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Ela conta para a amiga e um dia, a vizinha chama o menino para trocar uma torneira que está vazando. Depois, aquele senhor da casa em frente pede para consertar um abajur, mais tarde um amigo leva o CD Player para ele ver porque não toca, e assim o menino vai seguindo até o dia em que resolve cobrar para fazer um ou outro trabalho, em vez de esperar uma gorjeta.

O tempo passa e ele começa a computar seus feitos: conserta máquinas, bicicletas, automóvel, equipamentos eletrônicos, mas o que gosta mesmo é de consertar motos. Assim também não precisa só ir à escola, certo?

Decide então ir trabalhar como ajudante numa oficina de motos e começa a “fazer clientela”, isto é, pessoas que preferem que ele mexa em suas motos. Apesar de ficar satisfeito com os reconhecimentos dos clientes, acha o patrão muito chato, mandão, e não entende nada de motos.

Dia a dia ele começa a se interessar, ler manuais, ler revistas de motos, buscar mais informações sobre mecânica, conversar com amigos e um dia, após brigar com seu patrão, pede a conta e vai embora.

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O que fazer agora? Sem emprego e sem dinheiro!

Ah, mas tem aquele cliente que afirmou que, se um dia ele quisesse ter sua oficina, ajudaria emprestando alguma grana! “Vamos ver se era só papo” pensa o rapaz.

O cliente confirmou o papo, emprestou a grana e ele abriu sua oficina. Vai se chamar…. bem, qual é o nome? Lembrou de um amigo muito criativo e foi lá se consultar. O amigo deu sugestões: Blum, Zupeta, Plact!, Motos Que Beleza!, CaMoG – Casa de Motos Grandes, MoMa – Motociclista Maluco, e assim foi. No final, ele escolheu seu sobrenome mesmo e ficou: Nunes – Conserto de Motos.

O passo seguinte foi alugar uma garagem, comprar ferramentas, arrumar um contador, imprimir uns cartões, convenceu outro garoto a ser seu “assistente” e ficaram sentado na porta, esperando virem os clientes.

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O tempo continuou passando, os clientes iam e vinham, alguns não pagavam, outros demoravam demais para pagar, as contas não esperam e vem aos borbotões, trocou várias vezes de assistentes, mas a oficina foi “pegando”. Lentamente, foi crescendo, trabalhando dia e noite, finais de semana, feriados, e seguiu assim até ser obrigado a mudar para um espaço maior.

O grande talento era o seu, apesar dos assistentes. Era simpático, demonstrava interesse, isso atraia mais clientes e o boca a boca sempre ajuda na divulgação. Ele mesmo não fazia nenhuma propaganda da oficina.

Ah, sobrou um espaço na loja nova e um cliente quer deixar a moto para vender! Bem, então vamos pegar outras em consignação e ampliar também a parte de vendas.

Nem tudo são flores num negócio: um paga outro não, uma moto é fácil de mexer ou vender, a outra é difícil, mas ele foi ganhando algum dinheirinho e sempre pensava: o que está faltando? Será que a vida será sempre assim, difícil? Ainda mais agora que tinha uma namorada fixa e estava pensando em se casar.

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Em conversa com um cliente que foi buscar sua moto, veio a sugestão: por que não vai procurar um curso no SEBRAE ou em alguma escola? Assim você poderia ter um pouco mais de informação sobre o mercado de motos, mas, principalmente, como administrar seu negócio.

Estudar? Eu? Nem pensar!!!! Bem, à noite contou para a noiva (sim, tinha ficado noivo) e ela deu a maior força (ele parou de estudar na oitava série), estimulando-o a fazer algo que seria importante para entender mais como administrar o negócio.

O tempo continuou a passar, ele fez o tal curso, arrumou mais amigos, se casou, teve um filho, a responsabilidade era enorme em casa, na loja e na oficina. Agora tinha um comércio legal, pagava impostos, tinha conta em bancos, transações financeiras, estava crescendo.

Um dia, com uma reserva no caixa, decidiu abrir outra loja. Fez todo trajeto de novo (alugou, montou, decorou, ferramentas, mecânicos, etc) e um pouco mais tarde abriu outra, e mais outra, mais outra, até que acabou por formar o Grupo Nunes, comporto de 8 lojas, duas grandes oficinas e outros negócios paralelos em sociedade com terceiros.

Bem, essa história é fictícia, certo? No entanto, é quase um espelho da vida de muitos empreendedores que hoje fazem sucesso no mercado de motos e tantos outros.

Avaliando-se por fora, muita coisa foi errada, ele poderia ter chegado mais cedo ao sucesso se conhecesse mais sobre negócios, mas sei que falar é fácil, fazer é difícil.

Por exemplo: um nome de empresa deve ser relevante, evitando-se o lugar-comum, mas sem exagerar no incomum. Enquanto é a consistência que dá importância à empresa, tentar ser diferente pode azucrinar mais tarde. Batize a empresa com o nome de “Vilson’s”, e passará a vida explicando: “é com V”. Uma marca é o maior bem intangível de uma empresa.

Além disso, logo no inicio é que ele deveria ter ido buscar ajuda, para saber sobre administração, finanças, estoque, marketing, relacionamento com clientes e tantas outras coisas mais. Não se pode demorar tanto, principalmente hoje em dia, com a globalização. O mercado não aceita desaforo, não aceita lentidão.

Talvez nos tempos atuais, não seja mais tão fácil a sobrevivência da empresa se o dono não tiver um conhecimento sólido de mercado, administração, negócios, marketing, etc. Com a informatização, tudo está andando muito mais rápido, parece que os relógios enlouqueceram, os dias passam rapidamente, os acontecimentos surgem a cada segundo e uma empresa não pode ficar à mercê de contratempos. Deve ter planejamento e estar sempre preparada para enfrentar o que vem pela frente.

E para enfrentar o desconhecido, nada melhor do que um bom estudo de mercado, um bom conhecimento de administração de empresas, um bom caixa resguardado para eventualidade.

Lembre-se: o empreendedorismo é altamente válido, porém no Brasil, parece que o governo tenta desestimular as iniciativas e você deve estar preparado para enfrentar com garra as dificuldades e sobreviver nesse mercado cruel.

Se estiver pensando em abrir seu negócio, boa sorte!