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Entre mais de 180 competidores, apenas oito mulheres disputam posições no Rally dos Sertões 2013. Essas guerreiras se arriscam nas trilhas competindo de igual para igual com os outros pilotos e navegadores. Algumas delas abandonam inclusive os cuidados básicos de beleza, preocupando-se unicamente com a corrida.

Nas motos, apenas duas mulheres marcaram presença na edição de 2013. Uma delas é Marieta Moraes, que pilota uma Yamaha WR 450F, a outra é Moara Sacilotti, umas das primeiras competidoras do sexo feminino na história do Sertões, com participação em quatorze edições, que nesse ano usa uma Kawasaki KLX450.

Moara está em sua 14a participação no Sertões e tentará o mundial - crédito: Ricardo Leizer/Webventure

Moara está em sua 14a participação no Sertões e tentará o mundial - crédito: Ricardo Leizer/Webventure

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Questionada sobre a presença feminina na categoria, Moara afirma que “o Sertões é muito duro, já é difícil para os homens, para as mulheres muito mais. Eu imaginava que esse grid iria aumentar com o passar dos anos, mas continua basicamente a mesma coisa”.

“Esse ano eu treinei muito, me preparei para fazer uma boa prova sem sofrer demais, porque exige muito do preparo físico”, explicou Moara, que se vencer o Sertões, poderá ir para o Egito disputar o título mundial da categoria feminina da Federação Internacional de Motociclismo.

Acima de tudo, Moara Sacilotti tem se mostrado um exemplo do verdadeiro espírito dos praticantes de rali e esbanja perseverança na 21ª edição do Rally dos Sertões. Há três dias sofrendo com dores nas mãos e no pescoço por conta de uma queda, a piloto de motocicleta não desistiu. Pioneira entre as mulheres do Sertões, a paulista de São José dos Campos fazia uma prova redonda quando sofreu forte queda na quinta etapa, precisando ser resgatada pelo helicóptero da organização. “De lá para cá, estou competindo com muitas dores nas duas mãos e um forte torcicolo. Sigo na prova rendendo menos do que posso, já que qualquer pancada compromete ainda mais, mas não vou desistir. Uma das minhas motivações é a chance de vencer na categoria Feminina do Mundial”, explicou Moara. O Sertões é válido como etapa do Campeonato Mundial da modalidade para motos e quadris.

Com relação aos outroscompetidores (homens), ela diz que disputa de igual para igual: “eles não aliviam nas trilhas, mas fora das especiais me tratam super bem, com respeito, mas eles não querem perder para mim e eu quero ganhar deles”.

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No Sertões não tem frescuras na busca por colocações - crédito: José Mário Dias

No Sertões não tem frescuras na busca por colocações - crédito: José Mário Dias

Nos carros, um exemplo emblemático é da piloto Helena Soares, que participa da prova pela sexta vez. Conhecida como musa do rali brasileiro, ela diz que na competição esse título fica de fora e o foco vai apenas para a disputa. “Durante a corrida eu até mesmo esqueço que sou mulher, o único cuidado mesmo é com a hidratação e uso de protetor solar pela manhã”, afirmou. “Acho que aqui inclusive as gentilezas e os cavalheirismos ficam de fora, na hora os homens falam para a gente se virar e ninguém dá espaço. As mulheres que se sujeitam a esse esporte são realmente diferenciadas, e os homens têm noção disso”, concluiu a piloto.

Sua navegadora, Cláudia, que faz provas off-road desde 2001, diz que também só pensa nos cuidados com o carro. “Com a gente mesmo não tem que ter vaidade, não dá tempo. Só uso um óculos cor de rosa para combinar com o macacão”, contou ela.

Minae Miyauti só quer saber da disputa e está sempre a vontade no Sertões - crédito: Marcelo Machado/Webventure

Minae Miyauti só quer saber da disputa e está sempre a vontade no Sertões - crédito: Marcelo Machado/Webventure

Minae Miyauti é outra competidora que respira off-road 100% do tempo, sem pensar em estereótipos de beleza nem mesmo fora do rali. “Tem competidoras conhecidas como musas, eu acho legal,mas eu nem me importo com isso, eu quero saber de corrida”, conta ela, que se diz estar sempre à vontade entre outros competidores.“Não existe homem ou mulher no Sertões, são todos pilotos e navegadores”, afirma ela, que lê a planilha para Glauber Fountoura, no carro de número 318.

Navegadora do carro pilotado pelo marido Régis, Ana Braga avalia que “esse ano foi bem legal, teve uma participação bem maior das mulheres e isso é importante que aconteça”. Contudo, ela ressalta que “aqui realmente não tem preferência de dar passagem por que é mulher, funciona até ao contrário”.

Outra mulher que se destaca é a piloto Helena Deyama, que participa de provas cross-country desde o ano de 1999 e já venceu o campeonato brasileiro da modalidade na categoria super production em 2005.

Fechando a lista de mulheres, temos Doris van Hees, que também navega para o marido, Willem, a bordo de um troller.