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Foto: João Tadeu Boccoli

Foto: João Tadeu Boccoli

Tenho 57 anos de idade, ando de motocicleta desde os 22 anos, trabalhei na Honda, nas Bicicletas Monark, fiz trail e tomei alguns tombos (principalmente no trail); na década de 80 montei a segunda empresa de motoboys do Brasil em Campinas, interior do estado de São Paulo, primeiramente com o nome de Andra Express e posteriormente MotoContínuo. A primeira era de São Paulo chamava-se São Paulo Express, e era de propriedade de um argentino,

Naquela ocasião tinha consciência de que estávamos abrindo um novo mercado de trabalho, mas, jamais imaginava o vulto que isso tomaria.

Por 12 anos tive a empresa onde comecei com quatro CGs e cheguei a ter quarenta, todas próprias; com funcionários uniformizados, registrados, com plano de saúde e até assistência odontológica.

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Com o passar dos anos outras empresas, com outro formato, apareceram com ‘free-lance’ e sem motos próprias… por fim me desbancaram, pois eu não tinha preço.

Na trajetória da MotoContínuo tive somente uma ação trabalhista (que perdi), vários acidentes com danos materiais e somente uma fratura exposta em uma das pernas do mensageiro.

Desde minha estada na Honda me preocupei com a questão de segurança, tanto que acompanhei de perto a formação dos primeiros instrutores de pilotagem com segurança da Honda. De lá para cá, participei de fóruns, debates, palestras, seminários e cursos sobre o tema e é aqui que queria chegar.

Foto: João Tadeu Boccoli

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A gravidade do assunto vem ano a ano sempre em um crescente e muito pouco (ou nada) é feito de concreto. Claro que hoje já existem trabalhos sérios e excelentes sobre o tema, dos quais posso citar o centro de pilotagem com segurança da Honda em Indaiatuba ou mesmo o trabalho ‘Recomendações técnicas para prevenção de acidentes no setor de moto frete’ apresentado pela Fundacentro, que não sei o porquê não é adotado em suas pertinentes recomendações.

No dia 25 de novembro, participei de mais um fórum de debates promovido pela ABRACICLO na POLI-USP e de lá sai assustado com a inércia, descaso e até afronta com que o tema é tratado pelas autoridades de transito da cidade e do país. Salvo a raríssima exceção da ABRAMET, representada pelo Dr. Dirceu Rua Alves, diretor do Depto. De Tráfego Ocupacional da entidade que demonstrou a gravidade e preocupação que aflige os profissionais de saúde pelos números descabidos de óbitos e seqüelas que os acidentes vem produzindo.

Já passou da hora das autoridades promoverem um grande debate buscando soluções imediatas sobre o tema que ceifa no mínimo umas três vidas por dia, só na grande São Paulo, de uma rapaziada dos 19 aos 24 anos.

Nesse debate é imprescindível a participação dos ministérios do transporte, da saúde, do trabalho, da justiça, ministério público, Detrans, etc., além dos fabricantes e associações de classe, para com uma ação coordenada, enfrentar o assunto com propriedade.

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É bom lembrar que mortes no trânsito somadas com os homicídios chegam a números de dar inveja a qualquer guerra, com a diferença que nas guerras existem tréguas, aqui não.