca de consumo de combustĆ­vel, alcanƧando 47,09 km/litro de mĆ©dia, tendo sido a melhor marca 48,8 km/litro no anda para urbano. Em trechos de avenidas e pequenos trechos rodoviĆ”rios, a mĆ©dia cai um pouquinho porque o acelerador estĆ” mais tempo em aceleraĆ§Ć£o mĆ”xima. Contudo, definitivamente a Biz 110i nĆ£o Ć© uma moto para uso em rodovias ou estradas. Sua aceleraĆ§Ć£o Ć© limitada e a velocidade mĆ”xima nĆ£o passa dos 100 km/h no velocĆ­metro, o que na unidade avaliada corresponde a 86Ā km/h no GPS.

Desfeito o mistƩrio do ressalto em forma de flor com um buraco no meio; apoio para a tampa de combustƭvel enquanto abastece

Desfeito o mistƩrio do ressalto em forma de flor com um buraco no meio; apoio para a tampa de combustƭvel enquanto abastece

Outro destaque que dĆ” vantagem para a Biz Ć© o grande espaƧo sob o banco, sistema patenteado pela Honda e que nĆ£o permite Ć s outras marcas fazerem o mesmo nos seus Cub. Aqui vale contar um pouco dessa histĆ³ria, utilizando um trecho da reportagem “O povo pede Biz”,Ā do jornalista Geraldo Tite SimƵes, publicada aqui mesmo no Motonline.

“Nunca confirmei se Ć© verdade ou nĆ£o, mas existe uma lenda ao redor da Biz e de todos os modelos Cub da Honda. O fundador da empresa, Soichiro Honda, queria uma moto que pudesse ser pilotada mesmo que o motociclista estivesse segurando uma sacola na mĆ£o. Bom, a gente nĆ£o conhece os hĆ”bitos do JapĆ£o dos anos 60, mas carregar sacolas devia ser algo muito comum para gerar tamanha preocupaĆ§Ć£o. E vocĆŖ sabe que quando chefe pede alguma coisa Ć© pra fazer e ponto final.Ā Para conseguir realizar o projeto, os engenheiros sob a batuta de Soichiro san chegaram a conclusĆ£o que seria preciso eliminar a funĆ§Ć£o de uma das mĆ£os. A mĆ£o direita jĆ” era responsĆ”vel pelo acelerador e freio dianteiro. A mĆ£o esquerda sĆ³ tinha de apertar a embreagem. Foi assim que nasceu a embreagem automĆ”tica, que muita gente ainda confunde com cĆ¢mbio automĆ”tico.”

Ela ganhou a partida elĆ©trica, mas o pedal de partida ainda estĆ” lĆ” atrapalhando a posiĆ§Ć£o do pĆ© direito na pedaleira

Ela ganhou a partida elĆ©trica, mas o pedal de partida ainda estĆ” lĆ” atrapalhando a posiĆ§Ć£o do pĆ© direito na pedaleira

Fantasiosa ou nĆ£o, esta histĆ³ria tem uma versĆ£o digamos, oficial. Aconteceu em 1958. A Honda lanƧou no JapĆ£o a C100, uma moto completamente diferente de tudo que havia atĆ© entĆ£o. Tinha um chassi de chapa estampada como motos Puch feitas na SuĆ©cia nos anos 50 e esse processo se mostrou muito conveniente em custo e resistĆŖncia. Com o tempo o modelo foi ganhando melhorias, mas conservou sua base de resistĆŖncia, economia e durabilidade, consagrando-se como o veĆ­culo mais copiado do mundo e tambĆ©m o de maior produĆ§Ć£o no mundo. SĆ£o poucas as marcas fabricantes de motos que nĆ£o tem sua versĆ£o de Cub.

A primeira versĆ£o brasileira dessa Cub foi a C100 Dream, produzida e vendida por aqui entre 1992 e 1998.Ā SĆ³ que a Honda queria algo mais prĆ³ximo do scooter, com a praticidade do bom espaƧo sob o banco, mas sem o “problema” das rodas pequenas. Assim surgiu a ideia de reduzir o tamanho da roda traseira para ganhar espaƧo sob o banco. Isto feito, nasceu a Biz em 1998, com porta-objeto, jeitĆ£o de scooter e estabilidade de moto. Sem perder as caracterĆ­sticas bĆ”sicas de robustez, durabilidade e economia. Foi a senha para o sucesso do modelo.

A Biz 110i avaliada neste teste nĆ£o difere muito do modelo apresentado hĆ” 17 anos. Sua evoluĆ§Ć£o nesse tempo foi bem pequena, mas significativa a ponto de tornĆ”-la um dos modelos de moto preferido do pĆŗblico feminino, a exemplo do que acontece com os scooters, com mais de 50% das vendas para mulheres, sobretudo nas cidades do interior do Brasil. Contudo, esta Biz 110i jĆ” poderia ter o freio Ć  disco na roda dianteira, um “detalhe” que agregaria muito em seguranƧa ao pequeno veĆ­culo.

NĆ£o queremos polemizar o tema, mas consideramos que os fabricantes tem papel fundamental na formaĆ§Ć£o dos motociclistas, orientando-os para que utilizem a moto com o mĆ”ximo de seguranƧa. NĆ£o Ć© preciso ser especialista para saber que freio Ć  disco Ć© muito mais seguro e eficiente do que o freio a tambor. A Honda, como maior fabricante de motocicletas do Brasil e lĆ­der de vendas com mais de 80% do mercado jĆ” deveria ter banido o freio Ć  tambor das rodas dianteiras de suas motos, a exemplo do que faz agora com o carburador.Ā E de fato, os freios a tambor da Biz 110i nĆ£o transmitem a menor seguranƧa, exigindo atenĆ§Ć£o dobrada no trĆ¢nsito e em situaƧƵes de emergĆŖncia.

Freio dianteiro jĆ” poderia ser a disco; na Biz 110i Ć© preciso cuidado nas frenagens

Freio dianteiro jĆ” poderia ser a disco; na Biz 110i Ć© preciso cuidado nas frenagens

De resto, essa Biz bĆ”sica continua com design adequado, com os piscas separados do farol e da lanterna traseira, um bom porta-objetos embutido no escudo frontal e o excelente espaƧoĀ sob o banco que comporta atĆ© 10 kg de carga. Um detalhe que normalmente passa despercebido, mas que Ć© importantĆ­ssimo para a seguranƧa de quem utiliza a moto todos os dias e noites Ć© o bom farol da Biz, que oferece um bem definido facho de iluminaĆ§Ć£o dianteira sem ofuscar os carros que vĆ£o Ć  frente, mas mostrando claramente que hĆ” uma moto ali.

A posiĆ§Ć£o de pilotagem para pilotos com maior estatura fica um pouco prejudicada e a alavanca do pedal de partida que permanece na moto apesar da partida elĆ©trica, acentua o incĆ“modo para a posiĆ§Ć£o do pĆ© direito na pedaleira.Ā Outro detalhe que poderia ser melhor ajustado sĆ£o os espelhos retrovisores, que obrigam o piloto a “fechar as asas” para ver com clareza o veĆ­culo que estĆ” atrĆ”s. Mas a mudanƧa mais esperada e que poderia fazer a Biz dar um salto em qualidade (e vendas) seria a troca do sistema de transmissĆ£oĀ com cĆ¢mbio rotativo de 4 marchas e embreagem centrĆ­fuga semi-automĆ”tica por algo mais moderno, como o cĆ¢mbio tipo CVT (TransmissĆ£o Continuamente VariĆ”vel). O CVT Ć© um tipo de transmissĆ£o que equipa todos os scooters modernos no mundo todo, inclusive os Honda Lead e PCX.

Esse cĆ¢mbio da Biz, apesar de resistente e muito funcional, exige cuidado porque ele Ć© diferente de todas as motos.Ā SĆ£o quatro marchas com engrenamento constante, acionada todas para baixo e para retorno Ć© necessĆ”rio pisar na parte detrĆ”s do pedal. O neutro estĆ” antes da primeira marcha e pode ser alcanƧado tambĆ©m quando a moto estĆ” parada em quarta marcha, bastando mais uma pisada na alavanca – Ā daĆ­ o tipo “rotativo”. NĆ£o chega a ser um problema, mas requer tempo para acostumar com o uso e nĆ£o passar apuro no meio do trĆ¢nsito procurando a marcha certa para levar o veĆ­culo adiante sem que os apressados motoristas envolvam sua mĆ£e no problema.

Vermelha ou preta: para uma moto que  tem o pĆŗblico feminino como principal interessado, algumas opƧƵes a mais seriam bem vindas

Vermelha ou preta: para uma moto que tem o pĆŗblico feminino como principal interessado, algumas opƧƵes a mais seriam bem vindas

HĆ” ainda um senĆ£o quanto Ć  embreagem, que Ć© acionada junto com o pedal das marchas. Na verdade, ao pisar no pedal para troca de marcha, vocĆŖ aciona a embreagem antes. Se vocĆŖ segurar a a marcha engatada com o pĆ© e acelerar, ao soltar o pĆ© do pedal a moto dĆ” um salto para a frente e muitas vezes pode derrubar o piloto ou fazĆŖ-lo perder o controle da moto, um vexame que muitos motociclistas ainda nĆ£o acostumados com o sistema jĆ” passaram.

Como um veĆ­culo que ocupa a base da pirĆ¢mide do mercado brasileiro, a Biz mantĆ©m excelente posiĆ§Ć£o de vendas no competitivo mercado brasileiro. Entre 2011 e 2014 o volume vendido foi sempre superior a 200 mil unidades por ano e ela ocupava a segunda posiĆ§Ć£o entre as motos mais vendidas. Mas em 2015 o volume ficou em 183.211 motos (Biz 125 + Biz 100) e ela caiu para a terceira posiĆ§Ć£o. Portanto, estas melhorias trazidas na nova Honda Biz 110i podem servir tambĆ©m para recuperar um pouco do terreno perdido. Claro, se vierem as outras sugeridas nesta reportagem, possivelmente ela vai pode atĆ© ameaƧar a lideranƧa da CG Titan 160. A Honda Biz 110i estĆ” disponĆ­vel em toda a rede de concessionĆ”rias Honda (800 lojas) por R$8.003,00 (FIPE-29/2/2016) nas cores preta e vermelha.


 

FICHA TƉCNICA HONDA BIZ 110i

Ā Motor……………………………………………….. OHC, MonocilĆ­ndrico 4 tempos, arrefecido a ar
Capacidade cĆŗbica……………………………… 109,1 cc
DiĆ¢metro X curso………………………………… 50,0 x 55,6 mm
Taxa de compressĆ£o…………………………… 9,3 : 1
Sistema de partida……………………………… ElĆ©trica / Pedal
Bateria……………………………………………… 12V – 4Ah
Capacidade de Ć³leo do motor………………. 1,0 litro
Tipo de combustĆ­vel……………………………. Gasolina
Capacidade do tanque de combustĆ­vel…… 5,1 litros
AlimentaĆ§Ć£o……………………………………….. InjeĆ§Ć£o EletrĆ“nica PGM FI
Torque mĆ”ximo…………………………………… 0,89 kgf.m a 5500 rpm
PotĆŖncia mĆ”xima………………………………… 8,3 cv a 7250 rpm
Sistema de igniĆ§Ć£o……………………………… EletrĆ“nica
Consumo mĆ©dio………………………………….. 47,09 km/litro
TransmissĆ£o primĆ”ria………………………….. Engrenagens
TransmissĆ£o secundĆ”ria………………………. Corrente
Embreagem………………………………………… CentrĆ­fuga, semi-automĆ”tica
CĆ¢mbio………………………………………………. 4 velocidades, rotativo
Tipo de chassi…………………………………….. Monobloco
Pneu dianteiro…………………………………….. 60/100 – 17M/C 33L
Pneu traseiro………………………………………. 80/100 – 14M/C 49P
Freio dianteiro……………………………………. A tambor / 130 mm
Freio traseiro……………………………………… A tambor / 110 mm
Comprimento total……………………………… 1891 mm
Largura total………………………………………. 730 mm
Altura total…………………………………………. 1087 mm
Altura do assento………………………………… 753 mm
Altura mĆ­nima do solo………………………….. 130 mm
Peso seco…………………………………………… 99 kg
DistĆ¢ncia entre eixos…………………………… 1261 mm
SuspensĆ£o dianteira……………………………. Garfo telescĆ³pico / 100 mm
SuspensĆ£o traseira……………………………… Dois amortecedores /Ā 86 mm

Separador_motos

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixĆ£o pelo mundo das motos e a larga experiĆŖncia na indĆŗstria e na imprensa. Acredita que a moto Ć© a cura para muitos males da sociedade moderna.