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Numa manhã em Minas

Numa manhã em Minas

Ao estar sobre uma motocicleta, dar uma breve olhada em volta dela e acionar a partida, perpetuamos uma simples ação indescritível pra qualquer motociclista.
Seja em cima de uma 125 ou 1600 cilindradas.
Mas isso ainda não é o primeiro passo, o primeiro contágio.
Pra muitos foi aquele passeio que o pai, tio ou amigo lhe abençoou colocando-o na garupa de uma motocicleta.
Depois disso vem os sonhos, muitos sonhos, captados e protagonizados por cada motocicleta que passasse à nossa frente. Onde elas se tornavam puras matérias e conteúdos para os nossos sonhos.
E sonhamos, muito.

Momentos de grande ansiedade na compra da primeira motocicleta, independente de qualquer coisa. Nova, usada, pequena, média, com estilo, sem estilo, a sua idade ou a nossa idade.
Na primeira volta com ela, parecemos mais uma criança que acabou de desembrulhar o seu velocípede, colocando-o a rodar, sem parar.
Alguns desejam dormir ao lado dela, como fazem as crianças com seus velocípedes.
Nossa, a vida parece outra, conquistamos uma grande confiança sem importar que motocicleta seja, de poder chegar aonde quisermos. E é verdade, podemos.

A evolução é natural em todo universo, e assim também acontece conosco e do jeito que cada um decide viver a sua vida com a motocicleta.
Não existe uma verdade absoluta nesta relação, com alguns e em determinada fase da vida, eles se tornam trilheiros (off-roaders), depois “speed riders” (vulgo Jaspion) e no final estradeiros (cruisers). Outros compartilham ao mesmo tempo os ser trilheiros e “speed riders”, ou estes e estradeiros.
Fora toda a piadinha, gozação e pseudomenosprezo entre estes diversos grupos, a paixão pela aventura e motocicleta é uníssona.
Lógico que não é admissível em qualquer destes grupos, aquelas demonstrações que remetem o seu protagonista a um diagnóstico de insanidade mental, quando alguns passam a acelerar a sua motocicleta pra se impor e aparecer. Estes caras devem ter um grave problema de auto-estima ou impotência sexual, só pode ser. Isso não é ser motociclista, é ser egoísta e muito mal educado.
Aliás, é bom lembrar que pra produzir muita adrenalina não precisamos de forma alguma infringir as leis, nos colocando, e a inocentes também, em total e não controlável risco.

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Admitimos somente todas as nossas esquisitices, muito em função dos grupos, mas que convivem entre si na maior tranqüilidade, embora em extremos opostos, com alto grau de status do pessoal do off-road da motocicleta decorada por pura lama e do pessoal da custom limpíssima e dos cromados nos ofuscando num breve cegar.
Ou com todo o colorido das motocicletas e indumentárias dos “speed riders” e do tom neutro e sóbrio das mesmas nos “adventurers” e big trails.
Mundos paralelos num universo em duas rodas.

Com o passar do tempo e sobre muitos quilômetros de estradas, vem a maturidade, que acreditem, é a plenitude do gozo de ser um verdadeiro motociclista.
Pois toda a jovial volúpia de estar sobre uma motocicleta e desmedida necessidade de estar sempre à frente na estrada, no cronômetro, na potência, na cilindrada e no último modelo, dá lugar a um natural equilíbrio de todas estas necessidades, e de compartilhar os prazeres da vida no motociclismo com nossos assemelhados, independente de brasão, bandeiras, região, idioma, etnia, credo, cultura, sotaque, classe social e outra característica e opção que não seja a de ser um verdadeiro motociclista.
Dá em nós a oportunidade de cultivar um valor maior no que fazemos com a motocicleta e menor por ela própria.
Entendemos que existe um cada viver a seu tempo e resposta, que independente de qual seja, pode ser vivido na sua plenitude até o próximo passo.
Aproveitemo-os de forma que possamos vivê-los saudavelmente, e com oportunidade de curtir todo o este tempo de maturidade.
Vamos lá, aproveite seu tempo de viver com a motocicleta.