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Não sei se isso é fruto de um ano eleitoral ou se realmente há uma crescente preocupação em aproximar políticos de todas as esferas (municipal, estadual e federal) de lideranças dos motociclistas. O fato é que nos últimos meses surgiram algumas iniciativas nesse sentido para defesa de motociclistas e motocicletas. As razões para isso não interessam muito. O que realmente interessa é saber se será realmente possível transformar estas iniciativas em ações reais que saiam do papel e de fato tragam benefícios aos motociclistas.

1º Parlamoto: ênfase na moto como solução aos problemas de transporte nas grandes cidades

1º Parlamoto: ênfase na moto como solução aos problemas de transporte nas grandes cidades

Primeira iniciativa ocorrida em dezembro do ano passado tem alcance federal

Primeira iniciativa ocorrida em dezembro do ano passado tem alcance federal

A primeira aconteceu em dezembro de 2015 na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), e lançou a Frente Parlamentar em Defesa do Motociclista. Por iniciativa do deputado federal Ronaldo Fonseca (PROS/DF), esta Frente Parlamentar contou com apoio das Federações de Motociclismo de vários estados do Brasil e da CBM – Confederação Brasileira de Motociclismo. Segundo seus idealizadores, “a ideia é atuar no motociclismo como um todo, desde a relação do motociclista com o trânsito à prática esportiva, ressaltou o presidente da CBM, Firmo Alves, que na época apoiou a iniciativa do deputado.

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A segunda iniciativa foi no âmbito da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) e lançou no dia 31/5 a Frente Parlamentar de Veículos sobre Duas Rodas. Desta vez quem teve a ideia foi o deputado estadual Jorge Wilson (PRB), do mesmo partido do candidato a Prefeitura de São Paulo, Deputado Federal Celso Russomanno. O objetivo desta Frente Parlamentar é apressar a aprovação de medidas de atenção e prevenção contra a violência no trânsito e políticas públicas mais eficientes para o tema. “As motocicletas resolvem alguns problemas crônicos de transporte nas grandes cidades e por isso precisam de mais atenção”, falou o deputado Jorge Wilson na ocasião do lançamento da Frente Parlamentar.

 

Agora foi a vez do deputado estadual Coronel Telhada (PSDB), que realizou o 1º Parlamoto no último sábado (27/8) em São Paulo (SP), evento que reuniu motociclistas e vários Motoclubes para um passeio que terminou no páteo da Assembléia Legislativa de São Paulo, com apresentação musical e uma grande praça de alimentação com vários food trucks. O objetivo do evento foi estabelecer a Frente Parlamentar em Defesa dos Motociclistas para discutir políticas públicas voltadas ao motociclismo. “Queremos que esta Frente Parlamentar seja o fórum de debates para as políticas públicas voltadas à proteção dos usuários de motocicletas”, explica o deputado Telhada. Segundo os organizadores, esta iniciativa conta com o apoio do Sindicato dos Motoboys, Abraciclo e Abtrans.

Como pano de fundo de todas estas iniciativas estão os assustadores números de acidentes de trânsito com vítimas fatais ou não e que envolve motocicletas. Entre estes números, costuma ser mencionada uma preocupação com o grande número de vítimas jovens e que permanecem em tratamento por muito tempo, gerando “altos gastos” para o Sistema Único de Saúde (SUS). Com discurso parecido está o presidente da Anfamoto (Associação Nacional dos Fabricantes e Atacadistas de Motopeças), Orlando Leone, que destaca que essa aproximação com os políticos traz respeito ao setor e permite esclarecer questões importantes que tocam as motocicletas e tudo o que gira em torno dela, como os setores de produção e importação de peças, acessórios e equipamentos de segurança.

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Rodrigo Ferreira da Silva (sindimoto), deputado estadual Jorge Wilson e Orlando Leone (Anfamoto) no lançamento da Frente Parlamentar de Veículos sobre Duas Rodas na ALESP: foco na indústria (foto de José Antonio Teixeira)

Rodrigo Ferreira da Silva (Sindimoto), deputado estadual Jorge Wilson e Orlando Leone (Anfamoto) no lançamento da Frente Parlamentar de Veículos sobre Duas Rodas na ALESP: foco na indústria (foto de José Antonio Teixeira)

Como aqui no Motonline acompanhamos e divulgamos estas iniciativas, decidimos apresentar uma compilação de afirmações e propostas feitas por políticos e representantes de instituições e organismos ligados ao setor na ocasião das três iniciativas parlamentares. Como são todas voltadas à proteção e defesa dos motociclistas e das motocicletas, achamos por bem montar uma pauta única de assuntos a serem discutidos e levados adiante por estas Frentes Parlamentares, até para facilitar a você a cobrança pelas soluções. Aliás, se você tem alguma sugestão que não está aqui nesta lista, por favor, envie-nos para que ela entre na pauta de discussão:

  • A motocicleta precisa ser reconhecida como modal de transporte;
  • As moto-faixas precisam ser reconsideradas como solução para reduzir os acidentes e as vítimas;
  • É preciso estimular a manutenção das motocicletas e o uso de todos os equipamentos de segurança do motociclista;
  • Repassar um porcentual das multas para Federações de Motociclismo para um programa de formação de condutores;
  • Montar um programa junto aos fabricantes (Montadoras) para reinvestimentos no esporte;
  • Criar campanhas permanentes de prevenção de acidentes de trânsito;
  • Diminuição dos valores dos pedágios para Motos;
  • Redução dos valores cobrados nos estacionamentos;
  • Aumento de vagas públicas e privadas nos estacionamentos para motos;
  • Simplificação no processo de importação de motos de competição (carga de impostos);
  • Fiscalização dos Detrans na aplicação dos recursos arrecadados com multas;
  • Atenção específica aos motociclistas nas estradas em função das características próprias do veículo e seu condutor;
  • Novos projetos de rodovias, ruas, avenidas e autódromos devem ser homologados por entidade ligada à motocicletas;
  • Campanha permanente de educação de motoristas, ciclistas e pedestres sobre a participação dos motociclistas no trânsito;
  • Redução da tributação incidente sobre os EPI’s de motociclistas: capacetes, luvas, botas, protetor de coluna e roupas adequadas;
  • Campanha permanente para a sociedade enfatizando que motociclista não é bandido, mas um ser humano que trabalha e que se locomove pela cidade com um veículo menor e mais inteligente.
Uma grande movimentação de motociclistas e grupos militares que utilizam motocicletas percorreu as ruas de São Paulo para alertar para o movimento

Uma grande movimentação de motociclistas e grupos militares que utilizam motocicletas percorreu as ruas de São Paulo para alertar para o movimento

Humildemente, sugerimos que a matéria “educação para o trânsito” seja inserida no currículo escolar a partir da pré-escola (crianças a partir de 3 anos de idade), com o devido estímulo ao uso da bicicleta como meio de transporte para deslocamento de casa para a escola. Como sempre ensinou mestre Ryo Harada, fundador do MOTONLINE, entendemos que o ciclista certamente é um motociclista (e motorista) melhor preparado para o trânsito e por isso o uso da bicicleta deve ser incentivado como meio de transporte individual desde a infância e o tema “trânsito” deve ser matéria escolar.

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“Em todos os países que tive a oportunidade de visitar profissionalmente, pude notar com clareza que naqueles onde se respeita a bicicleta, o trânsito é naturalmente mais harmonioso e todos os meios fluem naturalmente”, define Harada do alto de seus mais de 40 anos de atuação profissional nos setores de bicicletas e motocicletas.

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Reportagem e fotos do 1º Parlamoto de Alexandre Patriarca, moderador do Fórum Motonline

 

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.