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No último final de semana, 18 e 19/5, a cidade de Penha, em Santa Catarina, recebeu a Edição 2013 do Honda GP Brasil de Motocross, que valeu também como sétima etapa do Mundial de Motocross MX1 e MX2, evento bem recebido tanto pelo município-sede do evento no Beto Carrero World como pelas vizinhas Camboriú, Balneário Camboriú, Itajaí e Navegantes, pois movimentou fortemente a economia local. Atendendo ao convite feito pela Honda, fui designado para representar o Portal Motonline no evento.

Estrutura do Honda GP Brasil de Motocross - foto de divulgação VipComm

Estrutura do Honda GP Brasil de Motocross - foto de divulgação VipComm

A primeira visão da estrutura montada dentro do Beto Carrero Word, local da competição, foi de impressionar pela enormidade do complexo. À medida que a van se aproximava, a imagem que víamos era de deixar orgulhoso qualquer brasileiro que, como eu, torce para a evolução dos esportes a motor em duas rodas no nosso país: vários portões de acesso, área totalmente cercada, amplo estacionamento, sinalização que não deixava dúvidas aos visitantes e grande número de pessoas controlando e orientando o acesso, coisas não muito comuns em eventos nacionais dessa natureza, quando normalmente o público é tratado com relativo descaso. Neste não, percebia-se que o público seria tratado com o respeito que merece enquanto consumidor.

Os irmãos Ike e Guto Klaumann (ambos de boné da Honda), anônimos em uma das arquibancadas

Os irmãos Ike e Guto Klaumann (ambos de boné da Honda), anônimos em uma das arquibancadas

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Ao adentrar o complexo e ter contato com a área do padock, onde ficam os boxes, pontos de alimentação, inúmeros stands dos mais variados produtos voltados ao mundo das duas rodas, desde motos inteiras até simples souvenires, tivemos a certeza que aquele seria um evento para fazer história, o que pude comprovar nos dois dias da competição.

 

Cairoli caminhando tranquilamente em área aberta ao público

Cairoli caminhando tranquilamente em área aberta ao público

O primeiro contato com a pista foi o melhor possível: primeiro o traçado que apesar de curto foi muito bem desenhado, depois o contraste de cores que mostravam claramente onde era pista, demarcada com piquetes brancos, onde era trilha para as motos, quadricíclos e equipe de apoio/sinalização, e onde era área de escape.

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As arquibancadas, construídas com ferragens bem dimensionadas passavam a sensação de muita segurança, todas instaladas em pontos estratégicos que privilegiavam a visão do público, com acesso fácil e bem sinalizadas, além de grande número de cabines sanitárias; cada pessoa recebia uma camiseta de cores diferenciadas (cada arquibancada tinha uma cor) e uma pulseira que identificava qual seria a arquibancada ou camarote, bastava apenas seguir a abundante sinalização para se chegar ao local certo.

A proximidade com os pilotos nos boxes; foto com Balbi Júnior e sua Kawasaki #903

A proximidade com os pilotos nos boxes; foto com Balbi Júnior e sua Kawasaki

O público que comprou ingressos com direitos de acesso à área de boxes pôde chegar pertinho das motos e equipes, podendo até conversar com pilotos que fariam o espetáculo acontecer, deuses do esporte que circulavam normalmente entre mortais comuns, tudo sem incidentes.

Conversando  com os policiais da delegacia móvel, eles disseram que foram poucos os atendimentos, todos sem relevância, o mesmo acontecendo com a equipe de bombeiros, paramédicos e ambulâncias espalhadas pelo complexo. Foi, sem dúvida, o evento mais bem organizado em que já participei.

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Muitas crianças podiam ser vistas acompanhadas pelos pais

Muitas crianças podiam ser vistas acompanhadas pelos pais

Essa característica de tranquilidade talvez seja a explicação para o grande número de famílias  que foram assistir ao grande espetáculo acompanhadas por seus filhos pequenos.

Muitas garotas lindas também podiam ser vistas tanto nos stands promocionais como nas arquibancadas, afinal o Estado de Santa Catarina é um grande celeiro das musas, que vemos nos programas de televisão e nas propagandas, talvez devido à população de descendência nórdica/européia que se radicou naquele estado.

Para todo canto que se olhava via-se representantes  da FIM – Federação Internacional de Motociclismo, CBM – Confederação Brasileira de Motociclismo, FCM – Federação Catarinense de Motociclismo, Youthstream, dona mundial da competição, Romagnolli Produções e Eventos, responsável brasileira pela parte operacional, Honda Racing, patrocinadora, e da VipComm, encarregada da divulgação e relacionamento com a imprensa, todos trabalhando de forma uníssona para que nada saísse fora do planejado, e o esforço foi recompensado pois nenhum imprevisto foi registrado, ou pude perceber.

As lindas garotas catarinenses

As lindas garotas catarinenses

Chega a hora dos primeiros treinos classificatórios, no sábado (18). Olhando-se para as arquibancadas estas estão lotadas, até parecendo dia das corridas. O público vibra com euforia e entusiasmo, deixando-me arrepiado com tal manifestação.

A cada passagem do Cairoli ou do Herlings a galera levantava, acenava e gritava, iam ao delírio, como se aqueles deuses do motocross fossem brasileiros. Não imaginava que existiam no Brasil tantos entusiastas e conhecedores do motocross internacional como pude presenciar. Até faixas com os nomes dos principais pilotos eram vistas nas arquibancadas, carregadas por adultos e até crianças com idades entre 10 a 14 anos, calculo.

O dia D – Choveu na noite de sábado para domingo (19), o que me desanimou um pouco pois veio a lembrança do ano anterior quando a pista se transformou em um lamaçal por conta de quase uma semana de chuvas antes da corrida. Mas desta vez São Pedro foi camarada, não mandou o sol, mas também não mandou chuva. Apesar do tempo nublado, estava quente e a pista secou o suficiente para não estragar a festa e o warm-up foi realizado sem problemas.

Campeões de motocross do passado foram homenageados na corrida dos campeões - foto de divulgação VipComm

Campeões de motocross do passado foram homenageados na corrida dos campeões - foto de divulgação VipComm

Às 10h30, um acontecimento carregado de emoção, que cativou o público, provocando muita euforia. Entraram na pista os nossos antigos heróis do motocross. A organizadora do evento promoveu duas voltas no que batizou de Corrida dos Campeões, onde pilotos da velha guarda como  Nuno Narezzi, Rafael Ramos, Jorge Negretti, Eduardo Saçaki, Elton Becker, Milton “Chumbinho” Becker, Cristiano Lopes, Wellington Valadares, Álvaro Candido Filho “Paraguaio”, Roberto Boettcher, Cássio GarciaRoque Colmann vestiram seus “trajes de guerra” e entraram na pista com suas motos, para o delírio do público que respondeu da forma como eles merecem, mostrando o reconhecimento que tem por esse time que fez muito pelo nosso motocross.

Foi um momento tão espetacular que ouso até dizer que o nosso saudoso e querido Nivanor Bernardi também participou de alguma forma, só que lá das pistas celestiais onde compete atualmente. Confesso que não resisti e foi muito difícil suportar o “nó” na garganta e conter algumas lágrimas de emoção que teimavam em escorrer pela minha face. Ver aquele time que continha tantos dos meus ídolos do passado reunidos foi muito para segurar.

O público ocupou todos os lugares das confortáveis arquibancadas

O público ocupou todos os lugares das confortáveis arquibancadas

Jornalistas e fotógrafos de várias procedências fizeram a cobertura da competição

Jornalistas e fotógrafos de várias procedências fizeram a cobertura da competição

Pontualmente às 12h10 a competição começou, com a primeira bateria da MX2. Jeffrey Herlings venceu mais uma vez, assegurando 100% de aproveitamento até então. Em 7 etapas do mundial, foi a 13ª bateria consecutiva vencida por ele, levando o público à loucura com sua corrida de recuperação, já que largou no pelotão do meio. Na sequência, a primeira bateria da MX1 terminou com Antonio Cairoli na ponta, depois de largar atrás e tendo que andar muito para chegar em primeiro. A energia que os competidores transmitiam para o público era uma coisa inacreditável. A galera, que no domingo realmente lotou as arquibancadas – estima-se algo em torno de 19.000 pessoas prestigiaram o evento, preenchendo todos os espaços destinados ao público – devolvia a energia para a pista, incentivando os pilotos a acelerar cada vez mais e a realizar manobras impossíveis em cada um dos numerosos saltos espalhados pelo circuito. Impossível, estando lá, ficar insensível à energia que contagiava a todos, até mesmo a equipe de apoio não ficava indiferente às manifestações de adoração pelo esporte e seus pilotos.

Concentração do público na área de padock no intervalo entre as corridas; todos queriam ver seus ídolos de pertinho

Concentração do público na área de padock no intervalo entre as corridas; todos queriam ver seus ídolos de pertinho

Motos especiais; uma suspensão dianteira pode custar até R$ 150 mil

Motos especiais; uma suspensão dianteira pode custar até R$ 150 mil

A última prova do dia, a Super Final, reuniu 48 competidores da MX1 e MX2, classificados nas baterias anteriores, e foi um espetáculo ver tanta moto junta disputando o holeshot (primeira curva). O barulho para quem estava próximo à largada era ensurdecedor, fazendo o corpo tremer e o coração bater mais forte.

Apesar do grande número de motos, nenhum acidente aconteceu e quase todos conseguiram completar a primeira volta. Desta vez Herlings não conseguiu sustentar sua hegemonia e ficou com a segunda colocação da bateria, logo atrás do espanhol José Butron. Entretanto, na soma das baterias Herlings ficou com a primeira colocação da 7ª etapa do mundial.

Cada equipe tinha seu box de pista individual com um monitor que informava instantaneamente a posição dos seus pilotos na pista

Cada equipe tinha seu box de pista individual com um monitor que informava instantaneamente a posição dos seus pilotos na pista

Pena!! Acabou!! Esse foi o sentimento quando chegou a hora de ir embora. Ficou aquele gostinho de “quero mais”. Mas um ano passa rápido e novamente, em 2014, a cidade de Penha deverá mais uma vez receber essa grandiosa festa do motocross nacional e internacional.

Você que não pôde ir, programe-se para o ano que vem. Asseguro-lhe que todo esforço será recompensado pois o espetáculo vale a pena, não só pela sua importância mundial, mas também pelas fortes emoções que ele proporciona. E ressalto ainda a oportunidade de conhecer e desfrutar do maravilhoso litoral catarinense, sempre convidativo e hospitaleiro.

Mário Sérgio Figueredo
Motociclista apaixonado por motos há 42 anos, começou a escrever sobre motos como hobby em um blog para tentar transmitir à nova geração a experiência acumulada durante esses tantos anos. Sua primeira moto foi a primeira fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.