Enquanto nÆo realizarem per¡cia t‚cnica no local dos acidentes envolvendo motos, n¢s nunca saberemos o que provoca estes acidentes. E tudo que for dito ser senso comum. Quando um motociclista se acidenta ‚ preciso periciar o local, a moto, o hist¢rico da v¡tima e o outro ve¡culo envolvido em busca de respostas simples como: o estado de conserva‡Æo da moto, tempo de habilita‡Æo do motociclista, para quem ele est trabalhando, qual a carga hor ria, se o local era iluminado, se havia faixa reflexiva no local da frenagem, e muitos outros dados. Sem este levantamento torna-se imposs¡vel fazer qualquer a‡Æo eficiente para reduzir o n£mero de acidentes e corre-se o risco de partir para o preconceito.
Vou usar um exemplo de como o preconceito ‚ perigoso. Segundo o historiador e estudioso do assunto, Marcelo Freixo, mais de 50% da popula‡Æo carcer ria no Brasil ‚ formada por negros e mulatos. Na conclusÆo de uma an lise pelo senso comum, poder¡amos acreditar que os afro-descendentes sÆo predispostos ao crime. O que sabemos – eu e vocˆ – nÆo reflete a verdade. N¢s sabemos o motivo de a popula‡Æo carcer ria ser majoritariamente formada por negros e mulatos porque somos formados na rea de humanas e fizemos nossas li‡äes de casa.
O que o jornalismo da CBN est propagando quase diariamente ‚ tÆo preconceituoso quanto o exemplo da popula‡Æo carcer ria. NÆo estÆo ouvindo especialistas em ciˆncias s¢cio-pol¡tica capazes de identificar a raiz da irresponsabilidade dos motoboys de SÆo Paulo. A CBN est simplesmente divulgado que a MOTO ‚ um ve¡culo perigoso e, nÆo duvido, chegar o dia em que ir sugerir a pura e simples proibi‡Æo do uso de motos em SÆo Paulo.
J fui entrevistado pelo Milton Jung, pela TV Cultura e Folha de SÆo Paulo, mas nunca tive a chance de confrontar os t‚cnicos de trƒnsito ao vivo. NÆo adianta ouvir burocratas da secretaria de transportes, do CET ou do Denatran, porque a maioria nÆo sabe nem sequer como funciona uma moto, sÆo contaminados por uma excessiva carga de preconceito e pensam com cabe‡a de t‚cnicos.
Nem precisamos perder tempo em busca de UMA solu‡Æo, como uma panac‚ia milagrosa, porque nÆo existe esta UMA solu‡Æo. preciso um conjunto de medidas, que come‡a na pesquisa para identificar quem sÆo estas v¡timas e, em seguida, elaborar um projeto exeq¡vel e realista para reduzir estes acidentes. As motos surgiram no mundo antes dos carros. Em SÆo Paulo j existia motoboys desde 1974. Mas parece que s¢ agora perceberam que eles existem. Porque as administra‡äes anteriores nÆo olharam para este lado? Essa pergunta poderia ser feita aos £ltimos 4 prefeitos da cidade.
E para sua informa‡Æo, Her¢doto, a SMT j exige que os moto-fretes tenham o n£mero da placa estampada no ba£ em formato maior e muito mais leg¡vel. Calcula-se que 250.000 motoboys circulem em SP, mas apenas 6.000 sÆo cadastrados na Prefeitura. Isso j ‚ um come‡o.
Geraldo Simäes