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Motor a combustão interna é sinônimo de sujeira. A cada explosão da gasolina misturada com o ar resulta em um tanto de gases tóxicos e residuos sólidos no ar. Muito tem sido feito para minimizar esse efeito, antes considerado impossível. Hoje, depois de anos de pesquisa pela maioria dos fabricantes o problema está quase resolvido em termos de poluição, mas há resistência.

Isso é Singapura mas no Brasil, algumas grandes cidades caminham para isso

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A gasolina é composta por uma cadeia longa de carbono e hidrogênio. Para os mais familiarizados com a química, ela vai desde C7H16 até C11H24. Para a explosão da gasolina é necessário um tanto de combustível e outro tanto de ar (oxigênio) para que a queima, que nada mais é do que uma reação química, transforme essa mistura totalmente em gás carbônico e água (em forma de vapor).

Catalizador serve para limpar os resíduos da reação química incompleta

Catalizador serve para limpar os resíduos da reação química incompleta. Ele penera os gases fazendo a limpeza, mas representa restrição ao fluxo de saída do escape

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Se a quantidade de oxigênio (no ar) for insuficiente, a queima resultará em uma certa quantidade de monóxido de carbono, causados pela queima incompleta. Óxidos de nitrogênio são causados pela alta pressão e temperatura na câmara de explosão que faz o oxigênio e o nitrogênio do ar se combinarem de várias formas. E finalmente, porque o tempo da explosão é bastante curto nas partes internas do motor, uma certa quantidade de hidrocarbonetos não participam da reação e por isso são expelidos pelos gases do escapamento.

Desde 2009, com o advento do Promot III as motos são equipadas com conversores catalíticos, que nada mais são do que os chamados “catalizadores”. Eles eliminam o monóxido de carbono, os óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos, completando a reação química. Esses compostos misturados com o ar, ao serem atingidos pelos raios solares (ultra violeta) perdem um átomo e se transformam em ozonio (O3) que tem efeito devastador para o efeito estufa na terra. Por isso a importância desse controle.

Motor OHV com acionamento das válvulas com varetas, controle ineficaz dos tempos de abertura e fechamento, as peças flutuam facilmente em velocidade

Motor OHV com acionamento das válvulas com varetas, controle ineficaz dos tempos de abertura e fechamento, as peças flutuam facilmente em velocidade

A tecnologia aplicada aos motores, para redução de emissões provocou muitas mudanças, de 2009 para cá. E agora se deparam com uma nova meta, a do Promot IV. A injeção eletrônica procura injetar sempre a quantidade ideal (14.7 partes de ar para 1 parte de gasolina) para a queima perfeita. O arrefecimento a líquido passa a ser um item quase obrigatório, porque a queima mais perfeita gera mais caloria. Esse calor excessivo pode garar descontrole das explosões; detonação e pré-ignição, de efeitos destrutivos ao motor.
Sensores adicionais verificam as condições da explosão e ajustam os tempos de ignição para mais controle nas detonações.

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Também se tornam quase obrigatórios hoje os sistemas mais eficientes de distribuição, como os duplos comandos de válvulas no cabeçote, muitas vezes com tempos de permanência e ângulo de abertura variáveis. Esses já foram esperimentados nos automóveis mas nas motos ainda não passaram de algumas tentativas.

Motor moderno tem quatro válvulas por cilíndro, arrefecimento a líquido e comando de válvulas no cabeçote (OHC ou DOHC) e sistema de eixo balanceador

Motor moderno tem quatro válvulas por cilíndro, arrefecimento a líquido e comando de válvulas no cabeçote (OHC ou DOHC) e sistema de eixo balanceador

Limitações na questão de emissão sonora também representa mais um desafio aos engenheiros. Ao restringir o fluxo dos gases pela adição do catalizador que “penera” os gases, há uma diminuição da pressão da explosão, aplicada sobre o pistão. A dificuldade de expelir os gases cria esse efeito. Assim também ocorre quando eles precisam diminuir o ruído. Mais restrição ao fluxo, menos potência.

Outro problema é a tradição, sinônimo de resistência às mudanças. As marcas mais tradicionais mantém tecnologia antiga por mera tradição. Porém, quem mais resistir está fadado a sair do mercado porque a qualidade fatalmente cai quando se tenta aplicar tecnologia inadequada em um sistema que demanda por resultados bastante específicos.

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Investimentos em tecnologia hoje, é essencial para os fabricantes de veículos se manterem no mercado. Algumas marcas mais tradicionais utilizam ainda nas motos grandes o arrefecimento a ar, acionamento de válvulas por varetas e outras combinações comprovadamente ineficazes para uma melhor eficiência e portanto maior possibilidade de maior controle nas emissões. Aumentam a cilindrada na tentativa de manter a potência (alguns nem divulgam mais) e passar nos testes de emissões. São motores com excesso de cilindrada e mal alimentados para manter uma proporcionalidade de poluentes aceitável de emissões.

Motor de competição JAP V2, era alta tecnologia nos anos 30

Motor de competição JAP V2, era alta tecnologia nos anos 30

Assumem uma baixa eficiência injetando pouca mistura ar/combustível em um motor grande, para manter baixa a medição nas emissões. Essas medições são em partes por milhão, que pode ser também representadas por um porcentual. Então um motor de grande cilindrada e de baixa eficiência, mal alimentado pode emitir mais poluição em termos absolutos, do que um motor pequeno de alta eficiência.

Isso precisa mudar. É da consciencia do fabricante que depende a qualidade dos seus produtos e do nosso meio ambiente. Se poucos pretendem se aproveitar, como fazem os políticos corruptos, das “brechas” das leis ou nesse caso, das normas anti poluição, essas normas não são eficazes para se obter o resultado esperado. E o bom trabalho feito pelos outros fica desestimulado.